Déraciné, Análise Déraciné, Deracine, From Software, PS VR, Delfos

Já faz uns bons anos que eu tenho vontade de ver os consideráveis talentos da From Software aplicados a algo que não seja literal ou praticamente uma iteração de Dark Souls. Pois a hora chegou. Esta é nossa análise Déraciné.

ANÁLISE DÉRACINÉ

Antes de mais nada, você sabe o que significa Déraciné? Pois DELFOS ao resgate! Déraciné é um sujeito ou grupo que não se sente parte do seu ambiente. Basicamente, é a definição de ser nerd na escola.

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Imagem meramente ilustrativa da escola em que estudei.

Porém, não espere que Déraciné, o jogo, seja algo semelhante a um filme do Kevin Smith. Nada disso. Aqui você controla uma fada que resolve se mancomunar com as crianças de um orfanato. Esta aliança começa com traquinagens e confusões, mas logo se desenvolve uma amizade real, uma simbiose da qual todas as partes se beneficiam.

GAMEPLAY PRECISO

From Software se destacou pelo ótimo gameplay de seus jogos, e aqui isso não é diferente. A escala de Déraciné é bem menor do que a de um Dark Souls, mas eu diria que poucas vezes vi uma jogabilidade tão boa que se utilizasse de dois controles Move.

Sabe aquelas coisas que se tornam pentelhas pela falta de precisão dos controles, como fazer o movimento de abrir portas? Pois aqui não há nada assim. Para abrir ou pegar algo, basta apontar e clicar.

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Não se esqueça de fazer carinho no cachorro. Bom menino!

A movimentação, que segue o tradicional teleporte dos jogos em VR também é excelente, com uma animação que dá a sensação de movimento sem causar enjoo. Normalmente eu já fico meio de cara quando vejo que um jogo exige dois Moves para jogar, mas neste caso, isso não gera nenhum inconveniente.

ALGUÉM FALOU EM APONTAR E CLICAR?

Pois é, Déraciné é, em seu âmago, um adventure point and click. O jogo envolve explorar o orfanato, ver o que os personagens têm a dizer, pegar tudo que der, e descobrir onde usar.

O orfanato é grande, mas um grande realista. Nada daquelas casas praticamente infinitas que vemos em jogos como Resident Evil.

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O jogo é dividido em capítulos, e em cada um deles, algumas das portas do orfanato estão abertas e outras fechadas, limitando para onde você pode ir a salas e áreas ao ar livre específicas. A coisa nunca é aberta demais, mas sempre dá para explorar bastante. O que cansa um pouco é que, depois de alguns capítulos, você se verá andando sempre pelos mesmos corredores. Acaba ficando um pouco repetitivo, até porque Déraciné é relativamente longo, considerando que é um título exclusivo de VR.

Suas andanças também costumam ser limitadas pela presença de um gato, que fica convenientemente parado no meio de corredores que o jogo não deseja que você explore. Fadas têm medo de gato, não sabia? Aliás, quem não tem?

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Gato! Ah!

UM JOGO DA FROM SOFTWARE

Déraciné, à primeira vista, não tem nada a ver com Dark Souls. O gênero, afinal, é totalmente diferente. Porém, é possível ver muito do capricho característico da desenvolvedora japonesa. Embora o cenário seja um tanto limitado, já que se passa sempre no orfanato, ele é simplesmente lindo e cheio de detalhes, além de ter um layout que faz todo o sentido.

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A capela poderia estar em Bloodborne se fosse consideravelmente mais assustadora.

As atuações também lembram muito as que vemos em Dark Souls. Porém, uma coisa curiosa é que o jogo de ação segue o gênero fantasia de terror, enquanto Déraciné é, literalmente, um conto de fadas. Isso faz com que as atuações doces que estão em ambos sejam semelhantes mas tenham efeitos bem diferentes. Em Dark Souls, encontrar um personagem amigável no meio daquele mundo tão opressivo é um alívio. Aqui, todo mundo é bonzinho.

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A não ser que você tenha idade mental de 12 anos e faça screenshots assim. Hehe, Testikles!

O que é mais marcante em Déraciné é quão caprichado tudo é. Verdade, os seres humanos parecem feitos de porcelana, mas o cenário, a música e a jogabilidade são excepcionais.

Embora quase todos os capítulos se passem basicamente no mesmo lugar, a exploração é sempre um prazer, graças à movimentação agradável e, principalmente, à música. A trilha de Déraciné envolve belíssimas composições levadas a instrumentos de cordas que contribuem deverasmente com o clima fofo e emocional da narrativa.

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Ei! Sai pra lá!

PROBLEMAS DO GÊNERO

O principal problema de Déraciné é algo que já víamos desde a época que a Lucasarts dominava os point and clicks: nem sempre a solução é clara. Verdade que este faz um bom trabalho dando boas dicas que mantém a história sempre avançando. Porém, eu passei um bom tempo procurando um maldito rato zumbi sem a menor ideia de onde ele estava. E depois descobri que, na maior tradição Mágico de Oz, o item que eu precisava estava comigo o tempo todo. Como joguei antes do lançamento, sequer podia consultar um guia online e demorei bastante para perceber isso.

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Gato! Ah!

Ainda assim, trata-se de um gênero que eu gostava muito mesmo antes da internet existir para fornecer soluções. E é uma incursão bem feita, com uma história bonita, e que é potencializada pelo VR, apesar de não inovar dentro da tecnologia. Vale a pena, tanto para quem já é fã da From Software quanto para aqueles que não conseguem jogar seus jogos por causa da dificuldade exagerada. Aqui a coisa é bem mais light, e você vai poder curtir todo o capricho da From sem se preocupar em morrer centenas de vezes.

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Esta imagem me lembrou o Frodo e o Sam.