Sabe aquela musiquinha que dá medo? Então, esta é nossa análise Song of Horror.

ANÁLISE SONG OF HORROR

Song of Horror é um Resident Evil sem combate. E sim, eu sei que usei essa comparação ainda outro dia. Porém, se The Medium pega essa proposta como um ponto de partida, Song of Horror age como se fosse seu evangelho. Porém, apesar de ser basicamente um Resident Evil cover, é um cover bem-feito, e com uma sustância surpreendente.

Digo mais, Song of Horror é o primeiro jogo episódico que faz sentido ser episódico. Claro, nos consoles ele já saiu em sua versão completa, mas sua história simples, e sua divisão de capítulos, fazem com que mesmo jogar cada parte com longos intervalos continue fazendo sentido.

Em suma, cada episódio de Song of Horror é uma área grande, cheia de puzzles e portas trancadas. Pense, por exemplo, na mansão Spencer do primeiro Resident Evil, e imagine um jogo com pelo menos cinco delas. Esse é Song of Horror.

VARIAÇÃO SURPREENDENTE

O jogo, claro, começa na tradicional mansão assombrada, mas vai para lugares bem mais únicos e criativos. O segundo episódio, por exemplo, acontece em um condomínio, com vários blocos, um quintal e dúzias de apartamentos (ainda que você entre em poucos). Poucas pessoas moram em um casarão como a mansão Spencer, mas tenho certeza de que muitos dos meus leitores vivem em um condomínio parecido com esse. E isso é bem legal.

Outros episódios levam o jogador a uma faculdade e uma igreja abandonada, então a variação é grande por aqui. A rotina é sempre a mesma. Ao chegar, boa parte das portas estarão trancadas, e você vai explorar, pegar itens e chaves e, aos poucos, abrir toda a região. É exatamente igual aos melhores momentos de Resident Evil, e Song of Horror focar nisso e apenas nisso o torna bem divertido.

FEAR OF THE DARK

Song of Horror não tem inimigos ou combate tradicional, mas tem um monstrengo que popa de vez em quando de várias formas diferentes. Normalmente sua aparição gera um minigame estilo QTE, em que você precisa martelar botões, controlar as batidas do seu coração ou, no mais envolvente, procurar pelo fantasma no espelho e focar a luz nele.

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Infelizmente, ele também tem alguns pontos de instadeath. De vez em quando você manda o personagem fazer algo, e ele diz “Eu não quero fazer isso, é mesmo necessário?”. Se você escolher sim, é comum acontecer algo que te mata. Porém, há partes em que você precisa escolher sim para pegar um item ou abrir um caminho essenciais para a história. Então você sempre precisa arriscar, ou procurar por guias. Isso fica ainda mais grave por causa da…

PERMADEATH

Sim, Song of Horror tem uma quantidade considerável do ingrediente secreto do chef José Marques. Em cada episódio, você terá no máximo quatro personagens. Eles têm estatísticas, histórias e comentários diferentes, porém na prática cada personagem é uma vida. Perca todos – ou o protagonista Daniel – e é game over.

E você sabe, eu ODEIO isso. Felizmente, ao contrário do nosso amigo José Marques, os coleguinhas da Protocol Games não obrigam o jogador a comer xixi. Eles incentivam – fortemente, até –, mas dá para mudar a dificuldade, e a mais baixa dá a opção de jogar sem a permadeath.

SEM RISCOS

Em outras palavras, ao morrer no easy, o jogo pergunta: “Você quer perder esse personagem ou quer restaurar do checkpoint?”. Escolha a segunda opção e você reinicia o jogo da sala anterior à que morreu. Em geral é perfeito, e até mais acessível e leve do que o próprio Resident Evil. A única exceção é a biblioteca, uma área grande de uma única sala. Nesse ponto, é necessário fazer várias coisas sem ter outras salas para “salvar”, então morrer perde todo o progresso da fase. Felizmente, é um ponto fora da curva, e em geral Song of Horror é bem permissivo para quem valoriza seu tempo.

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E sim, obviamente desligar a permadeath deixa o jogo bem mais sossegado. Coisas como responder “sim” nas perguntas supracitadas não têm efeito algum além de uma tela de carregamento. Porém, eu sinceramente não dou um único cocô para jogar como os devs planejaram, especialmente se o que eles planejaram era me fazer comer pipi. Pelo contrário, eu valorizo a maturidade deles ao perceber que nem todo mundo teria tempo ou saco para jogar como eles gostariam, e não excluir essas pessoas. Desnecessário dizer que, não fosse isso, esta resenha seria absurdamente negativa.

ANÁLISE SONG OF HORROR: PUZZLES E EXPLORAÇÃO

Especialmente porque o forte de Song of Horror não está em morrer e repetir. Está na exploração, na atmosfera, nos cenários detalhados. Na real, sempre que aparece o fantasminha é mais um momento de “que saco” do que de medo. A “presença”, como os devs chamam, lembra os fantasmas de Death Stranding. Tipo estão lá só para ter um perigo no jogo, mas não o deixam mais prazeroso e nem mais assustador. São só um obstáculo pentelho.

Assim, apesar da falta de combate, Song of Horror realmente dá a mesma sensação de um Resident Evil clássico. Porém, com muito mais conteúdo. Seus cinco capítulos são literalmente o equivalente a um Resident Evil com cinco mansões Spencer ou cinco delegacias de polícia. Os puzzles ficam um pouco obtusos demais nos últimos capítulos e, como é tradição em jogos assim, a câmera abunda quebras de eixo. Mas ainda assim achei um jogo bem intrigante e prazeroso, que superou muito minhas expectativas.

Revisado por Yohan Barczyszyn