Taí, este é um jogo muito diferente do que esperava. Quer saber por quê? Que puxa! Então você vai ter que ler minha análise The Plane Effect. Ei, eu não faço as regras.

ANÁLISE THE PLANE EFFECT

The Plane Effect é um point and click com um estilo de arte excepcional e uma atmosfera que lembra os jogos da Playdead. Seu objetivo é simples: chegar em casa após um longo e cansativo dia de trabalho.

Análise The Plane Effect, The Plane Effect, Delfos
Ou seja, a happy hour. Olha como ele parece feliz!

Esta história aparentemente mundana foi o que me atraiu. Afinal, nada como um NPC do capitalismo para gerar aquela identificação forte. Porém, a narrativa logo segue uns caminhos surpreendentes.

ENTRE DALÍ E ESCHER

Tudo começa como você imagina. Você sai do escritório, pega um trem. Mas daí você é engolido por uma minhoca gigante. Minutos depois, o nosso herói está tocando corneta nas entranhas do bichão.

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Pics or didn’t happen!

Pois é, o que parecia ser uma história realista, daquelas que dói no coração quando percebemos que nossa vida é igualzinha, adquire contornos totalmente surreais. As influências narrativas aqui são menos Kevin Smith e muito mais Salvador Dalí e M.C. Escher.

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Às vezes literalmente.

E eu gosto dessas coisas. Na verdade, Dalí é um dos poucos pintores tradicionais cujo trabalho realmente me agrada. Mas definitivamente não é o que eu esperava em The Plane Effect.

ANÁLISE THE PLANE EFFECT E SEU GAMEPLAY

Apesar de ser um jogo sem vozes, The Plane Effect é um point and click bem tradicional. Seus capítulos acontecem em áreas realmente grandes, onde você deve solucionar puzzles pegando itens e depois clicando onde quiser usá-los.

Ele tem também alguns momentos de plataforma, mas estes são horríveis. A começar pelo botão de pulo (o B no Xbox, ao invés do “correto” A). Mesmo que os botões tivessem sido bem mapeados, a jogabilidade simplesmente não é boa o suficiente. A colisão é péssima e os controles simplesmente não são responsivos como um game de ação e plataforma necessita.

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Isso seria banal num jogo da Nintendo, mas aqui dá um trabalhão.

E sim, tem alguns momentos de “ação”. Em uma cena, por exemplo, você vai surfar na sua maleta enquanto desvia de tentáculos, mas a colisão é tão ruim que é comum morrer sem saber o que te pegou.

QUEBRA-CABEÇAS

Claramente o foco do desenvolvimento não foi nessas cenas mais tradicionais. O problema é que mesmo quando você só precisa andar até determinado ponto e “clicar”, o jogo nem sempre registra o clique. Às vezes ele exige uma precisão absoluta para perceber que você apertou o botão.

Os puzzles em si já são mais naquela linha Lucasarts, sabe? A coisa é até simplificada. Se você tiver um item no seu inventário e clicar onde ele deve ser usado, a seleção dele é automática. Mesmo assim, é comum ficar perdido, sem saber onde clicar ou o que fazer. Os cenários são todos muito grandes, sendo possível andar por minutos em uma direção sem ter nada interagível. Eventualmente, você clica em algum lugar e o efeito é totalmente diferente do esperado.

Exemplo: tinha um coelho no cenário, e eu interagi com ele, na esperança de fazer um cafuné ou algo assim. Daí popou uma conquista, dizendo “você tentou matar o coelho”. Eu fiquei “cuma? Tentei? Mas eu só queria fazer um carinho!”.

ANÁLISE THE PLANE EFFECT E SEUS ASSISTS

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Felizmente, você não é obrigado a ficar travado caso não saiba como progredir. Há duas opções de assistência. A narrativa mostra uma ideia acima do personagem. E há o “guiado”, que faz aparecer um traço dizendo exatamente onde você deve clicar.

A coisa não é totalmente clara, no entanto. Houve momentos em que eu continuei empacado mesmo ativando esses recursos, e precisei buscar por um guia online.

MALDITA ARANHA GIGANTE!

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Se tem algo que The Plane Effect faz muito bem é seu estilo visual. Apesar de lembrar clássicos do passado, como Out of This World, ou mais recentes, como Limbo, ele tem uma identidade própria. E essa identidade passa perfeitamente a melancolia que um NPC do capitalismo sente no grinding do dia a dia.

Quando eu comecei The Plane Effect, e pude admirar sua beleza e estilo com meus próprios olhos, fiquei muito empolgado. “Puxa, essa vai ser daquelas narrativas de partir o coração, como só os games conseguem fazer”, pensei com meus viris botões.

Infelizmente, não foi dessa vez. The Plane Effect é curtinho, podendo ser facilmente terminado em menos de quatro horas. Mas nem sua narrativa nem seu gameplay têm muito a oferecer além do estilo visual. Mas se você está a fim de um point and click surreal, vale tentar.