Análise Narita Boy: um plataforma 2D muito charmoso

Prepare-se para salvar o mundo digital como um garoto que jogava games.

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Análise Narita Boy, Narita Boy, Studio Koba, Delfos

Acaba de sair Narita Boy, jogo que vamos analisar a seguir. Porém, antes, vale comentar: Narita Boy, sério? Sim, esse é mesmo o nome do jogo, novo plataforma indie 2D, primeiro do Studio Koba e publicado pelo Team 17. Confira nossa análise Narita Boy.

Não sei você, mas comecei a ficar supersaturado com plataformas indies 2D, especialmente metroidvanias, mesmo sendo um dos meus gêneros favoritos. Há lançamentos demais todos os anos, vários com mecânicas e gráficos similares. A fórmula do sucesso começou a cansar.

Narita Boy parecia ser só mais um que “fez tudo certo”. Teve campanha de financiamento no Kickstarter, uma enxurrada de críticas positivas no lançamento e um pixel art que é a cara desse público.

Yep, eu gosto disso.

Felizmente, apesar de ter torcido o nariz, Narita Boy dá um respiro ao gênero e é uma ótima experiência (desculpe os trocadilhos). Bora lá?

Análise Narita Boy: eu quero chamar esse moleque de Napa Boy!

Em Narita Boy, você controla o garoto do título, que é transportado ao mundo digital do videogame que mais gosta. Criado por um programador louco, esse lugar está à beira do colapso, por causa da ameaça de “HIM”, uma inteligência artificial que ficou malvada. Como Narita Boy, você se torna o herói profetizado pelo criador e deve restaurar as memórias dele.

Já deu para notar que a trama é bem arroz com feijão, certo? Os primeiros minutos do jogo são um pouco sofridos. Além de não ir direto ao ponto, à ação, os personagens que você encontra falam demais e, pior, sobre coisas que não fazem o menor sentido.

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Trifurcation é a sua mãe! E por que eu sou cervo?

Leva algum tempo para se acostumar com esse mundo digital, de termos estranhos e personagens idem. No entanto, uma vez que você entende para onde os desenvolvedores querem te levar, o jogo dá um salto de qualidade significativo.

Narita Boy é um daqueles jogos em que a história e a narrativa são tão importantes, senão mais, do que o próprio gameplay. Aliás, falando nele…

Análise Narita Boy: um plataforma em que você (quase) não precisa pular!

Pois é, Narita Boy tem os elementos famosos do gênero, com upgrades e ataques que você provavelmente conhece. A principal diferença é que ele é mais pés no chão (hoje estou terrível). O pulo é necessário para algumas plataformas, ou para alcançar ou desviar de inimigos, mas nunca ao ponto de exigir manobras complicadas do jogador.

Ao comparar com a série Guacameele, inspiração clara para Narita Boy, essa diferença fica bem nítida. Aqui, você é um espadachim habilidoso e relativamente forte desde o começo. Os inimigos que venham até você!

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Se bem que os chefes não são humildes. Big mistake!

O que você precisa se preocupar são as barras de energia. São três tipos. Tem a da escopeta, que se recupera com o tempo. Quando carregada, Narita pode soltar um raio pelo rosto que destroça o que estiver na frente.

Outra barra está ligada a recuperar vida e usar especiais. Com ela preenchida, você pode recuperar um risco de vida (que equivale a um hit de inimigo) ou usar um especial que causa dano em toda a tela. Essa se recupera a cada porrada sua nos inimigos.

Todo metroidvania ou plartaforma 2D fica melhor com um upercut.

Por fim, uma delas carrega a partir do seu input (pense em se transformar em um Super Sayajin) e confere a você dano maior a inimigos com cores específicas. A descrição parece complicada, mas ao jogar, é bem intuitivo.

Bem, o que tudo isso diz na prática? Que é, muitas vezes, mais negócio bater do que correr. Esse jogo não tem parry, muito menos defesa, então, o foco aqui é acabar com tudo o mais rápido possível.

Análise Narita Boy: isso sim é um jogo para descomplicar a vida!

Narita Boy é extremamente linear. Apesar da exploração das áreas ocorrer de forma parecida a metroidvanias – encontre uma chave, volte, abra a porta, siga -, não existem caminhos alternativos, sequence breaking, ou rotas mais rápidas.

O jogo desestimula (às vezes impede) o jogador a fazer backtracking. Ao chegar numa área, você recebe um briefing de onde deve ir. Se uma região já foi completada, ela fica fechada.

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É violência em pixels, então pode.

Não existe mapa e isso, sim, pode ser um problema. Como joguei numa tacada só, era relativamente fácil identificar a próxima área, ou alguma porta que tinha passado recentemente. Mas se você for jogar aos poucos, notará que os nomes dos lugares para onde deve ir são bem complicados e, daí, corre o risco de se perder.

Para minha surpresa, você também não encontra upgrades extras. Há 20 obrigatórios para o progresso da história, e só. Em Narita Boy, não existe maneira de aumentar a sua vida, ou quantidade de tiros de escopeta. Desses atributos mais básicos, o que você tem no começo, vale até o fim.

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O jogo comemora os upgrades com você!

Ah, e o jogo não tem seleção de dificuldade. Curiosamente, achei ele bastante fácil. Parte do motivo é sobre o que mencionei acima, que você não precisa se movimentar tanto para causar estrago. O outro motivo é que o jogo é super generoso com autosaves e checkpoints.

Aliás, quando eu tinha dificuldade, era mais fácil morrer e voltar com vida cheia, do que ficar tentando repetidas vezes. O loading entre as mortes é, também, quase inexistente.

Análise Narita Boy: esse programador fazia umas bad trips muito doidas!

Tem alguns elementos comuns durante todo o jogo, como as três cores primárias (vermelho, azul e amarelo) e formas geométricas, além de “ritos” de progresso, que criam uma certa familiaridade e rotina no gameplay. Eles também são muito importantes para a história.

O que você espera de um culto numa igreja do amarelo?

As formas coloridas são encontradas em algumas áreas e você precisa decorá-las para se teletransportar depois!

O programador, “Deus” do mundo do jogo, é um personagem bem interessante. Com algumas horas de jogo, você começa a conhecê-lo melhor e perceber que esse mundo digital é biruta dessa forma por causa de seus traumas do passado e das suas referências.

O criador do mundo é um nerd como eu ou você!

O criador é um headbanger, amava samurais, provavelmente assistia a Ultraman e Powers Rangers, além de ter muitas questões mal-resolvidas.

No fim, não foi nem o gameplay prazeroso que mais me motivou, mas o desfecho da história. Sem spoilers, se você é um adulto e ama videogames, provavelmente vai se identificar e ter muita empatia pelos personagens.

Análise Narita Boy: pelo jeito, tem continuação!

Narita Boy vai ou virar um sucesso cult, ou ser indicado a melhores do ano no Game Awards, na categoria de indies. Fora tudo de positivo que comentei, o jogo tem trilha sonora memorável, gráficos lindos e um cuidado nas animações que transborda charme.

É um jogo que respeita o tempo do jogador, de forma inclusive que respeita a história e mensagem que quer passar. Para mim, foram entre seis e sete horas sem gordura e enrolação.

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As mães sempre alertam sobre os males causados pelos games…

Os únicos poréns dessa experiência é que, de fato, vários dos elementos do gameplay de Narita Boy já foram vistos antes.

Se você é fã de plataforma 2D, ou metroidvanias, no entanto, é mais provável que se torne um fã de Narita Boy e volte aqui, para cantar comigo: “Narita Boy, can you feel the force…”