Quem diria que o retorno inusitado de Leisure Suit Larry em 2019 renderia uma nova série. Pois é, nesta análise Leisure Suit Larry: Wet Dreams Dry Twice vamos conferir o segundo jogo moderno desta verdadeira relíquia dos adventures point and click dos anos 90!

ANÁLISE LEISURE SUIT LARRY: WET DREAMS DRY TWICE

Leisure Suit Larry: Wet Dreams Don’t Dry era um soft reboot. Não apagava os jogos anteriores, mas trazia o personagem ao século XXI (literalmente), obrigando-o a lidar com a mágica atualidade contemporânea, mais tolerante e menos machista. Era também um jogo praticamente independente dos outros.

Leisure Suit Larry: Wet Dreams Dry Twice, por outro lado, é uma continuação direta. Não só continua de onde o jogo anterior parou mas, tirando dicas de Monkey Island, traz de volta muitos dos personagens secundários da história de 2019.

Wet Dreams Dry Twice começa em Cancún. Larry prometeu casar com a filha do prefeito, moça que ele sequer conheceu. Porém, seu coração ainda pertence a Faith, a que ele stalkeou em Wet Dreams Don’t Dry. Ela sumiu, então agora Larry deve construir uma jangada, fugir de Cancún e do seu casamento, e seguir pistas e lingeries para encontrar Faith.

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Nada como curtir um LARP em uma ilha cheia de armadilhas e habitada por canibais.

Após a intro em Cancún, você chega ao local onde a maior parte do jogo acontece: um pequeno arquipélago, habitado por canibais, nerds e, claro, uma empresa de criptomoedas. Agora o objetivo é pegar tudo que encontrar, combinar itens absurdos e usá-los em lugares que simplesmente não faz sentido. Você sabe, como um adventure normal.

GAMEPLAY

Esse é o gameplay de Wet Dreams Dry Twice. É basicamente o mesmo do jogo anterior que, por sua vez, revivia os point and clicks de outrora. Devo dizer, no entanto, que achei os puzzles deste bem mais difíceis.

Como a gente vive no futuro, e consegue acesso a guias facilmente hoje em dia, isso não foi tanto um problema. Porém, acredito que se estivesse jogando nos anos 90, eu ia acabar travando em vários momentos, e provavelmente desistindo antes de chegar ao final.

A coisa fica incrivelmente obtusa, chata e trabalhosa no último capítulo, que leva Larry de volta à cidade de New Lost Wages. Nesse ponto do jogo, você deve navegar por um labirinto extremamente longo e complicado, tendo como única dica um mapa que diz para onde NÃO ir. Lembrei-me até da minha época de vestibulando, onde respondia as questões das provas eliminando as que sabia estar erradas.

QUALIDADE DE VIDA

Talvez o principal aspecto negativo de Wet Dreams Dry Twice seja sua UI. Essa é realmente muito fraca e pouco intuitiva. Poderia fazer um texto enorme detalhando todos os problemas de navegação de menus que você vai encontrar, mas vou me limitar a apenas três.

O jogo não tem autosaves. Você precisa salvar manualmente, e pode fazê-lo a qualquer momento. Porém, ao invés de ter um botão para quicksaves, você precisa navegar pelos menus. E, após escolher o slot, o padrão é carregar. Você precisa navegar para clicar em salvar. É algo pequeno, mas enche o saco considerando que você vai salvar muito mais vezes do que carregar.

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Outro caso mal pensado é que você pode apertar as duas alavancas do controle para mostrar os pontos clicáveis do cenário. Ora, tem um monte de botões vazios no controle. Não dava para fazer essa função, tão básica e importante em um point and click, ser ativada de forma mais confortável?

Por fim, o seu cursor é resetado na posição do Larry sempre depois de clicar em algo. Considerando que é necessário clicar pelo menos duas vezes em cada item, você deve ficar arrastando o cursor para onde deseja clicar a cada nova clicada.

São só três exemplos, mas há milhares de coisas mal pensadas como essas na UI. Some todas elas e Wet Dreams Dry Twice acaba se tornando muito mais trabalhoso e entediante do que deveria.

AUDIOVISUAL

Audiovisualmente, Wet Dreams Dry Twice é quase perfeito. Ele usa cores bem vivas e os desenhos são estilosos e atraentes. É, sem dúvida, um jogo chamativo, com cara de desenho animado.

Artisticamente, no entanto, achei um pouco cansativo ele encher o cenário de pintos. E não me refiro ao filho da galinha. Em quase todas as telas há pelo menos um objeto fálico. E ok, considerando que é um jogo bastante focado em sexo, até haveria espaço para esse tipo de piada. Mas ele passa do ponto, e começa a parecer que o foi desenhado por aquele personagem do Superbad que só desenhava piupius.

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Exemplo.

Tirando essa obsessão fálica, até que o jogo é engraçado. Ele me fez rir alto algumas vezes, e sua história é simpática e até bonitinha.

Chama minha atenção que Larry é mostrado como um perdedor sem sorte com as mulheres, mas ao longo de suas aventuras, ele dorme com mais moças do que a maior parte dos caras na vida real. Bem parecido, aliás, com o George Costanza do Seinfeld.

ESTE É O FIM DA ANÁLISE LEISURE SUIT LARRY 2/9 & KNUCKLES

Assim, Wet Dreams Dry Twice é uma boa continuação a Wet Dreams Don’t Dry, mas ele precisava de um pouco de mais cuidado técnico para ser realmente excelente. Fãs do jogo anterior ou do personagem Larry Laffer vão querer jogar, mas aqueles que não veem graça nos adventures antigos não vão mudar de opinião.

NOTA: Mais uma vez tive problemas com meu pendrive e perdi minhas imagens da campanha. E pior que era outro pendrive em outro videogame. Por causa disso, as screenshots dessa matéria são de divulgação.

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