Alan Moore fala o que pensa sobre o novo Universo DC

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Não é segredo para ninguém que Alan Moore quer tanta distância do mercado de quadrinhos quanto ele conseguiria se estivesse morto. Mas, com tantos trabalhos relevantes para a DC, fica difícil o assunto não vir à tona em entrevistas. Então, o Newsarama teve de perguntar.

O escritor inglês que adora um deus em forma de jacaré foi questionado quanto ao novo Universo DC. E ele não sabia o que era. Pois é, ele está tão afastado do mercado que nem lê mais notícias sobre ele. De qualquer forma, depois de ser atualizado pelo jornalista, Moore emitiu sua opinião sobre os fatos. A resposta é longa, então vou resumir as melhores partes no parágrafo abaixo:

Não estou surpreso. Pelo que ando lendo […] o mercado de quadrinhos está à beira de um colapso. E parece que ambas as editoras estão levando uma surra enquanto tentam reinventar seus universos em frangalhos usando os mesmos truques de sempre, porque, na verdade, não espero que eles tenham truques novos. […] Eles podem levar esses personagens de volta a um estágio pré-Alan-Moore, se é isso mesmo que estão fazendo. Mas espero que eles se lembrem de como eram estes personagens naquela época [risos]. […] Lembro de ler um artigo no jornal há alguns meses onde o chefão da Marvel Comics dizia que a Marvel estava à beira do precipício, sem dizer isso de fato. Apesar dessa situação já ser antiga, então acho que a palavra que ele estava procurando era ‘mergulhar’. E suponho que as coisas não estejam muito melhores para a DC. [..] Se o que você está dizendo sobre a DC é verdade, e eles estão fazendo essa regressão para uma época em que eles ainda vendiam muitos quadrinhos, então isso é meio previsível. Porque me parece que os quadrinhos se meteram numa posição em que não conseguem imaginar um futuro, e estão desesperadamente tentando voltar a um passado onde se sentiam mais confortáveis. E no meio tempo têm de lidar com um mercado que está encolhendo, e, sejamos francos, já faz algum tempo desde que este mercado era composto por garotos entusiasmados na faixa dos nove a treze anos. Este mercado minguante é majoritariamente composto por homens entre trinta e cinquenta anos, que claramente têm uma conexão nostálgica com o material de leitura da sua infância. […] Basicamente, meu sentimento pela indústria de quadrinhos como ela é hoje é de esperança de que sua morte não seja humilhante ou desperada demais, porque ela merece isso“.

Alan Moore também comentou que talvez seu afastamento dos quadrinhos seja apenas reflexo do seu momento atual, onde está tão ocupado produzindo material que não tem tempo de consumí-lo e, por isso, anda completamente afastado da cultura pop. Também criticou Hollywood e a TV por ficarem eternamente canibalizando o material do passado. Aí você pensa: “diabos, será que esse sujeito gosta de alguma coisa?” Pois é, Alan Moore acompanha e gosta de South Park.