A Viagem de Chihiro e outros filmes do Estúdio Ghibli

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O que você faz quando já viu todos os filmes da Pixar, da Dreamworks, da Disney e todas as outras possíveis mega produções de animação 2D e 3D? Sim, você procura ter uma vida social, mas caso isso não sirva para você (afinal, você é nerd), tente assistir a alguns dos filmes desse estúdio de nome esquisito de pronunciar. Güibli. Jibli. Aliás, faça isso antes de ver todas as animações da Pixar, da Dreamworks…

Criado em 1985 por Hayao Miyazaki e Isao Takahata, os principais diretores de quase todos os trabalhos do estúdio, e também pelo produtor Toshio Suzuki, o estúdio já fez 17 filmes e diversos curtas, comerciais para TV, entre outros.

Como o estúdio é do Japão, as animações conservam bastante a cultura oriental tradicional, portanto podemos esperar sensações, pensamentos, costumes e pontos de vista diferentes do que estamos acostumados. São longas com cara e jeito de animê, com bastante humor, terror, momentos de reflexão e drama. Aliás, em muitos deles há uma mistura de humor e drama nonsense, coisa maluca mesmo, daquelas de deixar o espectador tonto.

Infelizmente, o diretor Hayao Miyazaki anunciou sua aposentadoria no ano passado, mas não sem antes terminar seu último filme, Vidas ao Vento, que estreia no dia 28. O Corrales teve a sorte grande de assisti-lo e vai contar para você se o negócio é bom, (se você chegou atrasado, clique aqui). Por ora, selecionamos alguns dos principais filmes do estúdio, sem nenhum critério pessoal envolvido (aham, claro), para fazer algumas breves indicações. Vamos lá?

A VIAGEM DE CHIHIRO (Spirited Away/Sen to Chihiro no Kamikakushi)

Este é o maior sucesso do estúdio e, de certa forma, o seu filme mais importante, porque muitas pessoas (inclusive eu) conheceram o estúdio a partir dele. Para se ter ideia do impacto de Chihiro, o filme ultrapassou a bilheteria de Titanic no Japão e ganhou o Oscar de Melhor Animação em 2003. Esse é definitivamente um ótimo filme para começar a conhecer as obras desses japoneses talentosos.

A trama é assim: Chihiro é uma menina de dez anos que acaba de se mudar com os pais para outro canto da cidade. Os pais, curiosos, resolvem entrar em um túnel escondido em uma pequena floresta, e então eles são transportados para um mundo alternativo em que os espíritos dominam a cena. Mais ou menos isso. Opa, isso lembra o quê? Alice no País das Maravilhas, sim, mas eu devo dizer que Spirited Away (nome muito mais bacana do que A Viagem de Chihiro) é bilhões de vezes melhor.

Por que é bom: porque é fofo. E, além de ser fofo, é mágico, sem nunca ficar chato. A trilha sonora é linda e o cuidado com os desenhos é incrível. Aquela cena do trem é uma das coisas mais memoráveis que já vi no cinema.

Pontos fracos: a história não é grande coisa e é basicamente um Alice japonês. De qualquer forma, Alice nunca me agradou muito, então isso não me incomoda tanto.

PRINCESA MONONOKE (Princess Mononoke/Mononoke Hime)

Este aqui foi o meu segundo contato com o estúdio e eu achei a trama bem complexa e interessante. Embora o nome seja Princesa Mononoke, o personagem principal é o jovem Ashitaka, da tribo (presumidamente extinta no filme) Emish. Após sua vila ser atacada por um demônio terrível e amaldiçoá-lo, Ashitaka viaja para o Oeste para cumprir seu destino e, talvez, ser curado.

Assim como outros filmes do estúdio, a discussão sobre o meio-ambiente e a destruição causada pelo homem é forte. O filme gera reflexões sobre o assunto e o bom é que há vários personagens com pontos de vista diferentes. Por causa disso, constantemente fiquei mudando minhas opiniões a respeito deles, já que não há maniqueísmo. Preste atenção às suas reações ao ver o filme, porque se você odiar algum determinado personagem, isso pode indicar quais são as suas convicções e pensamentos.

Também vale lembrar que o filme é excelentemente cheio de explosões, armas e brigas, tornando ele um exemplar de testosterona com cérebro. Eu sei que é difícil associar o principal hormônio masculino à inteligência e reflexão, mas é o que acontece aqui. Hell, yeah, spirits of the forest!

Por que é bom: cenas de ação muito bacanas, narrativa envolvente e um enredo que consegue passar uma mensagem importante.

Pontos fracos: posso estar sendo um pouco chato, mas o final, apesar de estar de acordo com a postura do personagem principal durante o filme, pode gerar uma conclusão muito cômoda em várias pessoas. Assista ao filme para entender melhor!

O SERVIÇO DE ENTREGAS DA KIKI (Kiki’s Delivery Service/Majo no Takkyûbin)

Outro que eu gosto bastante. Poxa, o filme foi feito em 1989? A qualidade é muito boa! Este é o filme que, segundo o DataDelfos, vai fazer 99,9% dos delfonautas se identificarem com a personagem principal. Mesmo os homens. A sinopse é assim: Kiki é uma bruxinha que acabou de completar 13 anos e, como toda bruxinha de 13 anos, ela tem que escolher uma cidade para morar e passar no tal teste das bruxas, se tornar independente e tudo mais. Ela também só pode escolher uma cidade que não tenha outra bruxinha e que esteja cheia de humanos em situações comuns.

Delfonautas, façam as associações. Vestibular? Crise dos 25? Aquele garoto (a) que conversava com os garotos (as) populares quando você era novo? Ou um nerd novo na escola? É isso aí. Temos vários dramas de como aceitar ser diferente aqui. Outra coisa que eu gosto bastante dos filmes Ghibli que está bem presente neste é a valorização das coisas simples. Puxa, como seria bom se a gente pudesse ter horários de trabalhos mais tranqüilos para podermos fazer um bolo em um forno à lenha, ou ainda que as mulheres que gostem de costurar possam costurar. Ok, talvez não essas coisas, mas seria bom ter uma vida menos louca! Muito recomendado.

Por que é bom: permite reflexão sobre várias coisas sobre a vida e traz uma visão um pouco mais positiva sobre as pessoas, o que é bom. Presumo que, já que está no DELFOS, você tenha medo de seres humanos, então é bom ver um lado mais positivo sobre a nossa pouco acolhedora raça.

Pontos fracos: não consegui pensar em algo muito sério, mas acho que essa é uma história que não consegue um final que seja muito bom, simplesmente porque os problemas sobre os quais ela trata nunca acabam.

TÚMULO DOS VAGALUMES (Grave of the Fireflies/Hotaru no Haka)

O lado oposto do filme anterior. Triste. E ousado. Esse filme ia ficar originalmente no final desta resenha, mas para não deprimir delfonautas, resolvi colocá-lo antes. A história é sobre dois irmãos no Japão ao final da 2° Guerra Mundial: Seita, o mais velho, e Setsuko, a menininha.

Túmulo dos Vagalumes começa no final, do jeito que o Corrales não gosta, mas depois de ver o filme, achei que o método foi bem apropriado. O final já deixa claro o que vai acontecer e não há absolutamente nada de inesperado durante o filme inteiro. Isso porque a narrativa ou a história em si não são tão importantes como as mensagens e reflexão que ele vai passar.

Os primeiros 30 minutos são os mais difíceis, mas depois a animação cresce muito e acho impossível não se identificar com os personagens. É o único filme aqui que não possui algum tipo de aspecto “mágico” (tirando uma coisa que eu não posso contar). O foco são as pessoas e como elas são nojentas quando estão em situações difíceis. Túmulo dos Vagalumes é um filme de zumbis apocalíptico, sem os zumbis e com caças estadunidenses bombardeando as cidades do Japão no lugar. Já os personagens principais representam as pessoas inocentes submetidas às condições da guerra.

Por incrível que pareça, o filme não é negativo ou pessimista por completo. Na verdade, ele se esforça para valorizar a vida como ela é (digo, originalmente era): simples e difícil. Parece confuso, mas quando você assistir, vai entender.

Por que é bom: vai incomodar. Talvez para fãs de filmes dos mortos-vivos, a ideia não seja tão original assim, mas estamos falando de uma animação de 1988 que mostra cadáveres empilhados e corpos pegando fogo.

Pontos fracos: o começo é bem parado e fica aquela sensação de que a direção do negócio não faz muito sentido.

O CASTELO ANIMADO (Howl’s Moving Castle/Howl no Ugoku Shiro)

O filme mais nonsense dos aqui citados, tem as mesmas características dos anteriores: cenários belíssimos, personagens cativantes e divertidos, um personagem principal que se apaixona pelo outro personagem principal, entre outros. Tem talvez os desenhos mais lindos de todos eles. É um pouco cansativo e nem tão original, mas compensa nos outros quesitos.

A sinopse é simples: Sofia, uma moça simples que trabalha fazendo chapéus, conhece Howl, um jovem mago famoso em sua cidade por ter um castelo que anda (daí o nome). Só que ela ter conhecido o cara deu azar, porque uma bruxa malvada usou um feitiço para Sofia ficar mais velha e agora ela vai ter que passar por altas confusões do barulho para rejuvenescer e descobrir qual é a deste sujeito misterioso chamado Howl.

O Castelo Animado tem uma pequena discussão sobre guerras, mas acho que isso foi melhor abordado no Túmulo dos Vagalumes. Enfim, o forte mesmo são os personagens, talvez os mais divertidos de todos os filmes do estúdio Ghibli (dos que eu vi, pelo menos).

Por que é bom: tem todas as coisas boas dos filmes do estúdio (personagens, cenários, trilha sonora) excelentes e talvez melhor que a maioria deles. Além disso, é talvez o mais engraçado.

Pontos fracos: o enredo é pouco criativo e o filme fica um pouco chato perto do final. É o mais fraco dos filmes apresentados aqui, na minha opinião.

Há ainda muitos outros filmes do estúdio Ghibli, sendo que uma porrada eu ainda não tive a chance de assistir. Recomendo começar por A Viagem de Chihiro e então escolher um dos outros aqui citados de acordo com o seu gosto, já que a qualidade dos filmes é quase sempre mantida. E, qualquer coisa, a gente conversa nos comentários!

REVER GERAL
Nota
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Daniel Villela
Daniel adora heavy metal, rock progressivo e Frank Zappa, jogos de FPS, aventura, plataforma e RPG, é fanático pelo MCU, curte séries de TV como Mad Men, Breaking Bad, Demolidor, 24 Horas, Friends e The IT Crowd. No lado profissional, é formado em Jornalismo, pós-graduado em Comunicação Empresarial e trabalha na área de Marketing.
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