A Garota Ideal

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Fui ao cinema esperando ver uma comédia romântica. Porém, antes da sessão, alguém perguntou sobre o gênero para a assessora. “É comédia e tem romance, mas não é uma comédia romântica. É muito doido”, disse a moça. Hum… romance sem apelar para formulinhas de comédia romântica… Comédia doida remete a humor nonsense e isso é comigo mesmo. É, acho que minhas expectativas acabaram de aumentar.

Lars é um cara solitário, que mal consegue olhar nos olhos de outras pessoas. Um dia, porém, ele se apaixona e começa a namorar. O problema é que sua namorada é uma boneca do amor e o sujeito não percebe isso, ao contrário de todas as outras pessoas da cidade, que acham que ele endoidou.

Definitivamente concordo com nossa amiga da Califórnia Filmes. Não é uma comédia romântica e sem dúvida é bem doido. Porém, essa sinopse que parece digna de algo saída de uma esquete do Monty Python lembra, em parte, os números mais sem graça da trupe inglesa.

A começar pela linguagem. Fotografia, trilha sonora e o climão geral do filme lembra muito mesmo uma comédia britânica. Só que, ao contrário das boas comédias da terra da rainha, essa não faz rir. Ou faz muito pouco.

Eu gosto de nonsense, mas essa história não vingou. Falta algo, ela simplesmente não me envolveu como eu gostaria. E o absurdo não faz sentido nem mesmo dentro da própria realidade criada para o filme. De uma hora para outra, todo mundo começa a tratar a Bianca (a tal boneca) como uma pessoa real, inclusive tirando do tempo que ela passaria com o namorado pinel. Se isso tivesse sido estabelecido desde o começo, naquela linha “só o espectador vê o absurdo” de um Corra que a Polícia Vem Aí, beleza, mas todo mundo resiste à presença dela nos eventos sociais a princípio e nada acontece para justificar a mudança de comportamento da cidade inteira. Imagine um Edward Mãos de Tesoura mal desenvolvido e você vai ter uma boa ideia do caminho seguido por este filme.

No final das contas, acaba levando alguns Alfredos e o cobiçado status de filme nada por duas coisas:

1 – Considerando que só vemos nos cinemas adaptações de livros, gibis, games e cinebiografias (sem falar do duelo judeus X nazistas), devemos louvar um roteiro original, em especial um que tente fazer algo diferente, saindo do esquema do cinemão comercial. Não foi dessa vez, mas espero que a roteirista Nancy Oliver continue com a ousadia e eventualmente pode nos trazer algo realmente bom.

2 – A cena do ursinho vale o ingresso. Ela é extremamente fofa e engraçadinha. Sem exagero, se não fosse por ela, a nota estaria mais para 1,5.

Recomendo? Não. Acredito que algumas pessoas, aquelas que forem tocadas pela história, podem achar genial. Porém, considerando que eu achei chato, mesmo sendo um grande fã do humor nonsense, não posso responsavelmente dizer para o amigo delfonauta gastar dinheiro nele. Mas vá lá, se você tiver mais identificação com os personagens do que eu, pode até ser um dinheiro bem gasto.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
a-garota-idealRoteiro: Nancy Oliver<br> Elenco: Ryan Gosling, Emily Mortimer, Paul Schneider, Kelli Garner e Patricia Clarkson.<br> Diretor: Craig Gillespie<br> Distribuidor: Califórnia<br>