Nada como misturar fofura e humor. Coloque uma pitada de heavy metal, e a mistura fica simplesmente mágica (lembrou de Bill e Ted?). Figment mistura tudo isso.

A primeira referência que ele trouxe a minha mente, no entanto, foi do clássico Psychonauts. Afinal, trata-se de uma aventura que acontece dentro de uma mente. A mente em questão sofreu um trauma severo, e a história que acompanhamos é dos bichinhos que habitam a mente. Obviamente, nós controlamos o herói que visa recuperar as coisas ao seu estado normal.

Figment, Bedtime Digital Games, Delfos
E os colecionáveis são memórias da vida do dono da mente.

Para conseguir esta façanha, ele precisa vencer três pesadelos, cada um ocupando uma área da mente. Pois é, as fases de Figment acontecem na parte analítica ou criativa do cérebro, apenas para citar as duas primeiras.

Talvez os mais jovens não lembrem de Psychonauts ao ler esta sinopse, mas se lembrem de Divertida Mente. E também há uma relação.

UMA AVENTURA TOTALMENTE REALIZADA

Eu tenho reparado que duas coisas demonstram um baixo orçamento em games: a ausência de vozes e de combate. Apesar de ser uma obra indieFigment tem ótimos atores dublando os personagens e há também momentos de porrada, inclusive excelentes chefes.

O foco, no entanto, é na solução de puzzles. Junte os quebra-cabeças, que normalmente envolvem levar itens de uma parte do cenário a outra; ao humor inocente e às atuações doces, e é impossível não lembrar dos adventures clássicos da Lucasarts.

Figment, Bedtime Digital Games, Delfos

O talento e o cuidado com que cada aspecto do jogo foi desenvolvido é digno de nota. Os abundantes puzzles também merecem destaque, pois são desafiadores na medida certa. O suficiente para fazer você se sentir esperto ao resolvê-los, mas não tanto a ponto de travar seu progresso e exigir consulta de guias.

Fofura, personagens carismáticos, puzzles… comparação com Psychonauts e com os adventures clássicos da Lucasarts… Não dá para negar, Figment parece um jogo da Double Fine. E tem outra característica que o aproxima do estúdio do Tim Schafer.

HEAVY METAL IS THE LAW

Figment não aborda diretamente o heavy metal, mas tem muita música por aqui. Boa parte do jogo, você passa perseguindo um dos pesadelos, e eles costumam cantar quando você os alcança. O primeiro chefe, em especial, tem uma voz e um jeito de cantar muito parecidos com os do Jon Oliva quando ele canta no Trans-Siberian Orchestra.

A surpresa, no entanto, veio quando comecei a me aproximar do último chefe. Quanto mais perto dele você chega, mais pesado ele vai cantando. E ele chega, literalmente, a cantar death metal na batalha final. Acredito que foi a única vez que vi uma música com vocais death metal composta especificamente para um videogame.

Figment, Bedtime Digital Games, Delfos
Este narigudo é o personagem que canta como o Jon Oliva.

O instrumental da música em questão não chega a ter o peso de um Cannibal Corpse, mas é uma guitarrinha bem pesada, do tipo que você não espera ouvir em um jogo tão adorável. Só é uma pena que a parte cantada dessas músicas seja tão curtinha. Em geral, não passa de quatro versos, e no resto do encontro a música continua apenas instrumental. Ainda assim, é algo bem legal e rende boas piadas, como o emburrado protagonista reclamando que o negócio estava virando um musical.

FIGMENT É UMA FOFURA!

Tenho apenas uma reclamação a fazer em relação a Figment: há muitos puzzles que envolvem empurrar caixas, e a jogabilidade dessas áreas é bem dura e engessada. Lembra um bocado os puzzles equivalentes do primeiro Resident Evil. Felizmente, a maioria dos quebra-cabeças do jogo são mais criativos e bastante divertidos de resolver, mas admito que dava uma boa desanimada quando apareciam as malditas caixas.

Figment, Bedtime Digital Games, Delfos

Particularmente, gostei muito de Figment. Ele combina muito bem três coisas pelas quais eu tenho muito apreço: fofura, humor e metal. Se você gosta de obras como os antigos adventures da Lucasarts, os jogos mais recentes da Double Fine ou filmes como Bill e Ted, provavelmente vai gostar tanto quanto eu. Vale experimentar.