Um dia na vida do Evil Rainbow of Steel

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ATENÇÃO: O texto abaixo é um trecho do diário do Evil Rainbow of Steel e, como tal, não deve ser levado a sério. É publicado apenas para inspirar cada um de nós a ser cada vez mais trüe e, um dia, talvez chegar ao nível de trüeza do autor.

Ah, nada como acordar para um novo dia. Acabo de despir-me da minha camisola e colocar minha cueca de couro de unicórnio. Sinto-me viril como nunca, especialmente após fazer meus exercícios matinais: duas flexões. Sim, viril diário, duas flexões completas! Manter este corpinho abençoado pelo Vento Preto exige sacrifícios.

As flexões me deixaram esgotado como Tartarus após a Titanomaquia e completamente besuntado em óleo natural. Afinal de contas, usar óleo de cozinha é coisa de mariquinha. Eu só me besunto em óleo natural ou no óleo das amêndoas cheirosas de Yggdrasil. Para recuperar-me, preciso da energia calórica que só os mais trües alimentos podem fornecer. Em outras palavras, preciso de lembas. Mas antes, preciso orar e agradecer à divindade por mais esse dia de vida. Vejamos, onde está meu pôster do Manowar? Ora, onde mais? É claro que está na parede leste da minha sala de musculação. Afinal, preciso de inspiração para malhar tanto. Oremos:

“Ó, Manowar, abençoai este reles mortal que tanto se esforça para viver de acordo com vossos preceitos. Nunca usei em público mais de uma minúscula peça de roupa, nem mesmo nos dias que faz o frio extremo de 15 graus Celsius positivos. Nunca louvei outras divindades como o Iron Maiden. Não passo um dia sem falar mal do Metallica por eles serem false metal. Da mesma forma, me abstenho totalmente de sexo para concentrar minha energia no que realmente importa: tornear meus abençoados músculos. Felizmente, vós sois piedosos e isso se torna mais fácil por não ter nenhuma oportunidade sexual na vida.

Ó, Joey DeMaio, que suas cordas de baixo soem graves como o suspiro final de Cronos. Que as guitarras de Karl Logan sejam melódicas de forma extremamente macha, assim como as canções cantadas pelos anões de Moria. Que os berros de Eric Adams inspirem todos nós a imitar araras cada vez melhor. Por fim, que as batidas de quem quer que seja o baterista atualmente sejam poderosas e ritmadas como os passos dos gigantes de Jotunheim. Hail and kill!”

Pronto, agora que consegui minha proteção mística, posso alimentar-me com o manjar dos deuses. Por Odin! Minhas lembas acabaram. Isso deve ter sido um trabalho do Metallica ou do meu arquiinimigo, o Morrse. É hora de ir à padaria antes de planejar minha vingança contra eles.

A PADARIA

Vou até o abençoado recinto que nos provê com lembas na velocidade de 666 ventos pretos por minuto. No caminho, as pessoas ficam tão impressionadas com meu tremendo sex-appeal que não param de olhar para mim. Aproveito a oportunidade para levar a elas as palavras do Deus Metal através do Messias Manowar. De alguma forma, elas não parecem interessadas.

Finalmente, chego à padaria e o padeiro me olha com cara de orgulho por me ter como cliente. Ou seria vergonha? Nunca consegui diferenciar essas emoções direito.

“Ó, aquele que nos alimenta com o pão de cada dia. Eu o saúdo, brother! Hail and kill!”, grito com minha melhor cara de macho alfa enquanto faço o sinal do martelo. Ele não parece ser capaz de processar tamanha trüeza e não me responde. Então, sem mais delongas, peço logo pelo que venho buscar. “Nobre vendedor, venho a seu abençoado estabelecimento de comércio para buscar três lembas”.

Ele me olha com cara de confuso. Mostro três de meus musculosos dedos e repito, devagar: “Três lem-bas”. Ele ainda parece não compreender. Deve ser um maldito pagodeiro. Para não macular minha trüeza, me aproximo e falo baixinho “três pãezinhos, por favor”.

Pego o viril pacote e deixo os dracmas em cima do balcão. Finalmente, posso me despedir. “Que Odin abençoe vossa jornada”, grito e dou as costas, percebendo no rosto do padeiro o alívio por mais um serviço bem feito. Ou talvez seja por eu estar indo embora.

No caminho de volta ao meu palácio (um apartamento de um quarto na zona leste de São Paulo), matuto em como sou abençoado por ter nascido no mais trüe dos países. Um país com tantas grandes bandas que levam o Metal para os quatro cantos do mundo. Bandas como o Sepultura, o Angra e… ahn… o Shaman! Sim, nenhum outro país é tão nórdico e mitológico quanto o Brasil.

Aproveitando a empolgação de tais pensamentos, colo em alguns postes uns folhetos com letras do Manowar, finalizados com as frases “a palavra do Manowar é o caminho” e “o Metallica é a imagem da besta”. As pessoas vão me agradecer por isso um dia.

Perdido em meus pensamentos, percebo que já estou no elevador de minha morada e a alegria das minhas constatações e realizações causou uma ereção em minha poderosa ferramenta lusitana. A velhinha que pegou o elevador comigo está encarando, certamente excitada com tamanha expressão de masculinidade. E olha que hoje está frio e eu nem estava pensando no Manowar.

DE VOLTA AO APÊ… QUER DIZER, AO PALÁCIO

Ao olhar no relógio, constato que está na hora do meu programa de televisão preferido, Hanna M…, ahem, Caverna do Dragão. Passo o glorioso queijo cremoso dos deuses na minha lemba e, após uma mordida, já estou satisfeito. Afinal, sou um viril e saudável homem adulto, não um hobbit grosseiro e guloso.

Após o programa, ligo a caixa mágica para ver meus e-mails triunfantes. Uma das mensagens dizia algo como: “Aumente seu pênis e satisfaça sua mulher”. Ora, eu tenho coisas mais importantes para fazer do que satisfazer uma vil mulher. Aliás, o compromisso com o Deus Metal é tamanho que mal tenho tempo para ter uma mulher. Respondo o e-mail explicando isso para o gentil guerreiro que me sugeriu esse sidequest e, para não parecer mal-agradecido, anexo um MP3 de Brothers of Metal, que tenho certeza que vai mudar a vida dele e talvez o ajude a investir seu tempo em coisas realmente importantes, como torneação de músculos, ao invés de aumento de pênis. Termino o e-mail avisando para ele se manter longe do Metallica.

Tinha também um e-mail do Carlos Eduardo Corrales, o ditador daquele site de pagodeiros mariquinhas, traidores do movimento e false Metal chamado DELFOS, para onde eu ocasionalmente escrevo na esperança de que minhas matérias atraiam mais homens espadaúdos para o mundo mágico do Metal, este mundo repleto de coisas viris, como arco-íris e unicórnios.

Ele queria saber se eu gostaria de participar do Encontro Delfiano, mas especificou uma condição: eu não poderia ir apenas de cueca. Como aquele mariquinha ousa especificar um código de vestimenta? Ele não entende que o Metal é minha religião? Ele pode até tentar, mas não pode me impedir. Pelo Heavy Metal eu morreria!

Minha vontade é de estripar as tripas dele e usá-las para fazer um logo de Death Metal, mas preciso do DELFOS para trazer mais pessoas para o mundo do Trüe Metal, então não quero queimar esse contato. Ao invés disso, respondo dizendo que não posso participar, pois estarei ocupado aumentando meu pênis com um novo amigo. Termino o e-mail avisando para ele se manter longe do Metallica.

DE TARDE

Já passou da hora do almoço, mas as lembas me satisfizeram de tal modo que não agüento comer mais nada. Dessa forma, decido proceder para o meu ritual diário e louvar o evangelho de Zack Snyder. Refiro-me, claro, ao espadaúdo 300, a mais fiel e realista representação cinematográfica de um momento histórico.

Oh, a glória deste filme é imensa. Gerard Butler, Sean Bean e o viril Rodrigo Santoro estão em seus mais realistas papéis. O realismo é tanto que quase não dá para separar onde o personagem termina e o ator começa. Aliás, se o Leônidas da vida real não era parecido com o Gerard Butler, ele deveria deixar de ser mariquinha e fazer uma plástica para ficar igual. Convenhamos, é isso ou deixar o hall. É um maldito poser esse Leônidas da vida real!

Já é o final da tarde e uma fome épica começa a fazer meu estômago rosnar como um Rancor sendo alimentado com apenas um anãozinho por dia. Normalmente quando isso acontece, saio às ruas para matar um javali com minhas próprias mãos.

Saio do apartamento e, depois de muito procurar, não encontro nenhum javali nas ruas. Não sei como, mas com certeza a falta de javalis nas ruas de São Paulo é coisa do Metallica. De qualquer forma, aproveito o tempo livre para colar mais uns pôsteres do Manowar e tentar levar a palavra deles para as pessoas que estão caminhando sem rumo pelas ruas e pela vida. Elas me ignoram. Certamente ainda não são suficientemente evoluídas para aceitar a verdade.

NO ÔNIBUS

Decido ir a uma taverna, mas ela fica um pouco longe, portanto será necessário pegar uma carruagem para o transporte, aquilo que os reles mortais costumam chamar de ônibus. Vou ao ponto de ônibus, uma gloriosa escultura fálica na esquina de meu palácio, ouvindo Warriors of the World United na minha ocarina do tempo (aquilo que alguns chamam de MP3 Player).

Logo, a carruagem passa. Subo nela, apenas para constatar que ela está lotada. Felizmente, minha fama é tanta que os plebeus abrem espaço para eu passar. Odin manda um happy monkey para mim, pois percebo que acaba de vagar um lugar na última fileira. Quando sento, todas as pessoas próximas levantam e se afastam, certamente percebendo que meus viris músculos precisavam de todo o espaço que pudessem ter.

Apenas um sujeito não levanta, pois estava dormindo. Aproveito para acordá-lo e tentar iniciá-lo no caminho da trüeza. Ele não pareceu muito feliz com isso e levantou me xingando. Eu sei que ele não era do Metallica, então será possível que ele fosse o Morrse? É meu único outro inimigo. Seja como for, agora basta esperar. Into Glory Ride.

O RESTAURANTE NO FIM DO TRANSPORTE

Chego ao restaurante e coloco meu glorioso e musculoso bumbum naquilo que a plebe costuma chamar de cadeira. É então que percebo que o pior aconteceu. Meu espadaúdo corpo não está mais brilhando com o vigor do óleo natural da manhã. Isso não pode ficar assim. Sem o brilho do óleo, eu pareceria ridículo apenas de cueca, sem o devido destaque para os músculos. De alguma forma, isso parece um trabalho do Metallica. Precisava improvisar. Felizmente, tinha uma garrafa de azeite na minha mesa.

Imediatamente, me levanto e começo a me besuntar com o azeite. Não é o mais apropriado, mas pelo menos vai me deixar brilhando durante minha vitoriosa ceia. Passo a mão cheia de azeite em todo o meu corpo, tomando cuidado com as áreas mais viris, como os glúteos e, claro, a ferramenta lusitana. Enquanto faço isso, percebo os olhares lascivos que estou atraindo dos outros clientes deste comedouro. Para fazer valer o dia deles, resolvo começar um showzinho, e então, enquanto me besunto, flexiono os músculos e fico em posições sensuais.

O garçom se aproxima. Imediatamente, faço o sinal do martelo em respeito e o seguinte diálogo se inicia:

Evil Rainbow of Steel: Saudações, serviçal! Traga-me de imediato néctar e ambrosia! Meu corpo carece de energia.
Serviçal: Senhor, onde estão suas calças?
EROS: Eu não uso calças, inocente serviçal. Não me reconhece? Sou um guerreiro viking de Valhalla. Um enviado de Odin. Abençoado pelo Vento Preto. Roupas estão abaixo da minha grandiosidade. Agora traga minha refeição, insolente plebeu.
Insolente plebeu, anteriormente conhecido como Serviçal: Senhor, eu preciso pedir que se retire.
EROS: Como assim? Estou aqui para abençoar vosso estabelecimento com minha espadaúda presença.
Insolente plebeu: Mesmo assim, senhor, preciso insistir para que saia.

Neste ponto, começo a ficar bravo. Se não querem me servir, também não vou abençoar esta espelunca com minha presença. Saio do local, como sempre muito aplaudido. Se antes não tinha certeza, agora tenho: o Metallica sem dúvida está envolvido nisso. Provavelmente a taverna era deles. Ou do Morrse. Ou era uma sociedade entre ambos. Eles não perdem por esperar.

Está ficando tarde, não dá mais tempo de caçar nem de ir a outro comedouro. Preciso voltar para minha morada e dormir, pois amanhã tenho um dia cheio, no qual indubitavelmente trarei muitas outras pessoas para a religião do Metal. Hail and kill, querido diário.

Com amor,
Vivi

Nota: Arriscamos a nossa vida para roubar o diário do EROS e conseguimos copiar alguns outros dias além desse. Se a repercussão for boa, podemos publicá-los também.

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