God of War Ragnarok finalmente chega ao Windows. Já que estamos na expectativa de um PS5 Pro – mesmo que para a maioria de nós ele seja desnecessário – pensei em fazer desta análise um texto diferente. Acontece que, segundo especialistas da área, meu notebook gamer é mais ou menos o equivalente a um PS5 Pro. Então neste texto vou falar sobre o port em si, claro, mas quero fazer uma humilde análise técnica e especular o que podemos esperar para a versão de PS5 Pro, baseado em como ele rodou por aqui. Vamos nessa?

GOD OF WAR RAGNAROK: SHOULD BE BETTER

God of War Ragnarok, Ragnarok, Santa Monica Studio, Windows, Delfos

God of War Ragnarok é, para mim, o pior dos God of War. Ou, talvez, o “menos bom”. Isso porque ele foi muito forte para o “lado Ubisoft” da força, com um foco absurdo em sidemissions e mundo aberto que, a meu ver, desvirtuaram totalmente a experiência de jogo. O God of War 2018era mais aberto, mas tinha uma estrutura mais metroidvania. Já Ragnarok é totalmente Ubisoft-like, para o bem e para o mal.

Mas ele demora para abrir, então não se assuste se você jogar por quatro horas ou mais sem ver nada disso. Para este texto, até a primeira sidemission aparecer, o que vem antes do mundo aberto propriamente dito – meu relógio bateu as quatro horas de jogo. Até comecei a fazer as primeiras sidemissions, mas a queda de qualidade quando seu objetivo sai da história e vai para “limpe três chaminés” é notável. E as sidemissions ficam ainda mais fracas e genéricas depois que o Ragnarok cai de fato em um mundo aberto propriamente dito. Eu continuei, e as más notícias sobre a versão de Windows vêm no intertítulo a seguir.

Porém, ele é um game muito melhor do que, por exemplo, Gears 5, para manter esta comparação em séries lineares que quiseram imitar a Ubisoft. E sem dúvida ainda vale ser jogado. Mas se você quer um jogo de ação mais focado, como é meu caso, este definitivamente não é o que procura.

GOD OF WAR RAGNAROK NO WINDOWS AINDA NÃO ESTÁ REDONDINHO

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Agora vamos à carne do texto. E permita-me começar com o lado ruim. God of War Ragnarok simplesmente se recusou a rodar a princípio. Tentei fechar e abrir o Steam, verificar os arquivos e até passar pelo Windows Update, sem resultados. Ao invés de rodar, ele abria uma tela pedindo para mandar os dados do erro para a Sony. Só depois que rodei um updater específico da Alienware que o jogo começou a rodar. Daí, enquanto jogava, ele travou totalmente na batalha contra o Thor, e depois de alguns segundos, fechou o jogo sozinho. Isso aconteceu muitas outras vezes e tive a sensação que o jogo só roda bem quando o rodo imediatamente após reiniciar o Windows.

Tenho uma péssima notícia. Em um trecho em Svartalfheim em que Kratos e Atreus passa por um buraco, onde Mimir exclama algo como “pelo cheiro estamos entrando em uma mina”, o jogo trava TODA vez ao sair do buraco. Trava, alguns segundos passam e volta para o Steam. Eu simplesmente não consegui passar desta parte, não interessa quantos dias passem ou quantas vezes eu reinicie o Windows. Aparentemente o jogo está quebrado, pelo menos no meu computador. Um dia antes de este texto sair, o jogo foi atualizado e agora dá para passar dali, mas no meu computador ele fica dando pequenas piscadinhas na imagem, como se estivesse com um problema no sinal de vídeo. Isso acontece apenas em God of War Ragnarok e em nenhum outro jogo ou no Windows.

Também tive problemas técnicos com controles. O Dualsense simplesmente não funcionou com o jogo. Ele conectou ao computador normalmente e funciona no Steam. A página de God of War Ragnarok inclusive mostra que meu Dualsense é suportado pelo jogo, mas não foi o caso. Acabei jogando com um controle de Xbox, que funcionou quase perfeitamente. O problema é que ele simplesmente não vibrava. Testei em outros jogos para garantir que não era um problema do controle, mas ele só não vibrava com Ragnarok.

PERFORMANCE

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Taí um momento extremamente tenso, mas que acaba mostrando como o Kratos é babaca.

Aqui tenho apenas boas notícias. No meu notebook com RTX 3070, o jogo rodou realmente bem. Consegui colocar tudo no Ultra e jogando a 1440p nativo, ele fica numa média de 40 fps. Como em Ghost of Tsushima, é possível ligar FSR frame generation e até combinar isso com DLSS. Neste caso, era comum o frame rate ficar acima de 80.

Vale dizer que o jogo parece bem menos pesado em Midgard do que em Svartalfheim, as duas áreas que testei. Em Svartalfheim, especialmente no início, era comum o FPS cair abaixo de 60 mesmo com frame generation e DLSS ligado. Mas depois deste engasgo inicial (que durou, sei lá, uns dez minutos), a taxa voltou a ficar em uma média de 80.

God of War Ragnarok também tem uma pré-compilação de shaders, que roda de forma completa na primeira vez que você entra no game (e demora uns bons minutos para concluir). Depois disso, a compilação roda sempre ao iniciar o jogo, mas em geral ela termina antes de você carregar seu save. Quando há uma atualização, a compilação inicial e demorada roda novamente. A boa notícia é que eu não vi nenhum engasgo que pareça ser de shaders, e mesmo nas vezes que o FPS ficou abaixo de 60, admito que só percebi porque estava olhando o contador no cantinho.

O QUE ISSO SIGNIFICA PARA O PS5 PRO?

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Estes gêisers parecem pesados, mas eu não vi uma queda clara de quadros enquanto olhava para eles.

Uma coisa é certa: o PS5 Pro não vai rodar God of War Ragnarok em uma configuração equivalente ao Ultra em 4K nativo a 60 fps. Mas acredito que vai rodar muito bem, sim. Se o tal do PSSR for tão bom quanto o DLSS, deve ser possível alcançar 4K via upscale com 60 fps.

Realisticamente falando, acredito que a Santa Monica não vai simplesmente colocar todas as configurações no Ultra, mas vai otimizar de acordo com o custo benefício de cada opção. O que, convenhamos, é o que se espera de um jogo para console. Então me parece batata que o jogo vai ter uma opção bem bacana rodando a 60 fps e talvez até acima disso. Mas definitivamente não excluiria a possibilidade de um 4K nativo a 30 fps.

Isso, claro, não afetará você que está considerando comprar God of War Ragnarok no Windows, e esta é a beleza das opções. Sou muito contra qualquer tipo de exclusividade, então vejo com bons olhos o “mascote” da Sony aparecendo no Steam – e podendo ser controlado por um controle de Xbox. Se você quer um bom God of War no Windows e ainda não jogou nenhum deles, sugiro começar pelo de 2018. O jogo é melhor, mais focado, e provavelmente custa menos no momento, além de funcionar melhor. Vá para Ragnarok se quiser mais, ou se quiser ver como esta história continua. Mas vá com a mentalidade certa, esperando um jogo de limpar mapa com alguns trechos lineares.