300: A Ascensão do Império

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Para você que estava com saudade das barrigas tanquinho e bíceps protuberantes dos másculos guerreiros gregos besuntados no suor da batalha de 300, o filme mais macho de todos os tempos (tão macho que chega a ser quase um pornô gay), nada tema. Pois chega essa semana a nossos cinemas a igualmente viril sequência: 300 – A Ascensão do Império. Pode vestir sua cueca de couro cru e flexionar seus músculos em comemoração, delfonauta trüe.

Temos aqui um filme bastante similar ao original, e sua qualidade, em minha opinião (afinal, sou eu que estou escrevendo a resenha, dã), também é bastante próxima do longa estrelado pelo rei Leônidas e seus valentes 300 espartanos.

Originalmente, Frank Miller ia explorar as origens de Xerxes numa nova HQ que posteriormente viraria este filme. Mas como ultimamente o cara parece incapaz de terminar o que começa (Grandes Astros Batman e Robin, estou olhando pra você!), segundo o site Bleeding Cool, ele só entregou duas edições da minissérie e depois desencanou, ocupado que estava em filmar Sin City 2.

Coube então a Zack Snyder e Kurt Johnstad a tarefa de completar as lacunas no roteiro. Quem se deu mal com isso foi Rodrigo Santoro, já que, diferente da ideia de Miller para a graphic novel, o filme não é centrado em Xerxes, embora aqui o personagem até apareça um pouco mais do que no anterior e sua origem seja explorada num rápido flashback.

O que me surpreendeu agradavelmente neste filme é que ele não é uma prequência ou mesmo uma continuação direta. A trama deste corre em paralelo ao 300 original, o que torna altamente recomendável que você o assista novamente antes de pegar uma sessão de A Ascensão do Império, pois há muitas referências a ele e também para melhor perceber onde cada sequência do novo trabalho se encaixa na linha temporal do anterior.

Também há muitos personagens que retornam, mas todos como coadjuvantes. O foco aqui é em Temístocles, um general ateniense que, enquanto os 300 espartanos surram os exércitos de Xerxes no desfiladeiro das Termópilas, enfrenta a gigantesca esquadra naval do deus-rei, sob o comando de Artemísia, uma grega leal aos persas.

Sim, uma mulher é a grande vilã do filme e, junto da rainha Gorgo, que volta a dar as caras aqui, eleva para duas a presença feminina, verdadeiras intrusas neste festival da salsicha de testosterona. Portanto, seguindo a progressão, é seguro afirmar que se houver um terceiro filme, ele provavelmente contará com três mulheres!

THIS IS ATHENS! NÃO, NÃO É A MESMA COISA…

Esteticamente, 300 2 é idêntico a seu antecessor. O novo diretor, Noam Murro (que, a exemplo do francês Olivier Megaton, tem um nome perfeito para dirigir filmes de ação), limita-se a copiar o estilo visual de Zack Snyder no 300 original, inclusive com as tão marcantes mudanças de velocidade nas cenas de ação.

A única coisa que muda visualmente é a fotografia. Se antes transitava numa paleta entre o dourado e o vermelho, aqui opta por tons de um azul escuro. Escuro até demais em alguns momentos. Já o 3D é desnecessário e limita-se apenas a espirrar sangue na tela.

O visual, portanto, você já conhece, e as batalhas continuam bacanudas e sangrentas. Contudo, Temístocles, interpretado pelo desconhecido Sullivan Stapleton, não é nem de perto tão tremendão quanto o Leônidas de Gerard Butler. E também faltaram boas frases de efeito. Você não encontrará aqui nada do calibre de um “This is Sparta!” ou um “esta noite jantaremos no inferno”.

Mesmo assim, o filme estava me divertindo bem e eu estava convicto de que lhe concederia quatro Alfredos. Mas aí chegou o final. Ele é tão brochante e anticlimático que fui obrigado a subtrair meio dragãozinho da nota final. O pior é que à medida que ele se aproximava, eu já imaginava que ia acabar exatamente daquele jeito. Mesmo assim, nutria uma ponta de esperança de que não fizessem justamente o que estava pensando que fariam. Mas óbvio que eles fizeram, pois isto é Hollywood, especialista em destruir esperanças.

Descontada essa decepção, o saldo geral ainda é bom. Como disse lá no começo da resenha, é bastante parecido com o primeiro. É mais do mesmo, mas feito com competência. Para quem quer mais uma dose de guerreiros sarados e seminus em épicas e violentas batalhas, está recomendado.

Contudo, antes de me despedir, lanço um desafio: prove que você é trüe e vá ao cinema vestindo apenas uma cueca de couro e uma capa e com o corpo besuntado em óleo. Quem realizar o feito e mandar para o DELFOS uma foto comprovando, receberá totalmente grátis um high five telepático do delfiano de sua preferência. Não nos decepcione!

LEIA MAIS SOBRE 300:

300 – This is… Ah, você sabe!
Pensamentos Delfianos – O povo contra um cinéfilo – O sofrimento de um cinéfilo na sessão de imprensa de 300.
Os 300 de Esparta – A graphic novel.
Sin City – A Cidade do Pecado – O outro filme baseado em um gibi de Frank Miller.
Tremendões Frank Miller – Ele já foi o cara.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
300-a-ascensao-do-imperioPaís: EUA<br> Ano: 2014<br> Gênero: Ação<br> Duração: 102 minutos<br> Roteiro: Zack Snyder e Kurt Johnstad<br> Elenco: Sullivan Stapleton, Eva Green, Rodrigo Santoro, Lena Headey e David Wenham.<br> Diretor: Noam Murro<br> Distribuidor: Warner<br>