R.I.P.D. – Agentes do Além

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A falta de criatividade e a gigantesca cara-de-pau de Hollywood em copiar descaradamente franquias consagradas não é exatamente uma surpresa, mas parece que a cada ano eles conseguem se superar, atingindo níveis cada vez mais absurdos.

Por que abri a resenha de R.I.P.D. – Agentes do Além falando disso? Você saberá no parágrafo abaixo, ao ler a sinopse, sem dúvida a mais curta e fácil em minha longa trajetória no DELFOS.

R.I.P.D. é Homens de Preto com gente morta. Eu não falei que era curta e fácil? Mas só porque eu gosto de você (sim, você mesmo!) vou elaborar um pouco mais: Nick (Ryan Reynolds) é um policial que é traído por seu parceiro (Kevin ruivas com Bacon) e acaba morto. No pós-vida, ele é recrutado para trabalhar no tal do R.I.P.D. (Rest in Peace Department, ou Departamento Descanse em Paz em bom português) como um dos agentes do além, responsável por prender mortos que se escondem na Terra para fugir do julgamento que determina se eles devem seguir para cima ou para baixo.

Aí ele vira parceiro do veterano Roy (Jeff Bridges, que deveria fazer mais papéis cômicos, pois ele é a melhor coisa do filme), um caubói legítimo. Os dois vão se estranhar no começo, aos poucos vão se entendendo, blá blá blá e aí vem mais uma tonelada de outros clichês de filmes policiais e de aventura, incluindo a grande ameaça à Terra que só eles podem deter, e após 96 minutos sobem os créditos finais. Mais padrão impossível.

O pior é que se os roteiristas se esforçassem um mínimo possível, mesmo a película sendo uma cópia descarada de MIB, ainda poderia render algo divertido e descompromissado. Mas preferiram usar aquele roteiro template, manja? E quando você sabe tudo que vai acontecer desde o primeiro minuto de projeção, é bem difícil não ficar entediado enquanto assiste. Bom, pelo menos é um filme curto, se tivesse umas duas horas ou mais, a experiência provavelmente teria passado de enfadonha a torturante.

Para piorar, até a maioria dos efeitos especiais é bem mal feita, o que não faz o menor sentido numa produção deste porte. As duas cenas onde o tempo para são até bacaninhas, mas o design e, sobretudo, a animação dos mortos criados em CGI, é bem tosca. Não sei se a ideia era fazer algo mais cartunesco. Se era o caso, não funcionou, ficou com cara de PlayStation 2.

Assim, o máximo que R.I.P.D. pode almejar é figurar na extensa galeria dos filmes nada, o que já seria uma honra para uma produção tão diluída quanto esta. Fãs da franquia Homens de Preto que estejam com muita vontade de ver algo similar, não importando quão derivativo seja, até podem tentar encontrar alguma diversão aqui. A todos os outros, melhor desencanar.

CURIOSIDADE:

– Para não jogar toda a responsabilidade da falta de criatividade deste filme em cima de Hollywood, sejamos justos: R.I.P.D., assim como Homens de Preto, é adaptação de uma HQ pouco conhecida. Então o problema já vem desde a fonte. O que não exime Hollywood, pois ela poderia ter escolhido outra coisa para adaptar.