O Espião Que Sabia Demais

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Não é possível que só eu (e o Corrales também, vai) não me conforme de todo mundo que chegou na hora certa pra cabine ter de esperar por muito mais tempo que o limite aceitável por um atrasadinho que, no fim das contas, e veja só a ironia, sequer apareceu! Por que, meu deus (qualquer um), a pontualidade é punida e não recompensada? Por quê?

Tudo bem, agora que já desabafei, posso seguir em frente. Afinal, você não está aqui, ao menos em teoria, para ler as minhas reclamações. Mas posso lhe assegurar que minha rabugice é muito mais divertida que todos os 127 minutos de O Espião Que Sabia Demais. Contudo, por enquanto, tratemos da sinopse, que até parece excitante, mas é igualmente sem graça.

Na década de 70, a Guerra Fria está bombando e o serviço secreto inglês desconfia de que há um agente duplo infiltrado em suas fileiras. A tarefa de desmascarar o traidor recai sobre os ombros de Gari Homemvelho. Ainda bem que ele andou trabalhando com o Batman e tem a experiência necessária para encontrar o culpado…

Pois bem, temos aqui um filme de espionagem cheio de agentes ingleses. Era de se pensar que teríamos um bando de James Bonds em potencial, correto? Cafajestes classudos, com licença para matar, beber martinis e pegar qualquer rabo de saia pela frente. Ou, se quisesse uma estética mais contemporânea, poderia beber da fonte da trilogia Bourne, com ação ultrarrealista ininterrupta.

O caminho que o filme trilha, no entanto, é o de duas horas de muito papo e nenhuma ação. Isso não seria problema algum se os diálogos e a trama fossem interessantes. Não são. A história é clichê. Não há um elemento sequer que você já não tenha visto em algum outro filme do gênero. E os diálogos são apenas normais. Ou seja, não demorou pra eu começar a devanear forte dentro da sala de exibição, mesmo contra minha vontade.

Outra coisa negativa. Não sei se era um problema da cópia, do projetor ou se é assim mesmo (torço para ser um dos dois primeiros), mas a fotografia estava péssima. Excessivamente granulada e desfocada em diversos momentos. Parecia até coisa de fotógrafo em primeiro dia de aula.

O único ponto positivo é mesmo o bom elenco, mas nem mesmo ótimos atores são capazes de fazer milagre num trabalho onde parece faltar alma. Aliás, não entendo por que tanta gente boa resolveu apostar nesse filmeco abaixo do meia-boca.

Sendo assim, temos aqui um filme chato, arrastado e enfadonho, sem qualquer novidade. Se você gosta de um bom filme de espionagem, lamento informá-lo, mas não é aqui que irá encontrá-lo.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
o-espiao-que-sabia-demaisPaís: França/Reino Unido/Alemanha<br> Ano: 2011<br> Gênero: Espionagem<br> Duração: 127 minutos<br> Roteiro: Bridget O’Connor e Peter Straughan<br> Elenco: Gary Oldman, Colin Firth, Tom Hardy, Benedict Cumberbatch, Toby Jones, Mark Strong e John Hurt.<br> Diretor: Tomas Alfredson<br> Distribuidor: PlayArte<br>