Uma Comédia Nada Romântica

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Eu gosto de paródias. É só ler minha resenha sobre o DVD do “Weird Al” Yancovic para constatar isso. Eu também gosto de comédias nonsense. Manja aquela maravilhosa safra que tivemos nos anos 80? Corra que a Polícia Vem Aí, Top Secret, Top Gang, Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu e tantos outros que alegraram a infância de tanta gente. Isso sem falar nas pérolas que descobri mais tarde, como Monty Python e outros representantes do humor inglês, como uma série que aparentemente apenas eu conheço (ela passava no canal Multishow nas madrugadas de terça para quarta, se não me engano), que é de morrer de rir, chamada Father Ted.

Mas por que falei tudo isso? Elementar, caro delfonauta. Para deixar bem claro que Uma Comédia Nada Romântica NÃO tem nada a ver com os clássicos do humor citados acima, sendo bem mais parecido com o Todo Mundo em Pânico que, curiosamente, costuma ser associado aos filmes do primeiro parágrafo, até porque sua terceira edição é dirigida pelo próprio David Zucker e tem no elenco o tremendaço Leslie Nielsen (dupla envolvida em boa parte dos longas que mencionei).

Na verdade até tinha alguma esperança com esse aqui. Como todo mundo que acompanha o DELFOS já sabe, eu odeio comédias românticas e ri muito com a sátira brasileira feita ao gênero e que possivelmente inspirou os estadunidenses a fazerem sua versão. Mas não, pára tudo! Como dificilmente acontece no gênero, a paródia brasileira humilha humilhantemente este estadunidense. Palmas para nosso ensolarado país, que veio antes, viu e venceu as “estrelas e listras”.

O problema desse aqui é justamente o fato de ele ser deveras estadunidense. Ele não satiriza um único gênero, como eu esperava, mas atira sátiras para todo lado. De Kill Bill a King Kong, nem programas de TV escapam. E aí está: boa parte dos programas zoados pelo filme são inéditos aqui ou semi-desconhecidos, como é o caso do The Bachelor e do Pimp My Ride. Mas piora, pois quando não está satirizando coisas que não conhecemos, apela para aquele tipo de humor vulgar à Martin Lawrence, ou seja, inúmeras piadas e referências sexuais, flatulências e muitas nojeiras de fazer Fome Animal parecer um desenho da Disney.

A história? Bom, a trama é basicamente uma garota desesperada para casar (a totosa Allyson Hannigan, que fez a Michele, aquela ruivinha safada de American Pie – neste momento, todos os delfonautas do sexo masculino façam uma reverência a todas as ruivinhas safadas que habitam o nosso mundo. Deus as abençoe!), que encontra o amor de sua vida e passará pelas provações mais tradicionais (aquelas que estão em todas as comédias românticas, sabe?), inclusive um sofrido musical lá no final.

Até rolam algumas risadas. Algumas das paródias são bem sacadas, como a participação inusitada de Frodo, Sam e Gandalf. Se tivessem gastado mais tempo do filme com piadas desse tipo, a nota seria bem melhor. Como isso não aconteceu, se você quiser uma boa comédia nonsense no cinema, fique com RRRrrrr!!!. Ou então fique em casa e alugue todos os filmes dos quais o Leslie Nielsen participou nos anos 80.