Que a guerra não faz sentido, todo mundo já sabe. Porém, o que talvez nem todos saibam é que todo o resto que cerca um conflito armado também pode ganhar ares de nonsense, desde que visto sob a ótica certa. É mais ou menos esse esquema de “rir para não chorar” que Um Dia Perfeito retrata.
Passado na Guerra dos Bálcãs em 1995, ele mostra um grupo internacional de auxílio humanitário liderado pelo Benicio Del Toro, e do qual também faz parte o Tim Robbins, fazendo o possível para ajudar a castigada população local. A tarefa mostrada no filme parece simples: tirar um cadáver gordo de dentro de um poço para que a água possa ser purificada e volte a ser usada para consumo.
Porém, como tudo que cerca uma guerra não faz sentido, essa tarefa se provará muito mais difícil e extenuante, para não dizer quase impossível. O longa equilibra bem o drama com o humor, embora este nunca mire em gargalhadas abertas, preferindo um caminho mais discreto, para contar de maneira sensível os percalços pelos quais passam quem tem a boa vontade de ajudar em situações difíceis.
Da burocracia da ONU à desconfiança local, tudo se torna um percalço quase intransponível, impedindo a realização das coisas mais básicas. O fato de que o longa se passa no curso de dois dias (e não um, como o título dá a entender) e gira basicamente em torno de uma única situação (o cadáver no poço) deixa a história contida e redonda.
Além de apresentar bem seu grupo de personagens, todos eles bem defendidos em ótimas atuações, também conta com uma excelente trilha sonora, recheada de clássicos do rock, o que sempre faz bem para os ouvidos.
O longa é esperto em nunca escorregar para o sensacionalismo exacerbado, coisa que poderia ocorrer facilmente com um tema desses. Embora evite este risco e seja na verdade bastante divertido durante toda sua duração, também não é exatamente algo marcante.
Um Dia Perfeito é um filme pequeno que trata com a medida certa de bom humor um tema espinhoso. Bom o bastante para valer uma sessão para quem se interessa por esses assuntos, porém longe de ser algo impactante ou que vá permanecer na memória horas depois das luzes se acenderem.
