Três Vidas e um Destino

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Se nossas resenhas aqui no DELFOS tivessem subtítulos, o de Três Vidas e um Destino com certeza seria “O épico que quebrou a cara”. Basta dizer que realmente foi uma boa idéia a criação do termo “filme nada”, pois este exemplar situa-se entre ele e um mero filme fraco. Se você não sabe o que é um “filme nada”, leia a resenha de Aprendendo a Mentir e descubra.

Escrevi que o filme é um épico, mas não daqueles do tipo “a espada era a lei”, como Cruzada e Excalibur, mas daqueles que mostram uma longa jornada que dura anos e é permeada por acontecimentos grandiosos.

Aqui temos a história de amor entre Guy (Stuart Townsend, o Dorian Gray de A Liga Extraordinária) e Gilda (Charlize Theron, que andava sumida desde o Oscar recebido por Monster). Ele, um jovem idealista, quer contribuir para um mundo melhor. Ela, uma mulher ultraliberal para a época (a história começa em 1933) que só quer saber de se divertir. Os dois se conhecem na universidade e a partir daí viverão uma longa história de amor que irá perdurar até o final da Segunda Guerra Mundial, mesmo que nem sempre estejam juntos.

Há ainda a presença de Penélope Cruz no elenco, como uma espanhola (por que será?) protegida de Gilda, que forma um triângulo amoroso com ela e Guy. Mas trata-se de um triângulo do bem, afinal, lembre-se que Gilda é bem moderninha e o certinho Guy também não parece se incomodar com isso.

As coisas se complicam quando Guy e Mia (a personagem de Penélope) decidem participar da Guerra Civil Espanhola. Mais tarde, Guy irá combater também na Segunda Guerra. Gilda, que acha as guerras uma bobagem sem tamanho (não deixa de ter razão) se enfurece por ter de se separar de sua amiga e do amor de sua vida, mas a longa convivência com eles pode fazer com que ela perceba que lutar por um ideal pode ter seu valor.

O filme segue todas as fórmulas possíveis para manipular as emoções do espectador e me pareceu bem visível a sua pretensão de ser um filme de Oscar. Sente só: uma história de amor inabalável, longas passagens de tempo, tragédias e mensagens edificantes estão presentes na obra. Todos elementos que os votantes da academia adoram, mas que neste caso simplesmente não funcionam.

Se o filme tem algum mérito, é sua produção esmerada. Cenografia, figurinos e fotografia caprichados, mas de que nada adiantam com um roteiro burocrático, que simplesmente não empolga em nenhum momento. De que adianta torrar uma nota preta nos detalhes técnicos se o principal, a história, não recebe o mesmo cuidado? Para mim, isso é puro desperdício de dinheiro e seria melhor aproveitado caso tivesse sido doado para o DELFOS.

Aliás, esse filme me lembrou bastante Cold Mountain, não pela trama, mas por ser outra obra grandiosa, com todos os elementos para dar certo, mas que simplesmente não conseguiu a identificação com o espectador.

Não tenho nada contra obras grandiosas ou megalomaníacas, mas nesse caso a pretensão do filme bateu de frente com seu andamento sem inspiração, tornando-o um simples filme arrastado – seus 132 minutos parecem três horas – sem nada para atrair o público aos cinemas.

Um romance sem sal, com toques de comédia e de filmes de guerra, que atira para todos os lados e não consegue acertar nenhum alvo. Totalmente dispensável. E, com essa declaração, digo que já está na hora de encerrar, pois estou começando a me repetir e isso não é nada bom, já que com isso esta resenha está ficando como o filme que a originou: chata e redundante.

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