Superman: O Legado das Estrelas

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No mundo dos quadrinhos já não é mais nenhuma novidade recontar a origem de um super-herói de tempos em tempos. Esta prática serve tanto para atualizar elementos, modernizando o personagem – e assim não deixando sua peteca cair – quanto para dar uma eventual consertada em algo de sua mitologia que não funcione. Mas o principal motivo é mesmo atrair novos leitores, apresentando uma origem que eles não tiveram a oportunidade de conhecer e torcendo para que o carinha se empolgue e passe a acompanhar as aventuras do personagem todos os meses.

Este último caso é o que parece se aplicar a Superman: O Legado das Estrelas. Para quem, como eu, começou a acompanhar as histórias do Homem de Aço a partir da reformulação feita por John Byrne nos anos 80, essa nova origem, a cargo do sempre competente Mark Waid (de O Reino do Amanhã), parece ter o único propósito de atrair a galerinha que não perde um episódio do enorme sucesso televisivo Smallville, mas não acompanha o azulão nos quadrinhos. Acrescentando alguns elementos que deram certo no programa de TV à mitologia dos quadrinhos, espera-se que esse novo público passe a dar uma força para as revistas do herói, que nunca foram grandes campeãs de venda. Mas para mim, isso nunca foi culpa do personagem, visto por muitos como pouco interessante, mas dos péssimos roteiros de suas histórias. É incrível, parece que o personagem atrai escritores de quinta que só conseguem criar tramas tosquinhas para o rapaz. A proporção entre boas e más histórias é bem discrepante, e por isso as revistas do azulão, com o perdão do trocadilho, não decolam.

Mas, especulações à parte, em O Legado das Estrelas você verá novamente toda aquela história que com certeza já deve conhecer (ou no mínimo, já ouviu falar). Ela é recontada sobre uma nova ótica, mais moderna e com algumas mudanças significativas, mas que não chegam a tornar a leitura essencial.

A mini abre no moribundo planeta Krypton, com a clássica cena dos pais do pequeno Kal-El colocando o rebento no foguete e enviando-o para um planeta de Sol amarelo, a Terra, onde o bebê desenvolverá habilidades extraordinárias e blá blá blá. O ponto interessante aqui é que a série mostra um pouco mais da história do finado planeta.

Outro ponto positivo da HQ é cobrir também um período pouco explorado da vida de Clark Kent, o tempo em que viajou pelo mundo, para conhecer melhor seu planeta adotivo. Depois da introdução em Krypton, passamos a acompanhar as aventuras do jovem Clark na África, onde ele irá se envolver em uma intriga política que o fará usar suas fantásticas habilidades em prol dos humanos pela primeira vez, ainda sem sua identidade de Superman. Esse fato é o catalisador que o fará retornar para Smallville e com o apoio dos pais (desenhados fisicamente bem parecidos com suas contrapartes do programa Smallville) assumir de vez seu papel de salvador da humanidade, vestindo o uniforme azul e vermelho (e a cueca por cima das calças) e assumindo sua base de operações em Metrópolis.

Bem, mas afinal, o que mudou? Em Metrópolis, logo que entra em ação pela primeira vez, toma conhecimento de Lex Luthor, uma figura de seu passado. Sim, agora Luthor, como em Smallville, está integrado à juventude do Homem de Aço. Ele era um jovem genial e excêntrico, visto por todos como uma aberração, e por isso mesmo um cara tremendamente anti-social. O único amigo que conquistou chamava-se Clark Kent. Na delicada relação de amizade e admiração entre eles, nasceu um respeito mútuo, pois Lex logo reconheceu que Clark não era apenas um caipira simplório.

No entanto, ao tentar abrir um portal para outra galáxia, Lex acabou contatando Krypton, mas sofre um acidente que o deixa carequinha e desaparece da cidade. Clark só o reencontra anos depois, em Metrópolis, agora como um cientista renomado e de objetivos escusos. A partir da primeira aparição do Superman ele passa a fazer de tudo para destruí-lo, pois acredita ser uma ameaça. A rivalidade irá culminar no grande plano de Luthor de armar uma suposta invasão alienígena kryptoniana para jogar a humanidade contra seu campeão.

Mark Waid amarra bem os elementos clássicos da mitologia do personagem com essas novas alterações, e faz algo que eu pelo menos nunca tinha visto antes. Tenta explicar como diabos ninguém consegue descobrir que Clark Kent é o Superman se seu disfarce é apenas um mísero par de óculos! Olha, a explicação dele até que tem lá seu fundamento, mas obviamente não dá pra engolir. Pelo menos valeu a tentativa, eu dei boas gargalhadas.

Waid também injeta mais atitude na personalidade do Super, apagando um pouco da aura de bom-mocismo exacerbado que tanto marcou o personagem. Em determinado momento ele dá uma lição em um criminoso, mostrando como é estar do outro lado da mira de um revólver. Um grande momento, que ajuda a deixar o personagem mais sério e menos escoteiro. Os desenhos de Leinil Francis Yu são bem detalhados e me agradaram bastante. A arte passa bem o espírito de grande aventura. No entanto, o único ponto negativo é que de vez em quando ele suja demais os rostos dos personagens com traços desnecessários. Mas o saldo final é positivo.

Se você já conhece as origens do Homem de Aço, Superman – O Legado das Estrelas não acrescenta muito e é até dispensável. As mudanças apresentadas não repercutiram em nada nas histórias mensais do azulão. No entanto, se você é um neófito e não encontrava a oportunidade perfeita para começar a acompanhar as HQs do Super, esta minissérie é um boa porta de entrada para as aventuras do Homem do Amanhã. Então vai fundo, pois neste caso a leitura é diversão garantida.

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Alfredo De la Mancha
Alfredo é um dragão nerd que sonha em mostrar para todos que dragões vermelhos também podem ser gente boa. Tentou entrar no DELFOS como colunista, mas quando tinha um de seus textos rejeitados, soltava fogo no escritório inteiro, causando grandes prejuízos. Resolveu, então, aproveitar sua aparência fofinha para se tornar o mascote oficial do site.
superman-o-legado-das-estrelasPaís: EUA<br> Ano: 2003/2004 (EUA) / 2004 (Brasil)<br> Autor: Mark Waid (roteiro), Leinil Francis Yu (desenhos) e Gerry Alanguilan (arte-final)<br> Editora: Panini<br>