Sabe aqueles filmes que têm sinopses tão instigantes que elas cumprem totalmente sua função de deixá-lo interessado em assistir à película em questão? E depois que as luzes se acendem você se dá conta de que foi quase uma propaganda enganosa? Pois é, Picasso e o Roubo da Monalisa se encaixa nesta categoria.
Levemente baseado em eventos reais, ele conta o período em que o pintor Pablo Picasso vivia em Paris (a mesma época retratada pelo Woody Allen no bacanão Meia Noite em Paris), duro e tentando sobreviver de sua arte. Daí algum “gênio do crime” tem a ideia de jerico de roubar a Monalisa, somente o quadro mais famoso do mundo, de dentro do Museu do Louvre, e de alguma forma Pabloso vira suspeito do crime.
Misturando drama e comédia, pendendo mais para o segundo, o filme começa de forma leve, com uma estética de filme antigo, tipo os fades que fecham em círculo no rosto de alguém ou em algum objeto, e com uma trilha sonora que remete às velhas comédias dos anos 30 e 40.
O estilo de humor também é bem ingênuo e consiste em Picasso e sua turma de colegas artistas aplicando pequenos golpes e trambiques para financiar suas obras de arte. Porém, se o negócio até começa de forma simpática, não demora muito para ele rapidamente cair de qualidade e se tornar bastante arrastado e sem graça.
Isso porque, no fim das contas, nada acontece. Grande parte do filme consiste nos personagens flanando para lá e para cá sem muito objetivo, e a parte do roubo, que no fim das contas é o que realmente chama a atenção para a obra, entra demasiadamente tarde, já no terceiro ato, e sua resolução é tão rápida e mal desenvolvida que você só descobre o que realmente aconteceu naqueles tradicionais letreiros finais, que vão revelando o destino de cada um dos personagens.
Assim, acaba virando um trabalho sem propósito, com uma estética bonita e cheia de referências que devem divertir quem gosta dos artistas que aparecem pela tela, especialmente o protagonista Picasso e o escritor Guillaume Apollinaire, mas que é muito pouco para o público comum ou para quem não tem grande interesse neste mundo.
Poderia ser uma boa comédia, mas acabou perdendo seu charme pelo caminho, resultando em algo bem arrastado e sem muitos predicados. É o tipo de filme que uma semana depois eu nem me lembraria de ter assistido não fosse pela existência desta resenha delfiana que perdurará por toda a eternidade como documento de que sim, eu de fato vi Picasso e o Roubo da Monalisa. Mas você, delfonauta, não precisa passar por isso e pode escolher tranquilamente um programa com mais “sustância”.