Se tem um gênero que vem florescendo com gosto no recente universo dos jogos em VR, estes são os jogos de terror. Paranormal Activity: The Lost Soul é um jogo inspirado pela famosa série de filmes Atividade Paranormal, e também tem preço de jogo premium, saindo por cerca de 40 dólares na gringa.

BONITEZA

A primeira coisa que você vai perceber é que os gráficos de fato são superiores à imensa maioria dos jogos disponíveis para PS VR. A casa é detalhada e variada, a iluminação é caprichada e a coisa toda tem um climão deveras assustador.

Paranormal Activity: The Lost Soul, Delfos
Tem certeza que quer entrar aí?

Aliás, assustador é a palavra-chave por aqui. Embora como jogo não seja tão diferente de coisas como Gone Home, o clima e a atmosfera são tão bem criados que dá um medinho bem forte. Pessoas mais fracas do que eu teriam gritado um número plural de vezes ao longo da campanha. Não eu, é claro. Eu não tive medo algum. O fato de eu ter sido encontrado encolhido em posição fetal e chorando baixinho em um canto da minha casa não tem nada a ver com o medo que o jogo causou em mim.

Paranormal Activity: The Lost Soul, Delfos
Caraca, uma sombra! Vade retro, bichim dos infernos!

CONTROLEZAS

Infelizmente, os controles do jogo pecam bastante. Bastante mesmo. Do tipo que você precisa pensar no que apertar antes de cada movimento. O jogo é controlado por dois Moves e, salvo engano, não há a opção de usar Dualshock, o que seria muito melhor.

Assim como The Bellows, ele tenta uma nova forma de movimento, abrindo mão dos tradicionais teleportes. Ao contrário de The Bellows, no entanto, aqui a coisa não funciona tão bem. Ao apertar o quadrado no controle da mão esquerda, você anda na direção para a qual estiver olhando. Logo você vai perceber a importância de se andar para um lado e olhar para outro, o que dá saudades do estilo de The Bellows, onde você andava na direção para a qual apontava o controle.

Também incomoda o ato de pegar e movimentar coisas, especialmente abrir e fechar portas. Para isso, você faz o movimento real, de segurar a maçaneta, girar a mão e puxar ou empurrar a porta, mas o PS VR não funciona bem o suficiente para que isso seja natural. Você vai fatalmente ter que abrir a porta e ser bloqueado pelo seu próprio corpo, ou então tentar abrir e ela fechar.

Também há problemas de alcance. Logo no início, você precisa pegar uma chave para entrar na casa, mas eu não conseguia alcançá-la, pois ao tentar abaixar, minha mão saía da área que o PS VR consegue acompanhar.

Paranormal Activity: The Lost Soul, Delfos
Os fantasmas do jogo são equilibristas.

Também há características técnicas que incomodam bastante, como o fato de o jogo não dizer quando salva. Quando eu queria parar, me via obrigado a abrir o painel do PS4 e ver a hora do último save, ou então correr o risco de perder muito tempo de jogo.

Outra coisa técnica que não dá para entender é a necessidade de ler e aceitar um contrato toda vez que rodar o jogo. E incomoda ainda mais pelo fato de o contrato dizer que o jogo não está pronto. Como assim? Ele foi lançado e está sendo vendido, e não é barato. Bugs podem ser encontrados, claro, mas nada aqui diz que este é um jogo em early-access.

EXPLOREZAS

Paranormal Activity: The Lost Soul, Delfos
Atividade Paranormal feelings.

Basicamente o que temos aqui é um jogo de exploração com bastante mistério. Logo você percebe que há uma menina na casa, embora demore para você saber quem ela é e qual seu papel. Há também uma outra mulher, e esta parece bem mais perigosa. Do tipo, você não quer chegar perto dela, sabe?

Paranormal Activity: The Lost Soul, Delfos
Isso! Isso é exatamente o que você não quer!

Ao chegar na casa, boa parte das portas estarão trancadas, mas não demora para você começar a achar chaves. Então a rotina do jogo é basicamente procurar por chaves e experimentá-las em todas as portas até servir em uma delas.

Quando a coisa está rolando e você está sendo submetido à história e a sustos roteirizados, a coisa é muito boa, assustadora e interessante. No entanto, você vai fatalmente passar um bom tempo sem saber o que fazer. Por exemplo, perto do final, eu encontrei uma porta que dizia que eu precisava de um monte de itens para entrar.

Paranormal Activity: The Lost Soul, Delfos
O livro mostra o que eu tenho. A porta o que eu preciso.
Paranormal Activity: The Lost Soul, Delfos
Nada como um pentagrama para começar bem o dia.

Me faltavam dois. Uma vela e um pé. A vela eu consegui dar um Google e descobrir como achar, mas o pé, que no final das contas era uma certidão de nascimento, deu muito mais trabalho, pois aparentemente ela aparece em locais aleatórios. Esta é uma péssima decisão da desenvolvedora. A pior coisa que pode acontecer para um jogo é você ter que parar de jogá-lo para procurar um guia e descobrir o que fazer. Pior ainda é se os guias não ajudam, uma vez que não há uma solução específica, igual para todos. Isso apenas prejudica o jogo, e prejudicou muito Paranormal Activity: The Lost Soul.

Eu passei minhas últimas horas com o jogo andando de um lado para outro na casa procurando a maledeta certidão. Não havia mais sustos, nem nada acontecendo. De vez em quando uma porta dava uma tremida, como se um monstro quisesse entrar, mas isso acontece várias vezes desde os primeiros minutos e logo perde o impacto. Tirando isso eu estava apenas andando por corredores pelos quais já tinha passado muitas e muitas vezes.

CONCLUSEZAS

Paranormal Activity: The Lost Soul, talvez seja, sim, o jogo em VR mais assustador que já joguei. Porém, os problemas de controle e de clareza do que fazer são frequentes o suficiente para diminuir bastante a diversão. No final das contas, ele acaba funcionando melhor como conceito do que como jogo final. Talvez até por isso a própria desenvolvedora não o considere ainda um jogo “pronto”. Alguns meses extras de desenvolvimento e a opção de jogar com o Dualshock poderiam tornar este um jogo realmente especial.