Atividade Paranormal

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Indo direto ao ponto e trocando em miúdos, Atividade Paranormal é o maior hype do cinema de terror desde A Bruxa de Blair, no já longínquo ano de 1999. E ele também tem muitas semelhanças com a película dos estudantes de cinema que se perdem no mato. Para começar, é um filme de baixíssimo orçamento que ganhou muita grana. Custou apenas quinze mil verdinhas e já faturou mais de cem milhões só nos EUA.

Também se valeu de uma esperta campanha de marketing para construir sua reputação. No caso, o trailer que mostrava a reação apavorada de uma plateia durante uma exibição do filme. E para completar a seção das similaridades, ambos os filmes simplesmente não são bons, tornando assim todo o bafafá completamente injustificado.

Aqui temos a história do casal Katie e Micah, que acaba de se mudar para uma casa nova e são incomodados por, adivinhe só, Atividade Paranormal, meu amiguinho. São luzes que acendem e apagam, portas que se fecham, ruídos estranhos e outras ocorrências que deixariam qualquer um que tenha medo do escuro com o fiofó travado.

Após consultar um médium, o casal descobre que não se trata de um fantasma, e sim de um demônio e que ele não está assombrando a casa em si, mas está ligado diretamente à própria Katie. Micah, com uma filmadora recém comprada, decide então registrar as noites do casal na casa, e os fenômenos que os cercam. E o filme é exatamente isso: os registros de Micah captados em uma câmera amadora, tremida (exceto nas cenas noturnas do quarto, quando ele a deixa em um tripé) e quase sem edição.

Essa estética realista/documental na linha do próprio A Bruxa de Blair e Cloverfield – Monstro, aqui não ajuda em nada, lembrando apenas uma versão dos pobres de Poltergeist – O Fenômeno ou um episódio esticado de Ghost Hunters. Ou seja, não há absolutamente nenhuma novidade por aqui.

O começo, e por começo me refiro à primeira meia hora, é muito chato, não acontece nada e temos de aguentar aquelas típicas besteirinhas de casais que acabaram de comprar uma filmadora (e não, eles não a usam na hora da sacanagem). E quando as coisas começam a acontecer, o negócio também não empolga tanto assim. Pois poucas realmente ocorrem e são na verdade bem insignificantes. Na realidade, só há umas duas ou três cenas que de fato causam uma tensão, o que, convenhamos, é muito pouco.

Pra completar, os protagonistas ainda não ajudam em nada, pois ambos são simplesmente burros demais. Aliás, ainda mais burros que a média geral dos personagens de filmes de terror, que jamais primaram por uma inteligência privilegiada. O Micah então chega ao cúmulo de fazer sempre, mas sempre mesmo, o exato oposto do que lhe mandam. Eu não sei quanto a você, mas se eu descobrisse que estou com um demônio em casa, eu não iria querer puxar papo com ele e muito menos antagonizá-lo. Chamaria um padre ou os irmãos Winchester, sei lá.

Sendo assim, Atividade Paranormal é apenas um filme pequeno de terror que trafega entre o ruim e o regular e tem uma ou outra parte legalzinha e só. E como a maioria dos hypes, é apenas muito barulho por nada.

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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
atividade-paranormalPaís: EUA<br> Ano: 2007<br> Gênero: Terror<br> Duração: 87 minutos<br> Roteiro: Oren Peli<br> Elenco: Katie Featherston e Micah Sloat.<br> Diretor: Oren Peli<br> Distribuidor: PlayArte<br>