Os 300 de Esparta

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Leia todo o especial de 300:
300 – O filme.
Sin City – O outro filme.
Frank Miller – O cara.
Pensamentos Delfianos – O povo contra um cinéfilo – O sofrimento de um cinéfilo na sessão de imprensa de 300.

Frank Miller agora é a bola da vez nos cinemas. Fato que ajuda a gerar novo interesse por seu trabalho nos quadrinhos. Graças ao sucesso de Sin City – A Cidade do Pecado nas telonas, gente que geralmente não lia HQs ficou interessada em ir direto à fonte. Agora, com a estréia de 300, aposto que esse pessoal vai querer até ler os quadrinhos antes de ver o filme pra conferir se a adaptação foi boa.

Assim como Sin City, Os 300 de Esparta é outra das obras mais pessoais do autor. Isso porque, quando criança, Frankinho assistiu ao filme de mesmo nome, produção de 1962, e ficou encantado, não apenas com a narrativa cinematográfica (que viria a caracterizar suas futuras HQs), como também com a coragem e o heroísmo das três centenas de espartanos. Muitos anos depois, na graphic novel em questão, ele fecha o ciclo dando sua própria visão deste episódio da História grega.

Em 480 a.C. o gigantesco exército persa, liderado pelo Deus-Rei Xerxes chega a território grego com ideais de dominação. Mas encontra resistência em Esparta, notória cidade conhecida pelos seus soldados bem treinados. Depois de um “incidente diplomático”, o rei espartano Leônidas, acompanhado apenas de sua guarda pessoal de 300 homens, parte para a guerra sabendo que não terão chances de vencer os persas, o maior exército que o mundo já vira. Mas isso não quer dizer que eles não possam fazer um belo estrago primeiro…

Utilizando-se de uma bela estratégia, levam a batalha ao desfiladeiro das Termópilas, onde a geografia apertada inutiliza a vantagem numérica dos persas, representando a única chance de triunfo dos espartanos. Bem, quem já estudou História da Grécia já deve saber qual o final da história. Senão, só lendo a HQ e/ou vendo o filme, porque aqui no DELFOS não somos fãs de spoilers.

Aliás, por falar em estudo, lembro que nos poucos meses em que freqüentei o cursinho pré-vestibular, um colega de classe perguntou ao professor de História se ele havia lido os quadrinhos e se havia gostado e achado fiel historicamente.

O professor respondeu que tinha gostado, mas que o sr. Miller tomara algumas liberdades artísticas. Por exemplo, ele afirmou que os espartanos não costumavam andar por aí com os bilaus de fora, como Frank retratou.

Questões de fidelidade à parte, o interessante desta graphic novel é notar como Frank usa poucos diálogos e recordatórios, e mesmo assim consegue passar toda a tensão antes de uma batalha e a emoção do conflito.

Minha opinião é de que ele escolheu essa abordagem para deixar o leitor imerso no ponto de vista espartano, um povo adepto da filosofia do “pouco papo e mais ação”. E todo mundo que já tentou escrever alguma história sabe que é muito mais difícil contá-la com poucas palavras do que abusando de diálogos.

Na parte visual, o Frank Miller desenhista se supera nos enquadramentos, com grandiosos planos abertos que valorizam ainda mais o belo trabalho de colorização de Lynn Varley e medidas criativas, como em determinado momento, a visão em primeira pessoa do Rei Leônidas através de seu elmo, encarando a enorme tropa de Xerxes. Você se sente literalmente na frente de batalha.

A única coisa que me desagrada um pouco é o traço de Miller para os personagens, o qual acho um tanto caricato. Mas isso é mera questão de gosto pessoal, em nada influindo na apreciação da revista, que sem dúvida está no patamar dos melhores trabalhos do autor.

Os 300 de Esparta foi publicada no Brasil pela primeira vez em 1999, pela editora Abril como uma minissérie em 5 partes. No final do ano passado, ganhou uma nova edição, da Devir, dessa vez em volume único e em formato widescreen, o que valoriza ainda mais os belos painéis de Frank. Essa nova edição, aliás, você pode comprar aqui.

Seja você um fã de História, de Frank Miller ou apenas apreciador de uma boa graphic novel, Os 300 de Esparta é uma leitura mais que recomendada. E o momento é bem oportuno, afinal 300, o filme, promete ser um dos melhores do ano.

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Alfredo De la Mancha
Alfredo é um dragão nerd que sonha em mostrar para todos que dragões vermelhos também podem ser gente boa. Tentou entrar no DELFOS como colunista, mas quando tinha um de seus textos rejeitados, soltava fogo no escritório inteiro, causando grandes prejuízos. Resolveu, então, aproveitar sua aparência fofinha para se tornar o mascote oficial do site.
os-300-de-espartaPaís: EUA<br> Ano: 1998 (EUA) / 1999 e 2006 (Brasil)<br> Autor: Frank Miller<br> Editora: Abril (1999) e Devir (2006)<br>