O Último dos Velhos Dias

0

Era mais uma noite chuvosa de primavera. Na redação do DELFOS, um homem de quase dois metros de altura olhava pensativamente pela janela, enquanto uma menina de oito anos terminava de digitar uma notícia em seu computador.

Lucas Fernandes Corrêa: A chuva está apertando e os raios estão mais frequentes… Será que isso vai impedir alguém de vir?

Joanna Lis: Duvido muito. Mas creio que isso vá atrasá-los um pouco. Aliás, já estão atrasados.

Lucas: Já terminou aí?

Joanna: Só falta eu colocar um acento que deixei passar e… pronto. Eis aqui, a última de nossas antigas batalhas diárias. Já sinto até um ar de nostalgia lendo esta, que será a última- -.

Neste momento a porta se abre, revelando uma moçoila de cabelos azuis vestindo uma capa de chuva amarela e um rapaz com uma barba muito, mas muito trüe, vestindo uma capa de chuva vermelha. Ambos ensopados até os ossos.

Tis Boeira: Oi, gente. Antes de tudo, tem algum lugar onde possamos deixar nossas capas molhadas?

Lucas: Podem deixar aí, do lado da porta. Eu coloquei um balde embaixo do cabideiro para a água não molhar o piso.

Flávio Rodrigues: Achei que ia ser o último a chegar, mas fiquei feliz ao encontrar a Tis na entrada do grande portão de aço. Cadê o resto da galera?

Joanna: Vocês são os primeiros a chegar.

Tis: Sério? Sacanagem. Esse pessoal das antigas, sempre se atrasando pras reuniões.

Flávio: Parece até coisa do destino, ou de algum roteiro mirabolante, somente nós, os quatro jovens redatores, os responsáveis pelas notícias, reunidos aqui, neste dia.

Lucas: De fato, a gente suou bastante com as notícias desde que entramos no DELFOS.

Joanna: Dá um baita dum trabalho escrever notícias mesmo, mas vale a pena. A gente aprende um monte de coisa e, quando deduzimos um boato, ganhamos fama de médiuns.

Tis: Isso sem falar que algumas notícias simples servem de base para textos mais legais e mirabolantes.

Flávio: Inclusive, no ano passado, uma mera notícia gerou o texto com a maior quantidade de likes da história do DELFOS!

Lucas: Eu vou ser sincero e dizer que eu nunca me imaginei escrevendo notícias diárias para o site. E agora, olha só para nós aqui. Nem dá pra acreditar que conseguimos sobreviver ao treinamento.

Neste momento, nossos quatro redatores soltam uma imensa gargalhada conjunta, relembrando todas as aventuras que as notícias diárias já lhes causaram.

Tis: Escrever notícias é legal, mas escrever matérias e resenhas é ainda melhor. São nelas que expressamos nossas opiniões e damos a oportunidade do público se expressar também.

Joanna: Sim. Agora nós poderemos produzir mais textos reflexivos, já que —

A porta se abre e a figura de um homem aparece, pingando dos pés à cabeça, munido de um guarda-chuva com estampas de números binários, falando em tom apressado.

Homero de Almeida: Desculpem o atraso, pessoal. O trânsito nesta cidade está um caos, até parece o fim do mundo! Ei, cadê todo mundo?

Flávio: Só tem nós quatro e você aqui, Homero. Sente-se, estamos relembrando os tempos dourados do site.

Homero: Pelos deuses do Olimpo que eu mesmo descrevi, essa chuva ainda vai nos arrasar. Bem, um dia, eu também fui delfonauta. E lembro do trabalhão que dava fazer notícias diárias depois que me tornei delfiano. Ainda bem que vieram novos delfianos e tiraram isso das minhas costas, assim eu pude me dedicar a outras coisas, como cuidar mais da parte técnica do site e discutir religião até o fim dos tempos com o Tio_ze. Teve uma vez…

POR QUE OS DELFIANOS SE REÚNEM? PARA COMER, É CLARO!

Após o Homero narrar algumas de suas aventuras, incluindo os complexos cálculos matemáticos que ele fez para conseguir fazer um strike, a porta da redação se abriu e seis homens entraram, carregando seis caixas cada. Cada caixa exalava um cheiro delicioso.

Allan Couto: Isso mesmo, pessoal. Podem colocar tudo na mesa. E aí gente, beleza? Desculpem nosso atraso, é que eu achei que poderíamos ficar com fome e resolvi pegar um pouco de ouro emprestado do ninho do Alfredo para comprar algumas esfihas de uma rede de fast food árabe. Mas sabem como é lá. É barato, mas demora duas eternidades para realizarem o pedido.

Carlos Eduardo Corrales, Ditador Supremo: oba, bibsfiha! Uma caixa é só para mim. Até daqui a pouco, pessoal.

Tis: Cacilds! Achei que o Corrales só iria aparecer no final desta história. De onde ele surgiu? Para onde ele foi?

Lucas: Ele é o Ditador Supremo, né, Tis. Pode fazer o que quiser aqui na redação, inclusive aparecer e desaparecer do nada. Sem dizer que todos sabemos como ele se comporta quando o assunto é comida.

Flávio: E quem são esses caras, Alan? Você sabe que nenhum entregador pode passar do grande portão de aço. Temos centenas de segredos arcanos que não podem ser revelados.

Allan: Ora, Flávio. Será que roupas e cabelos molhados e algumas caixas de esfihas te impedem de reconhecer os nossos heróis?

Joanna: São os veteranos de mil guerras delfianas: Júlio Rogas, Bruno Sanchez, Guilherme Viana, João Paulo Rezek e Rodrigo Pi… Pish… Pishce… ah, o Pixáiti. São os delfianos do passado que, embora não façam mais parte da equipe, nos dão uma mão sempre que podem. Você não sabe nada, Flávio Rodrigues.

Guilherme Viana: Exato, Joanna. Isso mostra que você é uma menina muito estudiosa e, com apenas oito anos e dez meses, já sabe toda a história do DELFOS. Aqui, um pirulito pelo seu esforço.

Joanna: Oba! Pirulito!

Júlio Rogas: Por falar nisso, Flávio, adorei o novo gás que você deu na minha coluna, que estava meio parada.

Flávio: Ora, que honra, Júlio. Seus textos sempre foram um guia para as minhas noitadas de azaração, junto com o manual de azaração nerd. Mas meus textos não são nada demais, acho que são apenas os olhos de quem lê. Ainda mais se forem os belos olhos azuis de uma ruiva.

Júlio: Aprendeu bem, seu cachorrão!

Guilherme: Vocês dois vão ficar de namorico aí ou vão comer? O pessoal já está atacando. Ei, guardem as de queijo para mim, pois eu sou vegetariano!

MUITA CONVERSA FIADA E UMA MONTANHA DE ESFIHAS DEPOIS

Bruno Sanchez: Pessoal, alguém sabe do Cyrino? Estou com saudades dele. Duvido que ele iria perder a estreia do no- –

De repente, de trás de um sofá esquecido, encostado em um canto escuro, ouve-se um urro tão grande que gela o coração de todos os delfianos (e do estagiário). Das sombras, sai uma figura magra, bocejante, de olhos pesados, vestindo um pijama branco, estampado com os personagens de Rob Liefeld.

Carlos Cyrino: O que está acontendo aqui?

Homero: Eu é que te pergunto. O que raios você estava fazendo aí?

Cyrino: Ah, eu recebi o recado para estar aqui às nove. Imaginei que fosse às nove da manhã e cheguei por volta deste horário. Aí, quando ninguém chegou, liguei para o Corrales e ele me disse que a reunião seria só às nove da noite. Já que eu estava aqui e com preguiça de voltar pra casa, resolvi dar uma cochilada. Aliás, porque falar nove da noite e não simplesmente 21 horas?

Rodrigo Pixáiti: Tá, mas isso não explica como você conseguiu dormir tanto tempo e com todo mundo aqui conversando. E por que com mil diabos você trouxe o seu pijama para a redação?

Cyrino: Ah, esta é uma história engraçada. Veja bem, tudo começou…

Mas neste momento, o Cyrilove é interrompido de sua explicação sobre a técnica de sono suprema, pois a porta se abre e mais um delfiano chega. E ele não está com o melhor dos humores.

Daniel Villela: Minha nossa, essa chuva arruinou o meu penteado. E as minhas botas, então, melhor nem comentar. Ainda bem que não peguei meu cachecol novinho que acabou de chegar de Paris, senão ele ia estar uma ruína só. Quem colocou este balde embaixo do cabideiro? Que coisa mais cafona. Oi, gente, tudo bem? Joanna, faça a bondade de colocar meus três casacos esticados em uma cadeira longe da umidade, sim? Cyrino de Valhalla, por que você está de pijama?! Não sabe que este é um evento único e precisa vir com trajes apropriados?

João Paulo Rezek: O Daniel está de smoking… Nem eu, que trabalho de terno o dia todo, uso smoking.

Allan: O pior são as luvas de seda!

Lucas: E depois reclama quando a gente fala que ele se veste como uma mulher.

Daniel: Humpf, vocês são todos uns bárbaros que não entendem a importância do vestuário e do evento de amanhã. Bem, eu não sou nenhum Homero, mas, pelas minhas contas só estão faltando o Corrales, o William e o convidado especial. Enquanto esperamos eles, você vem comigo, Cyrino. Devo ter algumas roupas no meu armário. O que os delfonautas vão pensar se te virem de pijama?

A CHEGADA DE UM CONVIDADO MUITO ESPECIAL

Pouco após o Daniel voltar do vestiário, trazendo com ele um Cyrino vestindo camisa gola Polo e jeans de grife, o nosso Ditador Supremo aparece, trajando sua melhor roupa ditatorial e trazendo um microfone nas mãos.

Corrales: Senhoras, senhores e você aí que mais parece um pavão. Gostaria de pedir a todos a sua atenção, por favor. Com vocês, a presença do único, o espetacular, o poderoso, Alfredo De la Mancha!

E, de repente, a sala de redação do DELFOS fica escura, e centenas de cores começam a ser refletidas em um globo de luz. O mundo fica inexplicavelmente em câmera lenta e o Corrales pega a sua fiel câmera e começa a tirar uma centena de fotos. As garotas começam a gritar, mas os gritos são abafados pelo som de Love’s Theme, do Barry White’s Love Orchestra.

O mascote do DELFOS entra no recinto, com suas brilhantes escamas vermelhas e grandes asas de couro dourado, ascenando para o alto e apertando a mão de todo mundo, em meio a gritos de “você é lindo”, “você é o cara” e “casa comigo”. O dragão vira a sua cabeça para o teto e solta um turbilhão de chamas mortíferas, desenhando um coração flamejante no ar e levando o público ao delírio.

Alfredo De la Mancha: Boa noite, pessoal.

Os presentes vão ao furor épico e todos começam a conversar com o Alfredo, pedindo fotos e autógrafos em seus livros de D&D e de O Hobbit. Após a alegria de finalmente verem o dragão fora de sua toca, os presentes se dirigem ao Salão de Guerra Delfiano.

O ALVORECER DE UM NOVO DIA

O Salão de Guerra Delfiano é uma grande sala de reuniões, onde se encontra uma massiva mesa redonda, feita com a melhor madeira que a humanidade já viu, localizada no centro do salão. Sem pontas, e sem pés, esta mesa é um sinal de eternidade. Aqui, todos os redatores são iguais, como disse o próprio Corrales, do alto de sua cadeira-foguete que plana sobre a mesa.

Corrales: Amigofs, é com imenfa algria que fecebo focês hoje.

Todos: Huuuuuuuh?

Bruno: Engole a bibsfiha antes de falar, chefe.

Corrales: Amigos, é com muito prazer que recebo vocês aqui esta noite. Passamos por muitos desafios durante estes nove anos. Fizemos muitos sacrifícios, muitas vezes corremos contra o tempo, brigamos uns com os outros, tivemos que adiar algum plano e, principalmente, nos perdemos nos abomináveis labirintos dos shoppings.

Mas também tivemos muitas alegrias, rimos muito, conhecemos lugares novos, tivemos grandes debates, fizemos vídeos engraçados e até paramos para pensar na vida.

Mas, mais importante do que tudo isso, criamos um forte laço de amizade tanto entre nós quanto com o público. Isso mesmo, delfonauta que está lendo o relato desta reunião. Tudo isso foi feito para você e, somente porque você nos ajudou e deu o seu apoio, contribuindo com comentários, likes, compartilhamentos, e-mails e, claro, com os textos que vocês nos enviaram, é que pudemos manter o site funcionando por tanto tempo.

O evento que se inicia agora, e continua amanhã, no dia 28 de setembro de 2013, não é só para nós, os delfianos, mas é também, e especialmente, para você, delfonauta. Hoje é o último dia de uma era delfiana, e amanhã será o primeiro dos novos dias. Esperamos imensamente que você goste do que vem por aí. Escreveu tudo, Lucas?

Lucas: “…que você goste do que vem por aí”. Pronto.

Corrales: Muito bem então, amigos. Agora quando o William chegar com a pasta contendo o n —

Allan CoutoWilliam Daflita: Acabei de chegar, chefe. A maleta está aqui, e o conteúdo dela está nos trinques. Podemos abri-la agora?

Corrales: Ainda não, Will. Para mostrar o épico conteúdo que inaugurará a Nova Era, precisamos de toda a equipe aqui. E, antes que eu me esqueça, você trouxe o refrigerante?

Will: Trouxe sim, nunca mais vou me esquecer dele. Mas quem está faltando? Todos estão aqui.

Flávio: É, Corrales. Todos os delfianos do passado e do presente estão aqui, inclusive o Lucas, que é estagiário. Quem você está esperando?

Corrales: Ora, pessoal, me corta o coração ver que vocês não sabem de quem eu estou falando. Mas concordo que eles já deveriam ter chegado. O que será que aconteceu?

Alfredo: Eu sei. Você disse a palavra “épico” apenas duas vezes. É preciso dizer três.

Corrales: É mesmo! Como eu sou distraído. Pois bem, façam a sua épica entrada, delfianos com identidades secretas!

E assim, os delfianos contemplaram um relâmpago, seguido de um trovão que ecoou de todos os reinos do omniverso. E na luz prismática de Bifröst, surgiu o filho de Odin, segurando um saco que se contorcia violentamente.

Evil Rainbow of Steel: Aqui está, o vil ser que você requisitou, ó ditador mariquinha.

Torquemada: Tire suas mãos pagãs cheias de óleo corporal de mim, monstro bárbaro. Corrales, só você mesmo para mandar este brutamontes que nem faz ideia de quem seja Karl Marx me capturar.

Evil Rainbow: Aquiete tua língua, vilão. Ou meu aço místico a aquietará para todo o sempre.

Corrales: Obrigado, Evil. Depois acertaremos seu pagamento em lembas. Agora sim, podemos ver o que o Will nos trouxe.

Torquemada: Aposto que é algum maquinário negro para a conquista do mundo através de filmes, músicas satanistas, games e bacon.

Corrales: Não está muito longe disso, Torque. Amigos, por favor, reúnam-se. Homero, por favor, ajude a abrir a maleta, já que você também teve um grande papel no que há dentro dela.

Com todos os delfianos ao seu lado, William e Homero utilizam de suas chaves gêmeas para abrirem a maleta em sincronia. Então, quando a tampa é aberta, um resplendoroso brilho dourado e escarlate sai da maleta, enchendo a sala com sua radiante luz e os olhos dos redatores de lágrimas.

Tis: É tão lindo.

Daniel: Nem mesmo as melhores lojas de Milão possuem algo tão belo.

Joanna: Posso ser nova, mas acho que se eu viver oitenta mil anos, não verei algo assim de novo.

Lucas e Evil Rainbow: Pelo olho de Odin!

Alfredo: Isso vai ser do balacobaco!

Cyrino: Acho que vou escrever um livro sobre isto.

Flávio: E eu acho que vou é escrever uma música sobre isto.

Bruno: Você conseguiu, chefe. Você conseguiu!

Torquemada: Maldito seja, Corrales! Você deu mesmo um novo passo para a conquista do mundo.

Corrales: A partir de agora, amigos, tudo será diferente.

O que está na maleta que fez com que todos os delfianos se maravilhassem? O que será que vai mudar? O que acontecerá a partir desta data? Acesse o DELFOS amanhã e descubra.

PS: Sim, esta matéria foi descaradamente republicada para fazer hype em cima da novidade novamente. =]