Da mesma forma como acontece de se ver um filme sem saber nada a respeito e acabar gostando muito, também é costumeiro ler uma sinopse ou premissa de um longa-metragem, achar interessante, levantar as esperanças e acabar quebrando a cara com uma ótima ideia desperdiçada. O Preço da Fama se encaixa nessa última categoria.
O filme conta a história de dois amigos imigrantes vivendo na Suíça em 1977. Osman tem uma filha pequena para criar, uma esposa com problemas de saúde e uma grande conta hospitalar a pagar. Seu chapa Eddy, pequeno contraventor, acabou de sair da prisão, está desempregado e morando de favor num trailer no quintal de Osman. A vida não está fácil para nenhum dos dois.
Até que ambos ficam sabendo da morte do gênio da comédia cinematográfica Charles Chaplin, o qual também residia na Suíça à época, e Eddy tem a brilhante ideia de roubar o corpo do cineasta para pedir um resgate de (colocando o mindinho nos lábios) um milhão de dólares à família em luto.
O filme é baseado em uma história real, visto que o corpo de Chaplin realmente foi roubado no ano de 1978, e essa versão romanceada poderia render uma excelente comédia de humor negro, uma comédia de absurdos mais para o estilo tarantinesco ou mesmo uma dramédia (estilo pelo qual acabou optando) de responsa. Acaba não sendo nada disso.
É um daqueles filmes parados, de andamento lento, onde os eventos vão se desenrolando sem muita pompa. Essa forma desapegada de desenredar a trama, contudo, acaba passando uma inevitável sensação de falta de pegada, de pouco punch. Tudo fica morno, “nhé” e sonolento.
Fica a impressão de que os envolvidos queriam tanto fazer uma obra de ares cool que se esqueceram de passar qualquer envolvimento emocional não só para a película quanto, mais importante, para o espectador. Acabou rendendo algo tão frio e distanciado que não só você não se importa com a história e os personagens, como acaba desperdiçando uma ideia que, como disse lá no começo, chama a atenção e poderia render um bom filme.
Para não dizer que não há coisas boas, a trilha sonora é particularmente bonita e as atuações são bastante competentes, embora, como já disse, a forma como o filme é conduzido atrapalhe a identificação com os personagens. Ainda assim, é pouco para salvar a película.
O Preço da Fama fica até abaixo de um filme nada pela sua falta de coração. Dá para ser visto sem grandes traumas, mas definitivamente é bastante esquecível. Tinha uma premissa que renderia muito mais e não foi devidamente aproveitada. Uma pena.