O Mago de Naminaroth e a Fênix

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Todo nerd que se preze já imaginou, em seus mais escusos sonhos, controlar os elementos, soltar bolas de fogo com o balançar de um cajado ou, até mesmo, dominar a mente dos mais incautos. Fugimos de nossa realidade para nos tornarmos magos, feiticeiros ou bruxos em nossos sonhos, viajando para outros mundos. E, em uma destas viagens, eu estive em Tarklidght, onde luz e sombra se misturam, e onde se desenrola a história de O Mago de Naminaroth e a Fênix.

O livro, o primeiro do autor Bruno Davi Kretzmann, conta a história do mago e sua intrigante jornada dentro da Corte dos Bruxos de Naminaroth, um lugar envolto em mistérios e segredos perigosos. Fascinado por magia e pelos dragões, o jovem mago se torna a cobaia de sua própria experiência pela busca de poder: a troca do seu próprio sangue pelo sangue de um dragão. Só não sabia ele das consequências que isso traria para sua vida.

Logo de cara, as diversas influências ficam bastante explícitas e apenas se aprofundam no decorrer do livro. O autor, fã declarado dos jogos de RPG, bebeu e muito dos mundos de fantasia criados para os jogos de mesa, construindo um cenário bastante complexo. Além disso, quem gosta de animê vai reconhecer também alguns pontos recorrentes nas obras orientais, como a própria inclusão de samurais, os insistentes flashbacks, e o drama do protagonista que tem dentro de si um monstro que tenta controlar e lhe dá poder, como já vimos em Naruto, Bleach, entre outros. Outro paralelo válido é com a saga Harry Potter, principalmente no início, com a inserção da “escola de magia”, que é a Corte dos Bruxos de Naminaroth. Porém, neste caso, a referência não passa muito deste ponto.

Em meio a este cenário temos o protagonista, que eu, ao terminar de ler o livro, tenho dúvidas se posso chamá-lo de herói. Isto porque ele não faz nada heróico no livro, e suas motivações são, basicamente, pessoais. Além disso, o mago encontra-se numa constante busca por poder, o que caracteriza, na maioria das vezes, o perfil de um vilão, e não de um mocinho. Eu não me surpreenderia se, no final, ele colocasse uma capa preta e desse uma risada “MUAHAHAHA”. A ambição do mago pode ser vista como um ponto positivo do livro, uma vez que sai do lugar comum, mas o que incomoda é que ele parece ter herdado esta característica de seu criador, e foi exatamente por isso que o livro acabou perdendo alguns Alfredos.

Ambicioso, ao juntar diversos elementos diferentes, O Mago de Naminaroth e a Fênix peca pelo excesso. São magos, samurais, zumbis, dragões, vampiros, elfos, mundos diferentes, numa imensa salada que promete algo muito maior do que realmente entrega. Até o ponto da fatídica troca de sangue do mago (e isso não é um spoiler, porque está na sinopse!), o livro mantinha uma certa simplicidade e se focava em um ambiente menor. Assim, pude me aproximar mais dos personagens e sentir mais daquele mundo. Depois disso, são tantos elementos que tudo acaba ficando confuso e, no meio desta confusão e com a preocupação de controlar diversos elementos, as relações entre os personagens parecem mais “teóricas” do que reais. Fica até complicado haver uma simpatia com a própria Fênix, por exemplo, que só aparece na metade final do livro. São tantos os elementos que o livro passa a tentar se explicar muito e pouco sobra para a interação dos personagens e para o desenvolvimento de uma linha dramática mais clara e cativante.

Mesmo assim, o título traz bons elementos que devem agradar aos fãs de histórias fantásticas, principalmente em seu começo, onde ele detalha a formação de Tarklidght, a interessante história do “Dragão de Jade” e em algumas passagens onde a magia é usada de uma maneira até mais sutil e inteligente, surpreendendo positivamente.

Se você gosta de RPG e histórias fantásticas, O Mago de Naminaroth e a Fênix pode te trazer bons momentos, e quem sabe até um rico cenário para você explorar em alguma futura jogatina de mesa com os amigos. Se você não tem muita familiaridade, fica difícil recomendar esta leitura. De qualquer forma, é sempre bom e gratificante saber de uma obra nacional e, o melhor, de um delfonauta, sendo publicada. Certamente Bruno crescerá muito ainda como autor, e esperamos as próximas aventuras do mago. Nós do DELFOS desejamos a ele boa sorte e muitas futuras aventuras no mundo de Tarklidght.

REVER GERAL
Nota
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Flávio Rodrigues
Flávio, ou, para os íntimos, Frodrigues, é músico profissional, em formação pela Faculdade de Artes Alcântara Machado, além de professor de guitarra, violão e teoria musical. Foi abençoado pelo próprio Dio, que pegou em sua mão e lhe concedeu o poder do Vento Preto. É fanático por Iron Maiden, Megadeth, Helloween, Metallica e AC/DC, apesar de o Corrales achar essas bandas todas pop demais para justificar sua trüeza.
o-mago-de-naminaroth-e-a-fenixPaís: Brasil<br> Ano: 2015<br> Autor: Bruno Davi Kretzmann<br> Número de Páginas: 360<br> Editora: In House<br>