Nós vimos Quem Quer Ser um Milionário

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Quem Quer ser um Milionário (Slumdog Millionaire) só estreia no Brasil em março, mas assisti à obra de arte de Danny Boyle (de Extermínio) num cinema cheio, num subúrbio californiano, e vi muita gente grande encantada. Eu, além de me encantar, me emocionei e estou completamente apaixonada por ele.

O filme me pegou logo no começo. Gosto da idéia do diretor de fazer uma pergunta bem explícita no início e deixar o espectador ficar pensando na resposta, durante o filme. Só que a história, que permite a comunhão entre contrastantes momentos de violência e amor, alegria e decepção, miséria e luxúria, acaba fazendo você esquecer que tem de desvendar um mistério, e te leva numa viagem à Índia com imagens que vão ser difíceis de sair da memória.

Este longa conta a história de um jovem indiano, Jamal Malik. Muçulmano, órfão, 18 anos, proveniente de uma favela, e menino de rua, ele aparece na versão indiana de um programa famoso no mundo inteiro chamado Quem quer ser um milionário (a versão brasileira teve o nome de Show do Milhão e era transmitido pelo canal SBT). Apesar de não ter educação formal alguma, o rapaz está prestes a responder à última pergunta do programa, o qual pode fazer com que ele ganhe o prêmio máximo. Mas, suspeitas de que Jamal estaria trapaceando levam o jovem a revelar a forma honesta com que ele respondeu às perguntas até o momento. E então, flashbacks de sua vida vão aparecendo, numa colcha de retalhos que, não fosse o roteiro bem desenhado de Simon Beaufoy e da excelente direção, poderia deixá-lo perdido e enfastiado. Mas, não! Em bons filmes, cada frase tem sua razão de ser, cada cena tem sua importância e é assim que esse filme se desenrola, e o espectador ainda sai se sentindo bem no final!

Sei que histórias de pobreza e violência têm sido uma constante no cinema brasileiro, principalmente depois do sucesso de Cidade de Deus. E Quem Quer ser um Milionário pode fazer com que você sinta que realmente está assistindo a um filme brasileiro no começo, mas não desista! Há um otimismo realista no ar, que transmite a sensação de que o ser humano pode sim ser bom, apesar de todas as circunstâncias negativas de sua vida. E que podemos tirar lições até mesmo dos momentos mais trágicos que passamos. E o encanto se espalha. E a mágica do cinema acontece. Saímos da sala melhor do que quando entramos. E nos divertimos. E não é pra isso que vamos ao cinema?

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