Interpol – El Pintor

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Surgido na cena musical de Nova Iorque no começo dos anos 2000 na esteira do estouro dos Strokes e o boom de bandas salvadoras do Rock que se seguiu, o Interpol, diferente do grupo de Julian Casablancas, continua firme e forte, lançando bons discos. Chega agora a seu quinto rebento, El Pintor, um anagrama com o nome da banda.

Nos quatro anos que o separam de seu álbum anterior (Interpol, 2010), disco que também marcou a saída do baixista Carlos Dengler após sua gravação, o vocalista Paul Banks aproveitou para lançar um disco solo (o bom e surpreendentemente mais Pop Banks, de 2012) e assumiu o instrumento de quatro cordas durante as gravações de El Pintor, deixando a banda oficialmente como um trio.

Mas afora o fato do baixo estar muito mais discreto nas novas canções (à exceção de Everything Is Wrong, que abre com uma linha suja dele), o que sugere que talvez Banks não domine tanto o instrumento quanto Dengler, que costumava fazer boas linhas que às vezes ficavam até em primeiro plano, a sonoridade permanece a mesma.

E tal sonoridade se resume a canções altamente influenciadas pelo Pós-Punk inglês, com a guitarra forte e estridente de Daniel Kessler, a bateria bem marcada de Samuel Fogarino e o vocal cavernoso de Paul Banks, que tantas comparações (justas) já geraram com o Joy Division, em composições sombrias e enérgicas.

O disco abre bem com o single All the Rage Back Home, uma típica canção do Interpol, aliando bem as linhas de guitarra que alternam entre o climático e o barulho com o vocal de Banks.

Segue com as boas My Desire e Anywhere, que mantém essas características, e chega a Same Town, New Story, com uma guitarra grudenta, teclados de fundo e um quê de outra banda do Pós-Punk, o Echo & The Bunnymen.

My Blue Supreme mostra Paul Banks cantando com mais delicadeza nas estrofes para soltar o vozeirão no refrão. Breaker 1 e Tidal Wave voltam ao estilo Interpol consagrado de se fazer música: simples, um tanto dark e com boa pegada.

Já a nervosa Ancient Ways talvez seja o ponto mais alto do álbum, e é até estranho que não a tenham escolhido para ser a primeira música de trabalho, visto que ela sem dúvida é a que mais gruda na cabeça desde a primeira audição.

E como faixa de encerramento, a banda sempre costuma optar por uma canção mais arrastada e climática. Desta vez não é diferente com Twice as Hard, que foi a única do tracklist que não conseguiu angariar a minha simpatia. Eu geralmente não gosto dessa decisão de encerrar discos com músicas mais paradonas. Se dependesse de mim, todos acabariam com uma faixa forte e pesada, para deixar uma última boa impressão. Mas ei, eu sou apenas um humilde crítico…

Seja como for, o Interpol é daquelas bandas que não costumam passar por grandes mudanças musicais. Possuem seu som muito bem definido e você já sabe exatamente o que esperar dele. Mas para ter sucesso nesse esquema, é preciso sempre entregar um bom conjunto de novas canções. Com El Pintor, mais uma vez são bem sucedidos.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
interpol-el-pintorAno: 2014<br> Gênero: Rock Alternativo<br> Duração: 42:10<br> Artista: Interpol<br> Número de Faixas: 10<br> Produtor: Interpol<br> Gravadora: Lab 344<br>