Cathedral game é um daqueles jogos que eu debati muito comigo mesmo se deveria ou não pegar. Teria eu paciência para mais um metroidvania 2D com estética de Nintendinho? Eu gosto do gênero, mas ele anda tão absurdamente comum que é inevitável ficar enjoado. Acabei decidindo pegar graças ao seu visual atraente e suas chiptunes totalmente heavy metal.
CATHEDRAL GAME
E diga o que quiser dele, mas Cathedral é um jogo honesto. Casos como Tamarin, você pode esperar algo e receber outra coisa. Aqui não. Cathedral é divulgado como um metroidvania 8 bit e é exatamente isso que ele entrega. Se liga no visual.
Lindinho não? Cathedral segue a estética e limitações do Nintendinho mas, se tivesse sido lançado lá no final dos anos 80, certamente estaria entre as produções mais belas do console. E a música não fica atrás, lembrando bastante o estilo que você encontra em jogos como Mega Man.
Já o gameplay e a sensação de jogar remetem imediatamente a Shovel Knight, o que também é muito bem vindo. Os golpes têm impacto, pular é gostoso e os chefes são bacanas.
Como não poderia deixar de ser, ele também traz fortes influências da série Souls, em especial no funcionamento/limitação de checkpoints, punição para fracasso e dificuldade geral. Ao contrário da maioria das crias da From Software, ele não é uma cópia. Ele pega suas influências de Dark Souls, de Metroid e de Shovel Knight e junta tudo num pacote coeso.
CATHEDRAL GAME = METROID SOULS
Curiosamente, apesar de as influências de Metroid e Souls serem fortes no level design, Cathedral não pega destes suas atmosferas opressoras e assustadoras. Apesar de ser difícil paca, Cathedral é um jogo bonitinho, com temática alegre e bastante humor na história.
A questão é que a combinação “level design confuso / checkpoints raros / dificuldade altíssima” é algo que simplesmente não desce mais para mim. Supere uma dessas características e as outras duas vêm morder seu traseiro.
Assim como Metroid / Souls, o jogo não te fala para onde ir. Após o tutorial, você é encarregado de matar quatro chefes. Se vira, meu filho. A questão é que você termina o tutorial com quatro corações de vida, e qualquer golpe dos inimigos da teórica primeira área tira dois. Por outro lado, qualquer monstrinho precisa de quatro ou cinco golpes para cair. Então prepare-se para muito “morre/ressuscita/morre de novo”. O mapa também não ajuda nada. Se liga:
Os quadrados não mostram onde tem saídas para as outras salas até que você as encontre. Para completar, cada uma daquelas portinhas te leva para uma outra camada do mapa, deixando bem difícil se orientar. Provavelmente eu chego naquela parte cinza através de uma outra camada, mas eu aparentemente já explorei a área toda e não sei como chegar lá. E como cada sala é extremamente desafiadora – e os inimigos e desafios resetam quando você vai para outra e volta – não dá muita vontade de ficar andando a esmo.
LONGO DEMAIS
Eu até tentei encontrar uns guias para ver como progredir, e tentar acabar, mas o título genérico do jogo (você tem ideia de quantos resultados independentes e não relacionados se encontra numa busca por Cathedral Game?) não ajuda. O jogo saiu em 2019 para PC, mas se alguém fez guias desde então, ficaram perdidos nos confins do Google. Daí acabei desistindo depois de umas cinco horas de jogo.
E isso me leva a outro ponto. Ele é simplesmente longo demais. Segundo o How Long to Beat, passa das 20 horas. É tempo demais para uma experiência retrô. Jogar 20 horas de Cathedral é muito mais enjoativo do que o mesmo tempo em Demon’s Souls (para citar suas influências). Penso que uma experiência como essa deveria poder ser vencida em uma tarde, estilo Gato Roboto ou The Mummy Demastered.
Isso não significa que Cathedral seja ruim. Pelo contrário, seu audiovisual é excelente e suas mecânicas são sólidas. Caso ele fosse mais claro em seus objetivos ou pelo menos menos difícil, eu provavelmente o jogaria até o final. Como não é, essas cinco horas já foram o suficiente.
Cathedral saiu hoje para Switch e está disponível também para Mac, Windows e Linux.
