Hevilan – The End of Time

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Uma das melhores coisas do metal é que, apesar de ser um gênero de nicho, seus apreciadores são bastante dedicados e podem ser encontrados em quase todo o planeta, o que causa o surgimento de novas bandas dos mais variados estilos em todos os cantos do mundo. O lado ruim disso é a quantidade ridiculamente imensa de bandas por aí, o que muitas vezes faz com que você conheça bandas de países desconhecidos, mas acaba por não conhecer algumas da sua própria pátria.

O Hevilan é uma banda paulista que está na estrada desde 2005, mas confesso que nunca ouvi falar dela antes e creio que muita gente também não. Mas acho que isso está para mudar, pois este ano os caras finalmente lançaram o seu primeiro álbum, The End of Time. E vamos combinar que conseguir o Aquiles Priester, o ex-baterista do Angra e atual Hangar, para gravar a bateria do seu primeiro disco não é pouca coisa.

O estilo dos caras é bastante complexo e variado. Na maioria das vezes, o disco lembra um power metal bastante agressivo, com solos mirabolantes feitos exclusivamente pelo guitarrista Johnny Moraes. A cozinha também é boa, com o baixo de Biek Yohaiutus soando extremamente pesado e identificável e a já conhecida bateria maestral de Aquiles. Mas é possível identificar várias influências de thrash metal em muitas canções, especialmente quando a música dá uma quebrada e os instrumentos começam a tocar notas mais constantes e pesadas, criando uma mistura de power e thrash bastante homogênea, lembrando um pouco o Iced Earth em seu auge. A abertura do disco, Regenesis, ilustra bem o que estou dizendo.

Vou ser sincero e dizer que estranhei bastante isso na primeira vez em que ouvi o disco. Talvez o que eu mais não tenha gostado foi a falta de harmonias sintetizadas ao fundo das faixas, o que me fez perceber o quanto eu estou desabituado a ouvir músicas sem teclados. Porém, isto é uma questão de costume e, uma vez que você ouve o disco fora de sua zona de conforto, você percebe quão rico ele é.

Já o vocalista Alex Pasquale é um show à parte. Não sei aonde acharam esse cara, mas ele tem um controle de voz simplesmente incrível, conseguindo alternar sua voz de grave e pesada para histérica e aguda de uma forma bastante natural, como fica bem evidente na canção Shades of War.

Há também a presença de belíssimos coros femininos. Eles não aparecem muito nas primeiras faixas, mas são bem constantes nas últimas. O disco também conta com a participação de Vitor Rodrigues, o ex-vocalista do Torture Squad, hoje no Voodoopriest, que empresta sua voz gutural para dar um tom mais sombrio a algumas faixas, como Sanctum Imperium e Dark Throne of Babylon, duas das minhas faixas favoritas do disco.

Apesar de todos estes elogios, nenhuma faixa do disco gruda na mente por completo, fazendo você ficar com ela na cabeça por dias a fio. Elas não chegam a ser esquecíveis, mas eu dificilmente me vi pensando em algumas delas algum tempo depois de ouvir o disco. Isto, é claro, aconteceu comigo. Algumas destas canções podem te atrair mais do que a mim, ou você pode detestar músicas chicletes e achar este um ponto positivo.

A produção do álbum também é bastante caprichada, ao ponto de que fica bastante difícil acreditar que este seja o disco de estreia do Hevilan, e não o terceiro ou quarto lançamento.

No fim, The End of Time é um álbum bastante rico e sólido, que com certeza vale ser ouvido, apesar de nenhuma de suas faixas ser tão marcantes.

CURIOSIDADES:

– A faixa bônus Blinded Faith 2013 é uma regravação da faixa-título do primeiro demo da banda, lançado em 2006.

– Segundo o site oficial da banda, o guitarrista Johnny Moraes e o baixista Biek Yohaiutus se conheceram quando ambos trabalhavam como transcripter das revistas Cover Guitarra e Cover Baixo.

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Nota
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Lucas Fernandes Corrêa
Lucas Fernandes Corrêa teve seu senso crítico forjado por games, HQs de super-herói e bandas de metal épicas que quase ninguém conhece. Para ele, quanto mais exagerado, prepotente, pomposo e gloriosamente ridículo for algo, melhor e mais divertido.
hevilan-the-end-of-timeAno: 2013<br> Gênero: Power Metal<br> Duração: 52:00<br> Artista: Hevilan<br> Número de Faixas: 9 + 1 bônus<br> Produtor: Adair Daufembach, Brendan Duffey e Adriano Daga<br> Gravadora: Voice Music<br>