Entrevista coletiva com Eli Roth, diretor de O Albergue

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Eli Roth é definitivamente um cara simpático. Acredito que a maioria dos diretores de filmes de terror são assim, afinal, para se lidar com temas pesados e não ser afetado, é necessário ter um estado de espírito leve. Ele chegou de bermuda e bem descontraído para a coletiva de imprensa de seu segundo filme (sua estréia foi com Cabin Fever – A Cabana do Inferno, que alavancou sua carreira como diretor, tendo sido elogiado por pessoas como Peter Jackson). Roth explicou da maneira mais engraçada possível, não apenas sobre os horrores que O Albergue mostra, mas também sobre como foi sua vida antes de se tornar um cineasta.

Ele contou que o desejo de fazer filmes começou cedo, aos oito anos de idade. Desde então, ele já trabalhou em mais de cem produções cinematográficas, em funções ruins, servindo café para a equipe, ou mesmo como “Stand – In” (que é o cara que fica no cenário, no lugar do astro, apenas para que o diretor de fotografia verifique se a luz no local está correta). Roth disse que esses trabalhos, apesar de não terem lhe dado muito prazer, lhe deram muita experiência, “o que foi ótimo, pois eu aprendi muito com grandes atores e diretores”, comentou.

O filme O Albergue, começou depois que ele contou mais ou menos o que queria fazer para Quentin Tarantino, que tinha se tornado seu amigo, depois de ter visto e gostado muito de Cabin Fever. “Quentin surtou e disse que eu precisava fazer esse filme de qualquer jeito”, explicou ele. Além da força que deu para Roth escrever o roteiro, Tarantino também o ajudou a conseguir estúdios que bancassem um filme com a temática pesada e as cenas de embrulhar o estômago presentes no longa.

Durante a pré-produção, quando o cineasta estava selecionando sua equipe, Tarantino deu mais um conselho, que dizia respeito ao diretor de fotografia, bem à sua maneira, imitando perfeitamente o gestual e o modo de falar do colega: “If you want fucking poetry, get european!” (que traduzindo e já tirando o palavrão, fica: “Se você quer poesia de verdade, escolha um europeu!”).

Quando o assunto da coletiva foi para o filme propriamente dito, ele disse que um dos temas de O Albergue é o fato de todos nós termos uma aptidão para a violência, o que acaba levando o espectador a torcer mesmo pela vingança. Fã do diretor japonês Takashi Miike e de seu filme Audition, Roth explicou que queria fazer uma obra realmente assustadora, com referências ao terror asiático, que para ele é bem mais adulto do que o entediante terror estadunidense. O diretor também comparou esta nova obra com o seu primeiro filme: “Cabin Fever acabou se tornando um filme muito estranho, porque eu tentei usar de tudo, atirei para todos os lados. Já com O Albergue, eu quis fazer algo mais sério e sinistro”.

Durante o lançamento do filme, a curiosidade, segundo Roth, foi como sua equipe de divulgação driblou a censura aos pôsteres nos EUA, jogando na internet imagens fortes e alegando que eram pôsteres do filme para países europeus, como Itália, Alemanha, etc. Já sobre seus próximos projetos, Roth disse que vai fazer O Albergue 2 e depois pretende adaptar para o cinema o livro Cell, de Stephen King.

Antes de encerrar a coletiva, Eli Roth ainda teve tempo de fazer mais um comentário bem humorado: “Durante o governo Clinton não havia muitos filmes de terror sendo produzidos nos Estados Unidos. Essa onda começou com Bush e os americanos continuarão aterrorizados enquanto Bush permanecer na presidência. Para mim não há nada mais assustador do que Bush no poder”. A equipe do DELFOS não poderia concordar mais.

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