Dois Caras Legais

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Shane Black é um nome bem conhecido do cinema Testosterona Total dos anos 80 e 90. Ele escreveu títulos como Máquina Mortífera e, um dos meus preferidos, O Último Grande Herói.

Lá no longínquo 2005, época em que a internet tinha velocidades assustadoras (bem menos de dois mega), mas não tanto tempo atrás que o mundo ainda não tinha sido abençoado pela palavra delfiana, ele se aventurou na direção com Beijos e Tiros.

Depois disso ele ficou um bom tempo curtindo tudo de bom que uma carreira bem sucedida em Hollywood proporciona, e só foi voltar aos holofotes com o roteiro e direção de Homem de Ferro 3. Agora, ele volta ao cinema autoral e ao gênero que lhe deu fama, escrevendo e dirigindo Dois Caras Legais.

Dois Caras Legais é um revival dos buddy cops dos anos 70 – e que por si só Black já havia visitado na série Máquina Mortífera. Claro, Russel Crowe e Ryan Gosling não são exatamente cops por aqui, são detetives particulares, mas a temática é bastante parecida.

Tudo começa com a morte de uma linda atriz pornô chamada Misty Mountains, que pelo nome provavelmente é fã de Tolkien ou de Led Zeppelin. Aos poucos, todas as pessoas envolvidas no último filme da moçoila estão aparecendo mortos. Nossos dois heróis entram no caso contratados por clientes diferentes, mas logo unem forças para tentar encontrar Amelia (Margaret Qualley), que parece estar no centro do que quer que esteja acontecendo.

O visual do filme é uma de suas principais qualidades. Para o meu gosto pessoal, eu o achei um tanto escuro demais, mas isso faz parte das produções dos anos 70 que ele tenta emular. Outros detalhes, como figurino, enquadramentos e demais aspectos visuais, bem como a excelente trilha sonora, têm o mesmo objetivo de lembrar de filmes dos anos 70, mas essas me agradaram bem mais. Não dá para negar que Dois Caras Legais é um filme estiloso.

Ele também é uma boa comédia. Tem piadas a rodo, tanto de humor físico quanto outras mais sutis, e elas funcionam bem para dar ao longa um sabor divertido e descompromissado. Em especial, o personagem de Gosling merece destaque, pois protagoniza as melhores gags.

Do lado negativo, achei que sua trama é desnecessariamente complexa demais. Não que seja difícil de entender, mas o negócio simplesmente tem reviravoltas e personagens em exagero.

Dois Caras Legais é um bom filme. Está a anos luz de O Último Grande Herói (que afinal foi dirigido pelo diretor de Duro de Matar), mas é tão bom quanto a maioria dos trabalhos nos quais Shane Black se envolveu. Se você gosta do estilão do cara, é uma recomendação batata. Se não conhece e para frequentadores casuais de cinema, é uma boa diversão também, mas não vai chegar a mudar a vida de ninguém.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
dois-caras-legaisPaís: EUA<br> Ano: 2016<br> Duração: 116 minutos<br> Roteiro: Shane Black e Anthony Bagarozzi<br> Elenco: Russel Crowe, Ryan Gosling, Angourie Rice e Matt Bomer.<br> Diretor: Shane Black<br> Distribuidor: Diamond<br>