Eu fiquei muito triste de ter perdido a sessão de imprensa de Pânico V. Estava fora de São Paulo na data, e não tinha muito o que fazer. Aproveitando que agora iria escrever a crítica Pânico VI, aproveitei para ver o anterior. E surpreendentemente, gostei muito. A série continua tão divertida e verdadeira à sua proposta hoje em dia, mesmo depois da morte do diretor dos quatro primeiros capítulos, Wes Craven.
CRÍTICA PÂNICO VI
Muitas pessoas consideram Pânico uma série slasher tradicional, como Halloween e Sexta-Feira 13. Só que não é o caso. Embora traga fortes elementos dos slashers, Pânico é, na verdade, uma grande carta de amor – e ao mesmo tempo uma paródia – a Hollywood como um todo. E é justamente isso que torna a série tão especial.
Pânico, o primeiro, homenageava e parodiava os slashers que deram fama a Wes Craven. Pânico 2, por outro lado, rifa sobre continuações, e as fórmulas que elas seguem. Já Pânico 3, claro, tira um sarro de trilogias. O genial Pânico 4 satiriza reboots. Pânico 5 aborda requels, expressão que ouvi pela primeira vez no próprio filme, mas que fica claro o que é quando a moça explica.
O que sobrou para Pânico 6, então? Ora, o que vem depois de requels. Quais são as regras seguidas por grandes franquias do passado que foram revividas com parte do elenco principal (as requels) e acabaram ganhando continuações por conta própria? Como anda o universo de Star Wars, Halloween, Jurassic World e tantas outras séries há muito inativas que foram reativadas em tempos recentes? Esta, meu amigo, é a mira de Pânico VI. E, como é de praxe, ele apresenta todas as fórmulas para depois subvertê-las ao mesmo tempo que as segue religiosamente. É lindo!
METALINGUAGEM
Eu amo metalinguagem. E também amo paródias. Se parodiar algo que eu amo, fica mais legal ainda. Ora, eu sou o cara que escreveu as 69 regras do rock farofa e como ser um metaleiro true, lembra? E, assim como o rock que usa laquê e calças de oncinha, eu também adoro cinema, e slashers em especial.
É incrível que Pânico tenha continuado tão bem por tanto tempo, mesmo tendo saído das mãos dos seus criadores. Até Pânico 4 ainda tínhamos o diretor Wes Craven e o roteirista Kevin Williamson. Porém, a partir de Pânico 5, os criativos são todos novos. Era a receita de uma bomba, um cash grab safado. Porém, os criativos escolhidos para fazer esse cash grab são pessoas que entendem profundamente a brincadeira e a diversão de Pânico. E estão fazendo um ótimo trabalho ao reviver a série para um novo público.
CRÍTICA PÂNICO 6 (mudando a grafia pra satisfazer o SEO)
Especificamente sobre esta sexta parte, ela é, obviamente, uma continuação direta da requel que foi Pânico 5. Temos de volta os quatro novos protagonistas, os core four, como eles se chamam. E temos novos personagens. Claro, há a volta de alguns legados, em especial Gale Weathers – conhecida de todos os filmes anteriores – e Kirby Reed – de Pânico 4. Sidney Prescott não aparece, pois a Neve Campbell desta vez não aceitou voltar, o que é uma pena.
Os core four se mudaram para Nova Iorque. Alguns deles estão na universidade e a única que está realmente com medo de uma nova iteração da franquia que inadvertidamente estrelou é Sam Carpenter. O resto está a fim de curtir a vida, como os jovens bonitos e tarados que são. Pois é, big mistake, né? É óbvio que este é o cenário perfeito para um novo Ghostface distribuir umas facadas.
E o Ghostface de Pânico VI realmente é mais brutal que os anteriores. Ele ainda é uma pessoa. Cai, toma porrada, corre. Está muito longe da entidade mística pintuda invencível que é Jason Voorhees, ainda bem. Mas ele é mais violento, parece que tem mais bloodlust do que os anteriores. Ou talvez tenha contas a acertar? Quem sabe? É claro que tudo vai ser bem explicadinho ao final, surpreendendo bastante no caminho.
CRÍTICA PÂNICO VI – SUBVERTENDO EXPECTATIVAS
O bacana é que os filmes de Pânico vivem através de regras. E isso é algo que este faz muito bem. A cena inicial é um ótimo exemplo. Você provavelmente deve imaginar que vai envolver uma moça bonita falando ao telefone e terminando assassinada. E isso acontece. A surpresa vem depois, quando o Ghostface mostra a cara. Você sabe quem é o assassino antes mesmo de a questão surgir.
“Como seguir a partir desta revelação inicial?”, pensei com meus botões. E o filme consegue, de forma totalmente inesperada, mas ao mesmo tempo óbvia. É difícil alcançar este equilíbrio. Satisfazer fazendo o esperado, mas também satisfazer com o inesperado? Isso é genial, meu camaradinha!
Se há um problema que me incomodou muito é que Pânico 6 exagera na dose do “matar de mentirinha”. Vários personagens que a gente vê morrendo, na tela, depois são revelados que estão apenas feridos e vão se recuperar. Para um filme que logo no início aponta o destino de Luke Skywalker para exemplificar que qualquer um, mesmo os protagonistas, podem morrer, é de uma falta de bolas tremenda.
Felizmente, tirando esta falta de compromisso com os assassinatos que estão entre os mais brutais da série, todo o resto é realmente legal. Divertido e engraçado, como um bom Pânico deve ser. Qual é seu filme de terror preferido? Bom, eu não considero Pânico uma série de terror, mas certamente está entre eles.