Vamos começar com uma curiosidade? Quando fui preparar esta crítica O Telefone Preto, descobri que o diretor Scott Derrickson dirigiu Doutor Estranho. Legal, né? Mas mais importante para hoje, e que não tinha caído a ficha: ele também comandou O Exorcismo de Emily Rose, provavelmente o melhor e mais assustador filme de terror sobrenatural que a gente resenhou aqui no DELFOS.
CRÍTICA O TELEFONE PRETO
O Telefone Preto tem o tipo de proposta que muito me agrada em um filme de terror. Tem um sujeito raptando crianças (Ethan Hawke). A maior parte do filme acontece em um porão escuro, onde acompanhamos o cativeiro de Finney (Mason Thames). Daí vem o tradicional misticismo da família de Stephen King (O Telefone Preto é baseado em um conto de Joe Hill, o filho de King – que curiosamente não se chama Stephen Prince).
No porão, há um Telefone Preto desconectado. Mas cê acredita que o maledeto toca, menino? E quando toca, Finney consegue trocar ideia com as falecidas vítimas anteriores do sequestrador. E daí, pra ficar ainda mais Stephen King, a irmãzinha de Finney tem sonhos que se tornam realidade, o que será vital na história.
TERROR CLAUSTROFÓBICO SOBRENATURAL
Então isso é o que temos aqui. O Telefone Preto é um terror claustrofóbico, bem do tipo que eu amo. Mas é também levemente sobrenatural, o que amo bem menos. A palavra-chave aí é “levemente”. Isso porque as conversas de Finney com as vítimas anteriores se resumem às outras crianças contando para ele os planos que tinham para escapar. É tipo um cativeiro coop, sabe?
Se você focar no mistério místico, tipo “por que o telefone funciona?” ou algo nessa linha, vai se decepcionar. O Telefone Preto não elabora nada neste aspecto e, se você preferir pode considerar os telefonemas como algo tão real quanto as conversas do Dexter com seu pai. Essas conversas são basicamente muletas de roteiro para o protagonista ter insights.
QUE RINGTONE VOCÊ USA NO CELULAR?
Vou dizer que estava bem animado para assistir a O Telefone Preto. Tivemos bons filmes de terror claustrofóbico este ano. Talvez influenciado pelas assustadoras máscaras usadas por Ethan Hawke nas imagens de divulgação, este filme prometia bastante.
A verdade é que o vilão aparece muito mais nas imagens de divulgação do que no filme em si. A interpretação de Ethan Hawke está muito boa, mas é um papel pequeno, com boa parte do tempo de tela sendo apenas de Mason Thames.
CRÍTICA O TELEFONE PRETO E A VIOLÊNCIA
Outra coisa que achei curiosa é que eu gosto de histórias tensas e com violência. Porém, logo no início de O Telefone Preto, vemos um pai batendo com o cinto em sua filha. Cara, isso me fez mal. As tripas de um Jogos Mortais e outros filmes gore são obviamente muito mais explícitas. Mas também são mais distantes da nossa realidade. Um pai batendo numa filha é algo que deve acontecer no meu bairro quase todo dia.
Claro que não estou falando que o filme não deveria abordar este tema se o roteirista achar necessário para a história. Mas achei engraçado que estava empolgado para ver um filme de terror – com cenas de violência bem mais pesadas – e esta foi a que mais me marcou. A empatia humana não faz sentido mesmo.
O Telefone Preto, no final das contas, não é tão bom quanto esperava. Mas é bom o suficiente para ser recomendado. Mas, ei, fecha os olhos na cena do cinto, vai por mim.