Nos contos de fadas, uma das principais figuras é a do Príncipe Encantado, o galante membro da realeza que vem ao resgate das donzelas em perigo, resolve tudo com um beijo, e assim eles vivem felizes para sempre. Ou não, como mostra Encantado, focado justamente na figura do príncipe pegador.
Só que aqui, a popularidade de Felipe Encantado com a mulherada é na verdade uma maldição rogada sobre ele por uma bruxa má. Assim, qualquer mulher que faça contato visual com ele acaba instantaneamente caidinha por seu charme. Claro, muitos considerariam isso uma bênção e não uma maldição.
Além do mais, o truta está noivo ao mesmo tempo da Branca de Neve, da Cinderela e da Bela Adormecida. E ainda tem de passar por uma série de desafios para, ao final, escolher apenas uma delas para casar (porque poligamia talvez seja um assunto espinhoso demais para crianças) e assim acabar com a maldição. Em sua jornada, contará com a ajuda de uma ladra disfarçada. E aí, bem, ponha o cérebro para funcionar, não é tão difícil assim.
Se esta não é a animação mais criativa já feita, ao menos tem algumas piadinhas suficientes para tirar uns risinhos dos adultos enquanto diverte a molecada. Nada de mais, são coisas que a série Shrek já fez muito melhor, mas ao menos evita que o pessoal mais velho fique totalmente entediado.
Já os números musicais são um porre e as canções são totalmente esquecíveis. Mas neste caso são inevitáveis, já que há uma porrada de cantoras pop emprestando suas vozes para a dublagem original.
E a técnica da animação não é lá aquelas coisas. Ele aparenta não ter custado muito dinheiro. O design dos personagens é padrão de produções de segundo escalão e eles se movem de maneira meio durona, não tão caprichada quanto em produções maiores.
Para a criançada menor, contudo, a combinação da historinha, com a inversão do príncipe ser o amaldiçoado que precisa ser salvo e ajudado nisso por uma mulher, aliado aos números musicais, deve ser o bastante para garantir a atenção.
Encantado é claramente um produto de menor escala. Está longe da qualidade técnica e narrativa dos longas animados dos principais estúdios de animação estadunidenses, mas ainda é agitado o bastante para divertir os pimpolhos por cerca de uma hora e meia e sem matar seus acompanhantes maiores de idade de tédio. Se não tiver uma opção melhor em cartaz, esta quebra um galho.