Eu sou um eterno admirador de filmes ruins. Você não precisa ir muito fundo na seção de cinema do DELFOS para me ver elogiando alguma porcaria. Dito isso, eu sempre achei a série Desejo de Matar simplesmente ruim. Não é um filme B divertido, é simplesmente algo abaixo da média. Mas eu sei, tem gente que gosta.
Tanto que agora está chegando aos nossos cinemas um remake que coloca o próprio Bruce Willis nas botas que outrora foram do Charles Bronson.
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A sinopse você já conhece, né? Afinal, já tiramos tanto sarro dela por aqui. Vamos lá, todo mundo junto: eles matam a sua família. Agora ele quer vingança! Rá!
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E este remake até tem algum pedigree independente do Bruce Willis. Afinal, ele traz na direção alguém que ficou conhecido justamente por fazer excelentes filmes ruins, o Eli Roth.
MAS NÃO DEU CERTO
Para começar, eles não matam a família dele. Matam apenas a esposa, a filha sobrevive. No filme original, ela também sobrevive, mas é estuprada, enquanto aqui ela simplesmente passa todo o longa em um confortável coma.
Curioso que, apesar de terem maneirado na violência contra a família do protagonista, este é bem mais violento do que sua inspiração. Aliás, provavelmente para que o diretor imprimisse seu estilo, ele esbanja gore. Tem tripas, tem miolos, tem cena de tortura. Não espere aqui um filme de ação bem-humorado. Mas isso não significa que ele não vai te fazer rir.
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O filme é cheio de um humor não intencional. Você leu a legenda da foto acima? Isso realmente é falado no filme. Em outra cena, uma bola de boliche cai aleatoriamente na cabeça de um bandido, coincidentemente salvando a vida do protagonista.
Desejo de Matar é cheio de momentos assim
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E você sabe, eu gosto de filmes de ação bem-humorados, mas não é o caso. Este realmente tenta ser sério, e parece não perceber o absurdo das suas cenas.
E é uma pena, pois como a carreira recente do Liam Neeson já provou, este tipo de história realmente ressoa com o público de cinema. Simplesmente tem alguma coisa muito mágica em ver um velhinho matando bandidos.
E tem cenas boas, afinal de contas. O ataque à família do protagonista, por exemplo, mostra bem a mão do diretor e as influências de terror que o deixaram famoso. Outra que se destaca é a cena de tortura. Afinal, não dá para não simpatizar com a causa do herói, uma vez que a polícia claramente não vai ajudá-lo.
Aliás, uma curiosidade curiosa é que o policial é feito por Dean Norris, o Hank de Breaking Bad, que praticamente reprisa o papel da série clássica por aqui. Não sei se foi intencional, mas acaba contribuindo para o clima de filme B deste novo Desejo de Matar.
Uma vez, conversando com um amigo, ele defendia Desejo de Matar (o original) dizendo que era um ícone campy. Pode até ser e, neste aspecto, o Desejo de Matar de 2018 é tão campy quanto. Talvez isso o torne um remake bem sucedido e agrade os fãs, mas definitivamente não me agradou. Eu gosto que meus filmes de ação sejam intencionalmente engraçados.