Com as Próprias Mãos

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Alguém pode me explicar por que estamos vendo tantos remakes no cinema? Poxa, de Madrugada dos Mortos a Sexta-Feira Muito Louca, me parece que Hollywood está lançando um remake por semana! Falta de criatividade? Extinção de novos talentos? Enfim, o remake da semana é Com as Próprias Mãos, uma atualização de Fibra de Valente (1973 – que chegou até a ganhar duas continuações), estrelando The Rock (um lutador de luta livre, aquele que fez Escorpião Rei) e Johnny Knoxville (do programa de TV Jackass, em um papel que não envolve nem vômitos nem fezes). Pois é, parece que não são apenas os roteiristas estadunidenses que estão em extinção. Esse mal deve estar afetando também os atores. Com uma introdução dessa estirpe (puxa, acho que é a primeira vez que uso essa palavra) aposto que você acha que eu vou estraçalhar o filme, certo? Pois bem, continue lendo.

Antes de mais nada, devo admitir que, como já falei na resenha de Por um Triz, se existe um estilo de filme que definitivamente não me agrada, esse é o estilo Policial. E aí está a beleza das cabines (além de assistir filmes de graça, é claro): pois de tanto ser “obrigado” a assistir filmes policiais, eu começo a enxergar a poesia em ver um carinha de 2 metros detonando o rosto de um traficante com um pedaço de pau. E quando o filme tem uma trama que consegue fazer você torcer pelo herói, então… ah, é aí que nossos instintos sádicos afloram e assistir a um filme do gênero se torna divertidíssimo. Junte a isso aquele humor que víamos nos filmes dos anos 80 estrelados pelo atual governador da Califórnia e uma cena de strip-tease e pronto. O que mais um homem pode querer?

Ah, você quer saber sobre a história? Meu, é o de menos, mas beleza. Vamos lá: Chris Vaughn (The Rock) é um ex-militar que volta para a sua cidade natal. As coisas, no entanto, não estão mais como ele deixou, já que agora o maior empregador da cidade é um cassino que desenvolve algumas atividades ilícitas como trapaças nos jogos e venda de drogas. Quando Chris descobre isso e percebe que o dono do cassino, Jay Hamilton (Neal McDonough), domina a cidade inteira, inclusive a polícia, se junta a seu amigo Ray Templeton (Knoxville) e decidem sair por aí fazendo justiça Com as Próprias Mãos. Você percebeu como eu “sutilmente” coloquei o nome do filme na frase? Legal, né? Vou começar a fazer isso sempre que possível.

O grande charme do filme está exatamente na sua inverossimilhança. Assim como Rambo, nunca um carinha ia conseguir derrotar uma cidade inteira. Nem se tivesse 2 metros e treinamento militar, como é o caso aqui. Na verdade, ele nem mesmo tentaria, por mais ideológico que fosse. Essa é uma fantasia mais irreal do que Star Wars ou Senhor dos Anéis. Mas e daí? Quem nunca se sentiu injustiçado e injuriado pela sociedade, por policiais corruptos ou pelas pessoas que sentam no banco do corredor do ônibus que atire a primeira pedra. E é justamente aí que começamos a torcer por Chris e sentir o mais sádico prazer em cada criminoso que tem seu braço quebrado e sua cara deformada por uma slot machine.

Não posso deixar de citar a cena do strip-tease, é claro. Por mais que eu goste de ver uma mulher tirando a roupa, acho que os caras poderiam (e deveriam) ter escolhido melhor. Na primeira vez que o cassino é mostrado, vemos dezenas de mulheres perfeitas. Isso chega até a gerar uma certa decepção quando vemos a garota que faz o strip-tease (Ashley Scott) que, embora esteja longe de ser uma mulher feia, é talvez a garota menos desejável do filme.

Tirando a falta de critério na escolha da mina do strip, Com as Próprias Mãos é legal pra caramba. É um filme que eu nunca teria assistido em circuito comercial e, justamente por isso, fico feliz de tê-lo assistido na cabine. Há muito tempo não me divertia tanto no cinema e realmente vou mudar meus critérios sobre filmes policiais. Para falar a verdade, já estou ansioso para a próxima cabine do estilo.

Enquanto eu espero pela próxima cabine, você pode conferir Com as Próprias Mãos no cinema a partir de hoje, 29 de outubro. Eu realmente recomendo!