Hércules

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Creio que todo mundo, até aqueles que não são ligados em mitologia grega, conhecem a história de Hércules. Semideus de força incomparável, filho de Zeus com uma humana, realizou 12 trabalhos e blá, blá, blá. Talvez seja uma das histórias mais conhecidas da humanidade e, por isso mesmo, uma das mais batidas, já exploradas incontáveis vezes pelo cinema e televisão.

Justamente por isso, essa nova produção cinematográfica, baseada em uma graphic novel, opta por contar não o óbvio, mas sim o que aconteceu depois. Após realizar os 12 trabalhos, Hércules vira um mercenário, trabalhando junto a um grupo de amigos. Um dia, a turma é contratada para defender um reino grego de um inimigo que supostamente é um bruxo. E está armado o campo de batalha para a pancadaria.

Se o longa se atreve a fugir do óbvio e optar por não se concentrar nos 12 trabalhos, também apresenta uma abordagem mais voltada para o realismo, onde seres místicos não são o que aparentam, e talvez Hércules não seja realmente um semideus. Seus feitos talvez tenham sido aumentados de proporção para aumentar sua lenda e fama. Essa dúvida se ele é ou não o artigo genuíno seria algo bacana se fosse explorado direito, coisa que não acontece, visto que o longa prefere privilegiar a ação, seu grande chamariz.

O problema é que ele é simplesmente medíocre. Aquela típica superprodução que claramente gastou muito dinheiro (isso transparece claramente na tela), mas acaba rendendo um produto apenas “mé”, tão parecido com tantas outras produções meia-boca que você com certeza já viu antes. Muitas delas até com orçamentos bem mais modestos, mas o mesmo resultado.

Na minha avaliação, o diretor Brett Ratner tem uma grande parcela de responsabilidade no resultado final. O cara é aquele típico diretor sem qualquer atrativo, sem estilo, sem personalidade. Daí o cara quis fazer um épico de sandália e espada e acabou criando algo que parece um primo esquálido e coxinha do 300.

E como ele não é Zack Snyder, não há um pingo da estética e do estilo do longa do rei Leônidas. O que temos aqui são cenas de ação genéricas. Competentemente conduzidas, é verdade, mas sem qualquer atrativo especial. E ainda por cima precisa maneirar na violência e no gore, afinal, é uma produção PG-13.

Ainda por cima, quando não está rolando guerra, as cenas que avançam a história são bem chatinhas e pouco criativas, o que acaba por deixar seu andamento bem irregular, ainda que seja um filme até curto. Mas nas partes onde ninguém bate em ninguém, o tempo parece passar mais devagar.

É uma pena, porque Dwayne “The Rock” Johnson é um cara carismático e merecia um veículo melhor para protagonizar. Mas não é com esse filme que voltará ao páreo de candidato a novo astro da ação no cinema. Até porque ele já nem é mais tão novo assim…

No mais, Hércules é o típico filme regular. Dá para aguentar, desde que você não tenha qualquer expectativa quanto a ele. Mas ir ao cinema com esse estado de espírito em mente não é nada legal. Então o melhor mesmo é deixar isso aqui pra lá e procurar um programa mais satisfatório.

CURIOSIDADES:

– Coincidentemente, enquanto acontecia a cabine deste filme, o Corrales estava na Grécia. Se você quer mais um exemplar de Viagens Delfianas, grite “Que Zeus nos acuda” nos comentários.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
herculesPaís: EUA<br> Ano: 2014<br> Gênero: Ação<br> Duração: 98 minutos<br> Roteiro: Ryan Condal e Evan Spiliotopoulos<br> Elenco: Dwayne Johnson, Ian McShane, John Hurt, Rufus Sewell e Joseph Fiennes.<br> Diretor: Brett Ratner<br> Distribuidor: Paramount<br>