Batman na TV – Parte 2

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Ontem cobrimos as séries live-action do morcego na televisão. Mas o personagem teve um universo ainda mais rico feito de tinta e acetato. Conheça agora a trajetória do homem-morcego nos desenhos animados.

OS DESENHOS ANIMADOS DE 1960 ATÉ 1980

Depois que a série do “Batman barriguinha” parou de produzir novos episódios, as TVs estadunidenses começaram a receber o desenho animado Batman with Robin the Boy Wonder (“Batman e Robin o Menino Prodígio), produzida pela Filmation em 1969. A animação era bem limitada e era exibida durante o show The Batman / Superman Hour, em episódios de 30 minutos. A atração contava com a dupla dinâmica e a Batmoça enfrentando os vilões clássicos dos quadrinhos.

Também houve inúmeras participações especiais do Batimão em outros desenhos animados. As mais famosas são duas aparições especiais com o Scooby-Doo na primeira temporada da série The New Scooby-Doo Movies, em 1972. O nome do primeiro episódio é The Dynamic Scooby-Doo Affair (“O caso do Scooby-Doo dinâmico”), enquanto o segundo é The Caped Crusade Caper (“O Assalto do Cruzado de Capa”). Em ambas, tanto o homem-morcego quanto o menino prodígio estão presentes.

De 1973 a 1985, os personagens foram trazidos de volta à vida na série animada dos Superamigos. A atração era produzida pela Hanna-Barbera, também responsável por várias animações clássicas dos anos 70, como Scooby Doo, Zé Colmeia, Os Jetsons e Os Flintstones.

Infelizmente, foi apenas nos dois primeiros anos que vimos os Superamigos em ação de fato. Os episódios produzidos até 1974 mostravam os maiores heróis da DC, Superman, Mulher Maravilha, Aquaman, Batman e Robin. Houve também participações especiais de outros super-heróis famosos, como o Flash, o Lanterna Verde e o Arqueiro Verde.

É então que chega 1977 e a Hanna Barbera decide introduzir personagens próprios. Surgem os que eu mais odeio em todo o universo: os Super-Gêmeos Zan e Jayna e o macaquinho Gleek. Zan tinha o poder de se transformar em qualquer coisa feita de água, enquanto Jayna poderia assumir a forma de qualquer animal. Gleek não se transformava em nada, mas sua cauda tinha mil e uma utilidades. Por exemplo, para carregar o balde de água no qual Zan se transformava enquanto Jayna, em forma de um pterodáctilo, o levava para o alto de uma montanha. Eles eram toscos, mas as crianças adoravam.

Superamigos virou praticamente um sinônimo dos Super-Gêmeos. Pouco a pouco, os personagens mais importantes deixavam de aparecer na história, tornando-se coadjuvantes em sua própria série. Poderiam até fazer um E! True Hollywood Story com eles.

Em 1985 a DC resolveu se livrar dos personagens e dar um tom mais sério aos Superamigos. O show muda de nome e passa a se chamar os The Super Powers Team: Galactic Guardians. Além da mudança de tom, personagens mais obscuros e que vinham fazendo sucesso na mitologia da DC Comics deram o ar da graça. Surge a versão animada do Nuclear e o Cyborgue passa a integrar a equipe, que também tem o Flash, o Gavião Negro e o Lanterna Verde.

Esta última temporada é o desenho do qual recordo como sendo meu primeiro contato com o mundo dos Super-Heróis. Da mesma forma, minha primeira lembrança do Homem-Aranha é no desenho que também mostrava o Homem de Gelo e a Estrela de Fogo. Foi tão marcante em minha infância que até hoje não me recuperei do trauma de nunca ter tido um bonequinho do Superman. E eu tinha um amigo que tinha quase todos os heróis, além do Batmóvel. Eu morria de inveja do lucky bastard

Em Super Powers, nossos heróis enfrentavam vilões clássicos como Lex Luthor, Bizarro, Darkseid e o Espantalho. Também foi a primeira série animada a mostrar dois vilões principais do Batman: o Coringa e o Pingüim. Não apenas isso, ela também foi a primeira série na TV a contar a origem do Batman. Antes dela, apenas a série de 1966 havia mencionado o assunto, brevemente e em um único episódio.

Em 1986, a série é cancelada e apenas reprises são exibidas. O universo do Batman continuava a todo o vapor. Dick Grayson havia virado o Asa Noturna, o multiverso foi destruído na Crise nas Inifinitas Terras, Jason Todd morreu e a Liga da Justiça passou a contar apenas com personagens secundários e o Batman. Por muito tempo não tivemos nenhuma novidade televisiva no mundo do morcego. Até 1992.

O DESENHO DO BATMAN NOS ANOS 90

O mundo dos quadrinhos havia mudado. E o Batman havia mudado. Com a morte de Jason Todd nos quadrinhos, chegou-se à conclusão de que o morcego era um personagem soturno demais para andar por aí com um menino que usa tanguinha e deixa as pernas de fora. Uma besteira. Afinal, como você pode perceber, o Robin esteve junto com o homem-morcego em todas as suas encarnações televisivas até então.

Em 1989, surge o primeiro filme do Batman, dirigido por Tim Burton. Soturno, com um clima gótico, um Robin é impensável. Em 1992, temos Batman: O Retorno. Ainda mais soturno e gótico. Robin? Praticamente uma ofensa.

Acompanhando a mudança de tom, a DC resolve se adequar aos anos 90. A Marvel estava faturando horrores com o desenho dos X-Men, e ela não podia ficar para trás. É quando a Warner, produtora dos dois longas do Homem-Morcego e dona da DC, resolve fazer um novo desenho, para um novo público.

Surge Batman: The Animated Series (conhecido aqui por Batman: O Desenho da TV) e um novo universo tem início. A animação era muitíssimo bem feita. O clima sombrio dos filmes de Tim Burton está lá. Batman é retratado com perfeição. São mostrados todos os personagens clássicos da série, e até novos personagens são introduzidos e, mais tarde, adicionados à série regular dos quadrinhos: a Arlequina, ajudante do Coringa, e a policial Renné Montoya.

Mais do que apenas introduzir novos personagens, a série renovou o universo do morcego. Novas origens foram dadas para o Sr. Frio, que passou de um cientista maluco com uma obsessão por frio a uma figura trágica que enlouquece com a morte de sua amada, o Duas Caras, que mais tarde foi incorporada à minissérie Batman – O Longo dia das Bruxas, e para o Cara de Barro.

Batman: TAS foi um sucesso. Tanto que criou um novo Universo DC na televisão. A começar por Superman: The Animated Series, que tinha o mesmo traço, mas não foi tão bem sucedida, e a Liga da Justiça. A animação do Batman deu origem a vários desenhos em longa-metragem do personagem, videogames e toda uma série de produtos de merchandising. O mais interessante é notar que o desenho não era voltado especificamente às crianças, apesar de ter feito um enorme sucesso entre elas.

Tudo estava bem, e nos quadrinhos as mudanças não paravam de acontecer. É quando o preconceito com o Robin desaparece e Timothy Drake assume o manto de menino prodígio. Com a mudança, os executivos da Warner resolveram incluir o personagem também no desenho. Mas nada de pernocas de fora! Batman: TAS incorporou o Robin como Dick Grayson, mas usando o uniforme de Tim Drake. O personagem aparece pela primeira vez no episódio 19 da primeira temporada. Sua origem é contada na segunda temporada, no episódio Robin’s Reckoning.

A Fox acabou assumindo o desenho, que mudou o nome para Adventures of Batman & Robin. As histórias passaram a ter um tom mais leve, pois a empresa impunha várias restrições aos criadores. Uma delas é que não poderiam ser mostradas armas de fogo nem sangue. É por isso que, apesar do cenário ter um design característico à década de 40, vemos armas tão avançadas de raios laser.

Para tentar resolver este problema, a Warner trouxe o Batman de volta à sua casa. Bruce Timm e Paul Dini, produtores da animação, renovam o desenho e, em 1997, estréia The New Batman Adventures, que teve três temporadas.

Entre as renovações de The New Batman Adventures, temos Tim Drake assumindo o manto do menino prodígio (que perde a cor verde no uniforme), o Batman voltando ao seu uniforme clássico, sem a oval amarela no peito e com um cinto de utilidades com bolsos, e o surgimento de Dick Grayson como o Asa Noturna, pela primeira vez retratado na televisão.

The New Batman Adventures foi cancelado em 1999 e deu lugar a Batman Beyond, que ganhou o nome de Batman do Futuro em terras tupiniquins. Uma burrice da Warner.

ANIMAÇÕES DERIVADAS A PARTIR DO ANO 2000

Batman Beyond era um desenho muito bem feito, seguindo o mesmo estilo de The New Batman Adventures, mas cometeu o erro de tirar o manto de Bruce Wayne. Aqui, Terry McGuinnis é um jovem que acaba descobrindo o segredo de Bruce, que envelheceu e resolveu pendurar o cinto de utilidades. Terry assume o manto do cara para vingar a morte de seu pai. O traje do morcego contém tecnologia avançada que aumenta sua velocidade e força, além de permitir vôo. Ele também possui uma conexão direta com Bruce Wayne, que lhe passa instruções através do rádio.

A série durou três temporadas e rendeu um longa-metragem chamado Batman do Futuro: O Retorno do Coringa, que mostra o retorno do maior inimigo de Batman, dado como morto há décadas. Na verdade, o verdadeiro Coringa está morto, mas ele deixou sua loucura em alguém muito próximo do herói.

Em 2001, ano da última temporada do desenho, a Warner resolve trazer o bom e velho morcego de volta à televisão. E em grande companhia, pois ele vem junto com o desenho da Liga da Justiça.

Essa é a verdadeira Liga da Justiça, sem bizarrices como os Super-Gêmeos ou personagens obscuros. Formada por Batman, Superman, Mulher Maravilha, Lanterna Verde (John Stewart), Flash, Mulher Gavião e Ajax, o Caçador de Marte. Não há qualquer menção ao Robin aqui, e o Batman é retratado de uma maneira ainda mais séria. Aqui ele peita o Superman pra valer, mano!

A nova série foi muito bem sucedida, graças a suas ótimas histórias e acabou servindo de trampolim para a Warner apresentar seus personagens mais obscuros. Em 2004, surge a Liga da Justiça Sem Limites, onde os medalhões da editora quase não aparecem, incluindo o Batman. A série foi cancelada em 2006.

Apesar do morcegão não aparecer, vale lembrar que seu pupilo, o Robin, é o líder dos Jovens Titãs na série Teen Titans. Esta é o primeiro desenho em uma década que se afastou do estilo e design estabelecido por Batman: TAS, que parece estar definitivamente enterrado agora.

AS ÚLTIMAS ENCARNAÇÕES ANIMADAS DO HOMEM-MORCEGO

É muito legal ver o Batman na série dos outros, mas é muito melhor ver ele na sua própria série, certo? Pô, ele é o Batimão! Não precisa de heróis de segunda. A única função deles deve ser a de se sentirem humilhados diante da grandiosidade dos batmamilos no uniforme de Bruce Wayne.

Em 2004 surge a nova animação exclusiva do morcego, The Batman. A série se afastou definitivamente do design estabelecido nos anos 90. Não há nada que lembre Tim Burton ou Danny Elfman, nem mesmo roupas com mamilos de borracha. A roupa do Batman volta à sua forma mais conhecida, com a oval amarela, mas mantém o cinto de utilidades com bolsas. A música foi totalmente recomposta pelo guitarrista do U2, The Edge.

A nova série começou muito bem. Encontrou um tom sério sem apelar para o soturno ou o gótico. Batman ainda é motivado pela morte de seus pais, mas não fica lamentando isso, nem afasta as pessoas à sua volta. Aliás, quando é Bruce Wayne, ele se sai como o perfeito playboy fútil que só quer aproveitar a vida, o disfarce perfeito.

Infelizmente, a série descambou para um visual mais infantil a partir da terceira temporada, quando surge a Batgirl. Curiosamente, é a única série onde a personagem feminina aparece antes do Robin, introduzido na quarta temporada. Nesta série, o Robin é mais uma vez Dick Grayson.

The Batman foi cancelada este ano. Na última temporada, o Homem-Morcego se alia aos seus colegas da Liga da Justiça (a saber: Superman, Ajax, Gavião Negro, Flash, Lanterna Verde e Arqueiro Verde) para lutar contra o Dr. Hugo Strange, que planeja conquistar o mundo com a ajuda de uma frota alienígena invasora.

No entanto, os órfãos do homem-morcego não precisam se desesperar, uma vez que um novo desenho está a caminho. Trata-se de Batman: The Brave and Bold, que trará o morcegão ao lado do Aquaman, Arqueiro Verde, o novo Bezouro Azul, Tornado Vermelho (olha, as cores primárias!) e o Homem Elástico.

O desenho estréia no Cartoon Network estadunidense em março do ano que vem e, pelas imagens divulgadas até agora, será focada no público infantil. O traço do desenho é o mesmo de outras atrações do canal e o Batman volta a usar a roupa reinventada por Carmine Infantino nos anos 60, com a capa e o capuz azuis, com a frente do capuz na cor preta, a oval amarela no peito e o cinto de utilidades sem bolsas. Estou vendo que não vou gostar.

Como vocês, fiéis leitores do DELFOS, puderam notar ao longo deste longo resumo, não foram poucas as encarnações do Batman na pequena tela mágica que você possui na sala da sua casa. De versões para crianças a versões para adultos alienados, o homem-morcego é um personagem que não morrerá tão cedo. Este quase septagenário tem se reinventado ao longo do tempo e já passou por várias dificuldades. Ao mesmo tempo em que torço para Batman: The Brave and The Bold ser cancelado na primeira temporada, também espero que algo no mesmo nível da série da década de noventa volte a surgir em nossas telinhas. Afinal, a franquia revivida de Christopher Nolan ainda está em sua infância. Será que vai demorar muito para alguém encontrar a mina de ouro que a Warner possui? Por que ninguém lança uma série live-action que leve o personagem realmente a sério? Esses são mistérios que talvez nem o próprio Homem-Morcego, o maior detetive do mundo, consiga resolver.

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