Batman: Asilo Arkham

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Até que ponto pode chegar a loucura? O que leva uma pessoa a cometer homicídios em série ou mesmo se vestir como um palhaço para cometer crimes? Essas explicações pareciam sempre serem deixadas de lado nas Histórias em Quadrinhos até meados da década de 70. O que importava era colocar sempre um inimigo conhecido, como um Charada (pela DC) ou um Duende Verde (pela Marvel), por exemplo, cometendo as suas atrocidades como uma desculpa para uma luta com um dos grandes heróis.

Mas, alguns roteiristas pararam e começaram a se perguntar o que guiava a mente desses criminosos. Qual a loucura por trás disso e, afinal, o que era esta loucura? É justamente esta a idéia central desta edição especial do Cavaleiro das Trevas: a exploração da mente insana destes personagens na principal instituição penitenciária de Gotham City.

A estória é a seguinte: em um primeiro de abril, os internos do Asilo Arkham se rebelam e tomam os funcionários da instituição como refém. Liderados pelo Coringa, eles começam a fazer exigências absurdas para as autoridades. Entre essas exigências, a principal era que o próprio Batman fosse conviver com os internos do sanatório.

Paralelamente a estes acontecimentos, somos apresentados à macabra estória de Amadeus Arkham desde a sua infância, enfrentando a loucura de sua mãe, sua formação em psiquiatria visando combater os fantasmas do passado, o assassinato de sua família por um louco e a fundação do Asilo em 1921.

O roteiro adulto de Grant Morrison faz um paralelo muito interessante entre as duas estórias, sem torná-las cansativas e explorando dois mundos (o dos loucos e o dos “normais” se é que o último existe) que deveriam ser tão diferentes, mas na verdade prova que aquela velha frase “de médico e louco, todo mundo tem um pouco” está mais do que correta. É interessante reparar também no próprio Asilo Arkham como um ciclo produtivo de insanidade: Ele foi criado, detém e produz malucos.

Além disso, as citações a Alice no País das Maravilhas (estória de Lewis Carroll) complementam o clima pesado e introspectivo nos levando a refletir sobre a tênue linha que separa a insanidade e o mundo real.

Os desenhos de Dave McKean são bem “perturbadores” no bom sentido da palavra, e combinam perfeitamente com a idéia da trama central. Mesmo assim, determinados quadrinhos estão surreais demais e alguns personagens, no caso, os residentes de Arkham, aparecem bem estereotipados, talvez como uma forma de ressaltar a insanidade que os envolve. São traços bem diferentes dos encontrados na série normal do Batman e alguns leitores ocasionais, ou desavisados, podem acabar estranhando. Este gibi é considerado uma das obras primas do Batman, ao lado do Cavaleiro das Trevas original (que será resenhado em breve aqui no Delfos) e é leitura obrigatória para todos os fãs do morcegão.

Batman: Asilo Arkham foi lançado nos EUA em 1989. Aqui no Brasil, chegou pela primeira vez em 1990 pela Editora Abril no formato pequeno e foi relançado novamente no final do ano passado pela Panini Comics em formato americano com capa e papel especial no preço tabelado de R$ 12,90.

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