Atividade Paranormal em Tóquio

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O tema desta resenha tem um histórico curioso, como há tempos eu não via no mundo do cinema. Se liga: aparentemente, após assistir Atividade Paranormal, uma galerinha japonesa decidiu dar uma banana para Hollywood e suas continuações de filmes de sucesso, rodando sua própria sequência e ignorando que os estadunidenses invariavelmente fariam Atividade Paranormal 2.

Sendo assim, Atividade Paranormal em Tóquio é uma continuação nipônica do hypado longa de 2007, e rodada em paralelo com a própria sequência estadunidense (é só notar que ambas as produções são de 2010). E eis o melhor de tudo: é um filme oficial da franquia! Inclusive foi produzido por Oren Peli, o diretor do longa original. Bizarro, não? Você pode escolher qual segunda parte quer assistir. Isso que eu chamo de dar opções ao público!

Pois bem, neste exemplar acompanhamos a jovem Haruka Yamano, que retorna a Tóquio de uma viagem nos EUA com as duas pernas quebradas e uma assombração na bagagem. Imediatamente, todas aquelas bobagens dos outros dois filmes começam a acontecer em sua casa. Seu irmão Koichi decide filmar tudo para tentar saber o que está acontecendo. Sim, é a mesma história dos outros filmes e o mesmo esquema narrativo, com as câmeras caseiras. E também a mesmíssima progressão da história, como se houvessem três filmes, mas só um roteiro.

Mas sabe que, diferente dos outros dois longas, até que eu entrei no clima deste aqui? Continuo achando essa série apenas medíocre, e ela nem mesmo está entre meus subgêneros favoritos do cinema de terror, mas até que me entretive durante a projeção e tomei dois ou três sustos, graças à edição de som no talo.

O legal aqui é constatar as diferenças culturais. Enquanto a continuação estadunidense segue a cartilha de ser maior em todos os aspectos (casa maior, mais gente, bebê, cachorro e várias câmeras), este é muito mais humilde. Koichi usa duas câmeras e isso é o máximo de coisas a mais em relação ao original.

Fora isso, outro ponto positivo e também relacionado à cultura é que, logo que as coisas começam a acontecer, não há aquele chavão batido dos personagens tentarem explicar racionalmente os fenômenos. Koichi já sai acreditando de cara que é alguma coisa sobrenatural e assim o filme avança sem grandes enrolações.

Poderia ter até ganhado uma nota melhor se tivesse acabado cerca de três minutos antes, no que seria uma atitude totalmente compreensível de um dos protagonistas. No entanto, ainda restava um pouquinho de metragem, e ele acabou exatamente da mesma maneira que sua fonte de inspiração e sua continuação irmã. Perdeu assim uma grande oportunidade de ter uma cara própria. Desta forma, a diferença mais gritante deste longa em direção aos outros acaba sendo que este é falado em japonês e só.

Quem gostou dos outros dois filmes da franquia, certamente vai gostar deste também. Quem não curtiu, pode ter alguma chance de simpatizar com esse, mas eu não apostaria minhas fichas nisso. E me despeço com a dúvida: será que eles vão levar a cinessérie para outras grandes metrópoles do mundo? Quem sabe daqui a alguns anos não temos um exemplar de Atividade Paranormal filmado em alguma cidade brasileira? Só espero que até lá a saga tenha dado um salto maior de qualidade.