As Crônicas de Spiderwick

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Quando eu era um reles, porém feliz, pimpolho, o único filme filmado de fantasia que me lembro de ter visto no cinema foi História Sem Fim. E isso não foi por falta de interesse. Na verdade, sempre que aparecia um Grande Dragão Branco ou qualquer coisa parecida (é incrível a quantidade de filmes com a palavra “dragão” no título que foram feitos nos anos 80), eu ia correndo para o cinema e saía sempre decepcionado por ter assistido a mais um filme de porrada.

As crianças de hoje, não têm mais esse problema, já que fantasia é atualmente um gênero com tantos representantes quanto as comédias românticas. Infelizmente, assim como acontece com o gênero maldito, as fantasias sofrem um grave problema: todos seguem exatamente um mesmo roteiro – que você deve conhecer por alguma coisa parecida com “o mito do herói”. E depois de ter assistido a longas como Star Wars, Harry Potter ou O Senhor dos Anéis, por que diabos alguém vai querer assistir a mais um remake da mesma história, mudando apenas os nomes? Não sei, mas até aí, as comédias românticas continuam reciclando o mesmo roteiro e ainda resistem, firmes e fortes, assim como os representantes da fantasia.

“Mas por que esse cara disse tudo isso? Ele deveria ir ouvir pagode!”, deve estar exclamando o impaciente leitor. E eu explico: porque, apesar de se apropriar de alguns elementos do mito do herói, temos aqui uma história diferente. E boa! E o melhor de tudo, o filme não é cortado no meio, como se convencionou fazer nas adaptações cinematográficas de livros do gênero, mesmo sem a continuação estar garantida. Temos aqui uma história completa, com começo, meio e fim, como qualquer história, em qualquer mídia, deveria ser. Aliás, eu espero que o desgraçado que tenha inventado o cliffhanger queime nas mais profundas profundezas do inverno. É, do inverno, porque falar para um sujeito “queimar no inferno” é clichê demais e se o dito-cujo consegue queimar no inverno, ele merece meu respeito.

A história? Ora, como posso me atrever a não contar a sinopse no segundo parágrafo, não é mesmo? Pois então, Jared é um moleque que se muda com a família para uma casa longe de tudo. Ele logo encontra um livro com um aviso dizendo que aquele que o ler, apostará a própria vida. Obviamente, o imbecil lê, e a partir daí, descobre a existência de uma grande miríade de criaturas encantadas, algumas amigáveis e fofinhas, e outras não.

Os pontos positivos já foram explicitados, então é chegada a hora de falarmos dos negativos. O início do filme, a parte pré-fantasia, é um saco. O final é extremamente cafona e exagerado na sua patética tentativa de emocionar. O meio é bom, muito bom, e é essa parte que vale o ingresso. Se você gosta de fantasia, e também está de saco cheio do mito do herói, esse filme é para você.

Curiosidade:

– O personagem do Seth Rogen, o goblin Gritalhão, refere-se a si mesmo como um hobgolin. Nas legendas, traduziram isso como um goblin do bem, mas, quando lembramos que o Homem-Aranha tem um vilão com esse nome, que aqui chama Duende Macabro, o troço fica um tanto confuso. Alguém que entende de RPG e de historinhas de fantasia pode explicar para nós o que diabos é um hobgoblin?

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
as-cronicas-de-spiderwickPaís: EUA<br> Ano: 2008<br> Gênero: Fantasia<br> Distribuidor: Paramount<br>