Todo mundo já ouviu falar no balé O Quebra-Nozes, um dos mais famosos do mundo. O qual, por sua vez, foi inspirado num conto de E.T.A. Hoffmann. Já o pessoal com humor estilo quinta série o conhece como uma expressão para um golpe bem dado numa parte muito sensível da anatomia masculina. Hehe… Testikles…

O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos opta por adaptar o balé e o conto e não por ser uma coletânea de homens incautos tendo suas bolas castigadas. Algo que seria infinitamente mais divertido de se ver (desde que não fossem minhas bolas, claro) do que o que foi parar nas telas.

A menina Clara perdeu a mãe recentemente, mas acaba recebendo dela um presente póstumo. Isso vai fazer com que ela embarque numa aventura por uma terra mágica, dividida nos quatro reinos do título. Lá, ela vai fazer amizade com um soldado quebra-nozes (justificando assim a primeira parte do título) e correr atrás de um macguffin que pode intensificar a guerra de três dos reinos unidos contra um deles ou resolver de vez a discórdia entre eles.

Delfos, O Quebra-Nozes e os Quatro ReinosEu definitivamente não curto fantasias infantis, muito menos fantasias infantis de época (nem mesmo quando eu próprio era um infante), e ainda menos balé. Isso aqui tem praticamente tudo que eu não gosto no cinema de entretenimento. E para piorar o pacote, ele simplesmente é muito fraco.

Assim que a menina sai da Inglaterra do século XIX e vai parar na terra dos quatro reinos, você já sabe exatamente tudo que vai acontecer, incluindo a reviravolta que só deve surpreender mesmo crianças muito pequenas.

BOCEJOS, NADA ALÉM DE BOCEJOS

De resto, ele é completamente esquemático e dava para cronometrar em que momento ia acontecer tal coisa. Dessa forma, mesmo sendo até curto, acaba sendo muito arrastado, beirando o chato mesmo.

Visualmente ele é bonitão, colorido e com bons efeitos especiais. Fotografia, figurinos, cenários, tudo é de primeira. Só se esqueceram de investir mais no roteiro mesmo.

Ele até faz uma ligação com o balé que o originou e suas músicas estão presentes, embora aquela que é a mais famosa seja diversas vezes sugerida, mas acabe tocando mesmo só no fim. E como assim ninguém, absolutamente ninguém, leva um soco no saco durante seus 99 minutos de duração? Isso é absolutamente imperdoável!

Delfos, O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos

Enfim, O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos é aquele tipo de produção tecnicamente muito caprichada, mas com uma história e um andamento pra lá de batidos, conduzidos sem nenhuma paixão. Seria um filme nada, não fosse seu ritmo arrastado que prejudica um mínimo de entretenimento.

Mas, se diferente de mim, você gosta desses elementos fantásticos elencados e do balé, dê uma arriscada, porque ao menos visualmente, ele merece ser visto na tela grande do cinema.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
o-quebra-nozes-e-os-quatro-reinosTítulo: The Nutcracker and the Four Realms<br> País: EUA<br> Ano: 2018<br> Gênero: Fantasia<br> Duração: 99 minutos<br> Distribuidora: Disney<br> Data de estreia: 01/11/2018<br> Direção: Lasse Hallström e Joe Johnston<br> Roteiro: Ashleigh Powell e Tom McCarthy<br> Elenco: Mackenzie Foy, Keira Knightley, Matthew Macfadyen, Morgan Freeman e Helen Mirren.