A Tartaruga Vermelha

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A Tartaruga Vermelha, além da indicação ao Oscar de melhor filme de animação na cerimônia deste ano, possui uma outra distinção: trata-se do primeiro filme animado não japonês produzido pelo prestigiado Estúdio Ghibli. O diretor Michael Dudok de Wit é holandês e a produção é dividida entre França, Bélgica e o próprio Japão.

Segundo o IMDb, o diretor recebeu um e-mail do prestigiado estúdio nipônico com duas perguntas. A primeira, se eles poderiam distribuir seu curta Father and Daughter no Japão. E a segunda, se ele poderia fazer um longa-metragem para eles. O diretor retornou o e-mail respondendo a primeira questão e dizendo que não havia entendido a segunda, pois não conseguiu acreditar que eles realmente haviam pedido para que ele produzisse um longa para eles.

Pois era isso mesmo e o resultado você pode conferir agora em nossos cinemas. A Tartaruga Vermelha conta a história de um náufrago que vai parar em uma ilha deserta e, diferente do Tom Hanks, não tem sequer uma bola de vôlei para chamar de Wilson e bater papo.

Esta é outra peculiaridade da animação: ela não conta com diálogos. São 80 minutos de narrativa sem falas, algo que sempre remonta ao princípio do cinema e a uma linguagem muito mais universal. Por isso mesmo, o filme é capaz de agradar a qualquer tipo de público, de todas as idades.

Enquanto o náufrago tenta sobreviver na ilha, ele também começa a construir uma balsa para se mandar. No entanto, suas tentativas são frustradas por uma grande tartaruga vermelha e é aí que entra a parte mais fantasiosa da história. Não cabe contar mais para não estragar a surpresa de ninguém, mas basta dizer que o filme não explica como se dá algo que ocorre em determinado momento e nem porquê. Ou você embarca na virada da história ou não, fica a seu total critério.

Particularmente, eu achei o filme bonitinho, mas não comprei muito o twist em questão. Me parecia muito mais uma história de sobrevivência e de aprendizado a viver em meio à natureza do que algo de caráter fantástico. Seja como for, graças à sua enxuta metragem e ótima qualidade de animação, ele entretém bem, ainda que não seja particularmente memorável.

Tecnicamente, ele é muito bonito, ainda que também não seja algo que vá se destacar dentre a filmografia do Ghibli. Eu gosto muito deste estilo de traço mais simples e fininho. E é sempre um alento ver uma animação mais tradicional quando praticamente tudo que sai hoje em dia é modelado em CG.

No geral, A Tartaruga Vermelha é bacana e bonitinho, capaz de agradar públicos de todas as idades e gostos. Eu não diria que é um baita longa de animação, mas, como a primeira experiência de parceria entre o Estúdio Ghibli e realizadores estrangeiros, pode-se considerar como uma empreitada bem-sucedida.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
a-tartaruga-vermelhaPaís: França/Bélgica/Japão<br> Ano: 2016<br> Gênero: Fantasia/Animação<br> Duração: 80 minutos<br> Roteiro: Pascale Ferran e Michael Dudok de Wit<br> Diretor: Michael Dudok de Wit<br> Distribuidor: Sony<br>