As cinco maiores decepções de 2015

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2015 foi um ano cheio de acontecimentos ruins. No mundo, tivemos atentados terroristas na França, aquela bagunça toda de imigração na Europa que tem sido respondida com xenofobia, só para citar os mais divulgados. No Brasil, então, preciso dizer? O delfonauta nem pôde trocar a foto do perfil no Caralivro para prestar homenagem aos visionários da liberdade, igualdade e fraternidade sem alguém reclamar de que você não se solidarizou o suficiente com o nosso povo em Mariana. Teve também inflação, desemprego e o caos político que ainda estamos passando.

Tudo péssimo, mas ao virar o ano de branco, esqueceremos. O que não dá para aceitar é que justamente o entretenimento, em que confiamos para nos abster dos problemas reais que pouco podemos fazer algo a respeito, falhou miseravelmente em várias frentes. No cinema, nos games, crimes gravíssimos foram cometidos contra os nerds. É sobre isso que vamos nos lembrar hoje, delfonauta.

Acompanhe-me enquanto disseco as cinco maiores decepções do ano passado para finalmente colocarmos uma pedra no túmulo desse ano fétido. Já vai tarde, 2015.

5 – Trailer de Superman vs Batman: A Origem da Justiça revela participação especial do Apocalypse

O filme mais esperado de 2016 (depois de Capitão América: Guerra Civil e de X-men: Apocalipse, pelo menos) decepcionou todos que assistiram ao último trailer de 2015. O trailer revelou um plot twist indesejado, de que o Apocalypse da DC fará uma ponta no final e será o motivo de reconciliação entre o Homem-Morcego e o homem mais poderoso do mundo sem cueca vermelha.

Oras, assim não dá! Na cultura nerd de hoje em dia, quando qualquer coisa é spoiler, uma informação dessas no trailer acaba com o filme. Se antes as pessoas já suspeitavam que o conflito entre os dois heróis iria terminar em pizza, agora elas têm a certeza.

Não só a revelação é decepcionante, como o próprio plot twist em si também é. Este filme não tem espaço para tantos personagens novos sem os ter apresentado antes. Teremos de engolir o Ben Affleck falando “I’m Batman” e conhecer a nova Mulher-Maravilha, tudo em um filme apenas.

Fora isso, o Apocalypse é um vilão que renderia uma história completa. Relegá-lo a uma participação para criar amizade entre os dois heróis é mais uma péssima decisão da DC, perdendo apenas para colocar o Will Smith como mercenário em Esquadrão Suicida. Porém, essas decepções são futuras. De 2015, fica em quinto lugar esse indesejado spoiler no trailer de um filme que promete ser meia-boca.

4 – Konami manda Hideo Kojima ouvir pagode

Esta decepção é com uma empresa de games e, curiosamente, não é sobre a EA, a pior empresa para se trabalhar dos EUA. Estamos falando, é claro, da Konami, a pior empresa do Japão para se trabalhar, segundo o indicativo mais confiável que existe, o DataDelfos.

Para aparecer em quarto lugar nesta lista, a Konami resolveu em 2015 chutar o seu funcionário mais incrível, Hideo Kojima, mastermind da franquia mais que amada Metal Gear Solid.

Após ter anunciado que Metal Gear Solid V seria o último jogo da empresa para consoles, porque é muito mais lucrativo e fácil trabalhar com mobile (culpa dos casuais, viciados em Candy Crush), a Konami retirou os créditos do diretor Hideo Kojima do jogo, seguido por alguns meses de imbróglio se Kojima havia sido demitido ou não da empresa.

Ao final do ano, Hideo Kojima não havia sido apenas demitido, como também foi proibido de receber o prêmio de melhor jogo pelo seu trabalho em Metal Gear Solid V e seu nome continuou fora dos créditos da versão final.

Na mesma época, notícias começaram a aparecer sobre os abusos pelos quais os funcionários da Konami passam no ambiente de trabalho (desde vigilância extrema a mudança de cargos de desenvolvedores “improdutivos” para funções como faxineiro e porteiro, entre outras coisas deploráveis).

Grande decepção, mas pelo menos Kojima está desenvolvendo um jogo com a Sony agora!

3 – Nintendo atrasa The Legend of Zelda do Wii U e planeja novo console para 2016

Mais uma tristeza do mundo gamístico.

Quem comprou o Wii U em 2012 ou pouco depois, como eu, ficou órfão da Nintendo em 2015. Tudo bem, a empresa lançou grandes jogos, principalmente Super Mario Maker, Xenoblade Chronicles e Splatoon, mas a verdade é que a Big N não deu conta do videogame do jeito que deveria, como em 2013 e 2014. Em vários momentos deste ano, as coisas mais empolgantes anunciadas foram os DLCs de Super Smash Bros (para quem está por fora, Cloud de Final Fantasy, Bayonetta e Ryu de Street Fighter foram todos anunciados em 2015 para esse jogo).

Por isso, o adiamento do novo Zelda e de Star Fox realmente foram decisivos para um monte de gente deixar o barco da Nintendo. No Brasil, temos o agravante de a empresa ter cortado a presença oficial desde o final de 2014 e, com a alta do dólar, inflação e problemas econômicos, os jogos estão custando, em média, de R$ 250,00 a R$ 400,00. Sim, estou falando sério.

Sou um daqueles caras que defendem que é possível ter um console e jogar excelentes jogos sem gastar muito (pô, eu comprei Sunset Overdrive por R$ 50,00 no ano passado), mas enquanto outras empresas têm tornado isso possível, trazendo jogos com legendas em português e dublagens, a Nintendo adia os jogos e, para piorar, ameaça seriamente matar o Wii U com esses adiamentos.

Assim, a Big N decepcionou mais uma vez os fãs e quem investiu no Wii U deve estar com coceiras de arrependimento, uma vez que não foi um investimento barato (videogames nunca são).

2 – Pânico na Band lambe cosplayer na Comic-Con

Existe algo mais odiado por nerds do que o Pânico na Band depois da Comic-Con deste ano?

Um repórter maroto, durante uma entrevista escrota com uma pobre cosplayer, teve a pachorra de lamber o braço da garota após várias perguntas sem graça e insinuações desrespeitosas. Se dá calafrios de horror escrever todos esses sentimentos de repulsa no mesmo parágrafo, imagino o quanto ela, então, não sofreu.

Você consegue perceber como isso é nojento, delfonauta? Pense em você na Comic-Con, vestido de Nathan Drake ou Goku, e uma panicat chega, lambe o seu braço e… bem, péssima, péssima linha de raciocínio, desrespeitosa também. Perdoe-me, por favor, delfonauta. Se fosse com um homem talvez fosse diferente.

Com mulheres, não tem desculpas e isso realmente é uma falta de respeito absurda, acontecimento muito ofensivo e que marcou os noticiários da Comic-Con mais do que qualquer outra coisa, gerou abaixo-assinado contra o programa, nota de repúdio da organização e proibição da participação do Pânico nas próximas edições. Segunda maior decepção dos nerds de 2015, com certeza.

1 – Star Wars VII: O Despertar da Força é pior que o Episódio I

Ah, J. J. Abrams. Eu acreditei em você.

Até aqui, esta lista foi um pouco forçada porque as decepções foram mais relacionadas a anúncios, trailers e bastidores do entretenimento. 2015 teve realmente muitos lançamentos bons, sejam de games, na música, na TV, no cinema. Star Wars VII: O Despertar da Força foi a única produção que não sobreviveu ao hype.

Sei que todo mundo está falando bem de O Despertar da Força, mas é quase consenso também de que o filme é praticamente um remake do episódio IV, o que, em minha opinião, foi a direção errada a ser seguida.

Está bem claro no episódio VII que J. J. Abrams e a Disney entendem profundamente a estrutura de Uma Nova Esperança. Curiosamente, isso acabou se tornando o grande defeito desse filme.

O longa é lento e tem referências exageradas à trilogia clássica, o que o torna um exercício complicado de metalinguagem, com muitas pontas desnecessárias (aquele alienígena e os escudos é um bom exemplo). A forma como os personagens antigos são reintroduzidos é muito forçada também, especialmente para Han Solo e Chewbacca.

Se eu começar a discutir os spoilers, então, poderia me estender por muito mais tempo. Para resumir por que o episódio VII é problemático, basta dizer que ao trazerem elementos idênticos e recontarem, basicamente, a mesma história do original, o episódio VII diminuiu a força da trilogia clássica. E isso não poderia acontecer.

Por entender tão bem os elementos de Star Wars, a Disney esqueceu do mais importante, o que realmente fez a trilogia clássica ser especial. Assistimos a algo que já conhecemos, familiar, o que vai contra tudo o que os primeiros filmes fizeram de verdade: elevar a imaginação com um mundo fantástico e desconhecido.

O episódio VII é só um remake do IV para as novas gerações, mas com as cotas racial e de gênero preenchidas. Com mais explosões. Com uma Estrela da Morte ainda maior (de novo). Nunca pensei em dizer isso, mas, George Lucas, sinto sua falta.

É isso aí, delfonauta, estes foram os piores acontecimentos do entretenimento de 2015. No mundo real, claro, foi muito pior, mas o DELFOS se reserva o direito de discutir o que realmente traumatizou as pessoas em 2015. Que 2016, então, seja melhor!