The Council vem caminhando a passos largos para se tornar minha história interativa preferida. Com uma fórmula diferente da que vemos nos títulos da Telltale, inserindo elementos de RPG que o tornam mais um jogo e menos um filme, seu maior trunfo, no entanto, é sua história intrigante.
Eu tenho um forte fraco por conspirações, tretagem política e eventos históricos. The Council consegue combinar tudo isso de forma redonda, em uma história interessante que, como o próprio jogo diz, “provavelmente é uma ficção”.
DEMOCRACIA É O FUTURO
Neste terceiro episódio, finalmente chega a hora da tão esperada conferência, que foi capaz de reunir tantas figuras ilustres e históricas em um único lugar.
Além da conferência, é aqui também que o mistério envolvendo a mãe do protagonista Louis começa a ser revelado. Sem exagero, The Council vinha sendo construído para estes dois momentos, e ambos estão neste episódio. Desnecessário dizer que temos aqui o capítulo mais forte desta história até o momento.
Se o episódio anterior decepcionou o Yohan por ser mais focado em puzzles e menos na narrativa, este conserta isso com força. Os confrontos, as excelentes boss battles únicas e tão características de The Council, que tinham quase sumido na segunda parte, estão de volta em quantidade e qualidade considerável.
Para mim, o terceiro episódio já começou com um confronto e teve vários outros durante toda sua duração. Claro, aqui temos uma história que realmente parece se adaptar às suas escolhas (minha aventura está bem diferente da do Yohan, por exemplo), então talvez o seu não comece assim. Porém, teve tantos confrontos para mim que imagino que isso seja comum neste episódio para todo mundo.
E A PARTE ADVENTURE LUCASARTS?
Ela também está presente, mas com o foco na história, acabou assumindo o banco traseiro. Há apenas um puzzle em todo o episódio, que é justamente a última coisa que você fará nele. É, porém, um desafio absurdamente complexo, envolvendo detalhes de passagens bíblicas que nem todos conhecem. É tão elaborado que eu fiquei sinceramente surpreso de ter sido capaz de resolvê-lo.
Tem também um momento bastante clichê que eu até agora não descobri se foi uma inclusão irônica ou realmente algo sério. Trata-se daquela velha cena do sósia em que o protagonista tem que descobrir quem é o real. Foi algo tão absurdo que me tirou gargalhadas, e não sei se esta era a intenção.
Falando em absurdo, as sementinhas paranormais que estavam espalhadas pela história começam a dar frutos aqui. O que antes era algo do tipo “para bom entendedor”, agora é falado com todas as letras. Em geral eu gosto mais de ficção sem fantasmas e coisas do tipo, mas ainda é cedo para dizer se este aspecto sobrenatural vai levar a história de The Council para caminhos bacanas. Considerando a qualidade do trabalho até o momento, eu quero acreditar.
AINDA FALTA CUIDADOS TÉCNICOS
Este é talvez o principal problema de The Council, e algo que o vem prejudicando desde o primeiro episódio. Ele tem muitos problemas técnicos. Nesta terceira parte, ele não chegou a dar um game-breaking bug como no primeiro, mas pequenos problemas abundam em toda sua direção.
São coisas como personagens que não mexem a boca quando falam, soltam duas ou mais frases ao mesmo tempo ou, então, no que é mais difícil de entender, parecem ter inalado hélio, pois as vozes saem com aquele timbre de Mickey Mouse.
É o tipo de coisa que até dá para relevar, mas chega a incomodar, especialmente em um jogo tão narrativo. É impossível não rir quando uma fala que deveria ser séria sai com aquele timbre zoado de quem inalou hélio. E considerando que já faz quatro meses desde que o primeiro episódio saiu, convenhamos que deu tempo para que a Cyanide Studio consertasse estes problemas.
THE COUNCIL
No final das contas, no entanto, ainda considero que o que temos aqui é um jogaço. Uma história interativa com elementos suficientes para ser também um jogo, mas ainda acessível o suficiente para agradar mesmo pessoas que não estão tão habituadas a games mais hardcore.
E o principal, a história, continua boa e intrigante. Em muitos aspectos, ela lembra os melhores momentos de Assassin’s Creed, e eu estou sinceramente animado e curioso para o que vem por aí nos dois episódios restantes. Difícil vai ser esperar dois meses até o próximo.