Chegamos àquele momento tão esperado por mim todos os anos: a hora de publicar nossa análise Call of Duty Vanguard. Como sempre, contracultura. Como sempre, um jogo diferente de absolutamente todos os jogos de alto orçamento lançados pela indústria no ano. Mas verdade, essa minha opinião se aplica unicamente à campanha.

CALL OF DUTY VANGUARD É TRÊS JOGOS EM UM

Call of Duty Vanguard tem três modos de jogo tão absurdamente diferentes que eu acho difícil que a mesma pessoa goste dos três, ou mesmo de dois. O multiplayer e o zombies trazem tudo que está errado nos games de 2021. O primeiro é um live service cheio de microtransações, incentivos para jogar todo dia e temporadas projetadas para criar FOMO em quem ficar um tempo sem logar.

Já Zombies é um coop shooter com armas cheias de estatísticas, habilidades em cooldown, hordas de inimigos e objetivos pouco inspirados. Ah, e cheio de microtransações e objetivos que estão lá para gerar FOMO.

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O modo zumbis.

E daí tem a campanha. Ah, meu amigo, aí é outra história. A campanha não traz nenhuma dessas baboseiras. Nada de monetização e FOMO. É apenas uma aventura de ação linear e cinematográfica, que visa entreter o jogador ao máximo sem desperdiçar seu tempo. Não tem absolutamente nenhuma baboseira na campanha, nem mesmo colecionáveis. Eu acho tão curioso que Call of Duty poderia ser dividido em três, e vendido separadamente.

Mas talvez ele seja vendido apenas no pacote completo porque a monetização predatória do multiplayer e do zombies seja o que permita pagar uma campanha com qualidade de first party da Sony. E qualidade de first party da Sony ela tem, meu amigo. É por isso que já há alguns anos eu venho praticamente ignorando todo o resto que vem junto com Call of Duty e focando exclusivamente na campanha. Ela é a única parte desses jogos que merece meu tempo e atenção, mas pelo tridente de Poseidon, como ela merece minha atenção!

ANÁLISE CALL OF DUTY VANGUARD: CAMPANHA PODEROSA

Não acho que eu já tenha jogado uma campanha de Call of Duty que tenha considerado fraca. Muitas vezes o lado político e o revisionismo histórico me incomodam, mas o gameplay e o level design são de ótimos para perfeitos. Um exemplo é que o reboot de Modern Warfare talvez seja o mais egrégio em seu desrespeito histórico, mas é também minha campanha preferida.

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Call of Duty Vanguard traz de volta a temática Segunda Guerra Mundial tão cara à franquia, e que não aparecia desde Call of Duty WWII de 2017. A temática é batida e não traz nada de novo. Sem dúvida a Guerra Fria do jogo do ano passado era bem mais interessante. E daí entra o mais curioso: apesar disso, Call of Duty Vanguard tem a história da série que eu mais gostei, além de ter excelentes e variadas campanhas, com a maior diversificação de ação cinematográfica desde Uncharted 4. Do que falaremos primeiro? Bem, joguei uma moeda de dois lados iguais aqui, e o destino decidiu: primeiro vem a história.

A VANGUARDA DA HISTÓRIA

Eu gosto das campanhas de Call of Duty, mas em geral não dou muita atenção à história em si. Elas simplesmente não me atraem tanto. Porém, Call of Duty Vanguard opta por uma narrativa que se encaixa muito bem em games, e que costuma ser muito bem utilizada pela Naughty Dog: história simples, personagens complexos.

Você começa o jogo como parte de uma equipe de elite em uma missão secreta. A fase em questão é em um trem (o que sempre é legal) em meio a uma noite chuvosa. Ou seja, é um tremendo impacto visual. Porém, a missão termina em falha, com toda a equipe capturada pelos nazistas.

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Nazista: “Pena que eu não tenho um taco chamado Lucille.”

Todos são presos e torturados pelo “ator famoso do ano”, Dominic Monaghan, o Charlie de Lost e o Merry de O Senhor dos Anéis.

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Aqui mostrado em sua melhor performance de You All Everybody.

Conforme acompanhamos a “interrogação aumentada” do nosso colega Hobbit, o grosso do jogo acontece em flashback. Cada um desses trechos mostra momentos vitais da vida dos membros da equipe, atos heróicos que os levaram a ser escolhidos para uma missão de tamanha importância.

Então ao invés de contar uma história rocambolesca cheia de reviravoltas e traições, Call Of Duty Vanguard é quase episódico. É uma antologia de pequenas histórias independentes que se encontram no season finale. E isso contribuiu deveras para manter minha atenção alta e eu realmente me interessar por esses personagens. Afinal, cada pedaço da história tinha um final satisfatório, que eu podia alcançar em uma partida.

E daí vem o prato principal.

ANÁLISE CALL OF DUTY VANGUARD E A AÇÃO

Call of Duty Vanguard tem, para mim, a melhor campanha da série desde Modern Warfare. O visual é sempre absurdo de tão bom, a ação é crocante e gostosa, e as situações na qual você se encontra são sempre surpreendentes e cheias de adrenalina.

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É possível olhar para algumas cenas e achar que é um filme.

A coisa já começa forte na fase do trem que abre o jogo. Mas a impressão que tive é que ela fica cada vez melhor. Eu terminava uma fase pensando comigo mesmo “certamente a próxima não será melhor que essa”. Mas era! E não me chame de Shirley (eu e minhas referências que ninguém entende. Ou você entendeu?).

Claro, o jogo não vai em um crescimento constante, se tornando melhor a cada nova fase. Isso seria impossível. Mas é tudo muito bem pensado e executado com maestria, a ponto de que a campanha simplesmente não tem fase ruim. Seus pontos preferidos provavelmente serão diferentes dos meus, mas se você gosta do gênero, a diversão é garantida o tempo todo.

Uma novidade de gameplay é que cada personagem tem uma habilidade específica. Não é nada muito marcante, mas Polina, minha preferida, escala paredes como Nathan Drake e se esgueira por lugares pequenos, podendo pegar os nazistas de surpresa. É bem divertido.

ANÁLISE CALL OF DUTY VANGUARD RESPEITA MEU TEMPO

Especialmente em 2021, em que a tendência dos jogos de alto orçamento é supermonetizar, aumentar o grinding e gerar perda de tempo (e Call of Duty é culpado disso também, só que não na campanha), chega a ser estranho jogar um jogo que me divertiu O TEMPO TODO. Não teve nenhum chefe pentelho, nenhum checkpoint que tive que ficar repetindo muito depois de encher o saco ou objetivo que não fosse prazeroso de fazer. Cada segundo que passei com a campanha de Call of Duty Vanguard foi extremamente satisfatório.

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É difícil passar para palavras o quanto isso vale para mim e meu tempo limitado para jogar. Por exemplo, The Last of Us Part 2 talvez seja um dos melhores jogos já feitos. Mas mesmo ele te obriga a engolir aquela parte pentelha em mundo aberto logo no início da campanha. Mesmo que você odeie aquilo, é obrigado a passar por ali para poder prosseguir. E posso dizer o mesmo de outros jogos fantásticos, como God of WarUncharted Lost Legacy.

Mesmo jogos que são feitos para serem lineares e guiados insistem atualmente em colocar partes abertas pentelhas. Isso sem falar quando aumentam a dificuldade sem dar opções para forçar repetição. Basta lembrar que Call of Duty já foi o protótipo de FPS, mas hoje em dia caso você queira um jogo de tirinho, precisa se contentar com um daqueles de limpar o mapa, como Far Cry 6. E estes são jogos que exigem um investimento de tempo altíssimo com pouco retorno, uma vez que seus objetivos são, às vezes literalmente, copy and paste.

A CONTRACULTURA

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Não é assim que se morre, seu soldado!

E aí voltamos àquela tecla que eu sempre bato nas minhas análises sobre Call of Duty. A campanha desses jogos, hoje em dia, é única. Nenhum outro jogo de ação fora da série fornece esse tipo de diversão com alto respeito pelo tempo do jogador, em que absolutamente cada segundo da campanha deveria estar lá, e se torna melhor por sua presença.

E é por isso que todo ano eu sento com um sorriso no rosto quando vou iniciar a campanha de um Call of Duty. Você pode acusar a série, com razão, de fazer o mesmo tipo de campanha que faziam 10 anos atrás. Porém, a questão é que ninguém mais faz isso hoje em dia, e é um gênero que faz MUITA falta nos jogos de alto orçamento.

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Nem sempre Call of Duty alcança os ápices máximos da série, mas apesar da minha própria baixa expectativa graças à temática batida de Call of Duty Vanguard, posso dizer com felicidade que a campanha que temos aqui fica ombro a ombro com as melhores de toda a série. E, como faço todo ano, sacrifico meus bodes para que outros jogos sejam criados com a qualidade e estilo das campanhas de Call of Duty.

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