Muito tempo atrás, na época de outrora, antes de Sonic, o mascote da Sega era o Alex Kidd, uma criatura que, graças aos gráficos da época, ninguém sabia se era um menino ou um macaco. Alex Kidd in Miracle World foi o primeiro jogo do moleque símio e um dos primeiros grandes sucessos do Master System. Ontem, o jogo em questão chegou às lojas com um remake. E portanto, esta é nossa análise Alex Kidd in Miracle World DX.

ANÁLISE ALEX KIDD IN MIRACLE WORLD DX

Antes de mais nada, vale mostrar o tremendo trabalho de recriação que a turma da Jankenteam fez no jogo. Você pode até criticar o novo estilo de arte. Admito que eu mesmo não gostei tanto do novo visual. Mas não dá para acusar os caras de preguiça ou falta de capricho. Eles aumentaram absurdamente a quantidade de detalhes e efeitos na tela a todo momento. Como exemplo, esta é a famosíssima primeira tela do jogo, como era no Master System.

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E isso é o que você vai ver ao iniciar Alex Kidd in Miracle World DX.

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Como um dos primeiros jogos do Master System, Alex Kidd in Miracle World era bem primário. A maior parte das fases tinha simplesmente um fundo azul chapado. Nesta versão DX, cada capítulo da aventura é totalmente diferente do outro. Mais uma comparação? Esta é a tela do segredo de games mais famoso entre as crianças dos anos 80.

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Para quem não sabe o segredo: soque o braço do polvo até ele sumir e entre no pote.

E aqui, claro, sua versão 2021.

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Uma coisa muito legal em Alex Kidd in Miracle World DX é que você pode alternar entre o visual do Master System e o DX a um simples toque do R2. Isso é algo que eu acho que todo remake deveria ter, é uma pena que seja tão raro. A alteração não é instantânea, mas é rápida o suficiente para você querer fazê-la sempre que entra em uma nova fase ou encontra um chefe.

MAIS UMA?

E falando em chefes, aqui está uma comparação de um dos chefes, o que mostra também como os desenvolvedores deram ao jogo um novo estilo de arte, diferente do original.

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No Master System.
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No PS4.

Bem diferente, não? E não é só que refizeram os desenhos, mas mexeram na animação e tornaram todo o visual muito mais complexo e moderno.

ANÁLISE ALEX KIDD IN MIRACLE WORLD DX: GAMEPLAY

Porém, no gameplay, foram muito fiéis ao original. O level design é o mesmo e a jogabilidade é irritantemente old-school. É muito difícil controlar os pulos de Alex, e alguns dos desafios exigem uma precisão arrebatadora. Veja, por exemplo, esta tela, que quase me fez desistir do jogo.

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Eu sinceramente não consigo acreditar que passei disso quando era criança com apenas três vidas.

Curiosamente, os textos de divulgação de Alex Kidd in Miracle World DX dizem que ele traz novos conteúdos. Porém, eu sinceramente não consigo dizer o que é novo, mesmo tendo jogado o original dezenas de vezes no Master. Você pode alterar para os gráficos originais a qualquer momento da campanha, então ou estava tudo lá antes, ou os devs criaram uma versão retro para o novo conteúdo.

VIVA A TRAPAÇA!

Uma coisa que eu sei que é nova é que é possível ativar um “cheat” de vidas infinitas. Porém, ele impede que alguns troféus sejam destravados. O jogo não deixa claro exatamente o que o jogador perde ao ativar a trapaça, e eu fiz um tremendo esforço para jogar com as vidas limitadas (perder todas volta do começo da fase). Só liguei as vidas infinitas no último castelo, que é ridiculamente mais difícil do que o resto do jogo.

Devo dizer que fazer isso deixou o restante dele bem mais aprazível, pois voltar a toda hora ao começo da fase estava ficando muito cansativo. Quanto aos troféus, o jogo me deu o troféu de vencer o último chefe, mas não o de terminar a campanha, o que me faz deduzir que este é o único preço para jogar com vidas infinitas. Aliás, se quiser, confira abaixo um vídeo da minha batalha com Janken, o chefe final.

JAN-KEN-PON!

Todo o resto que eu me lembrava de Alex Kidd in Miracle World está aqui. Inclusive coisas que não deveriam estar. A mais pentelha são os blocos com interrogação. Quebrá-los às vezes dá upgrades ou vidas. Mas às vezes aparece um mago que te perseque até te matar, a não ser que consiga tirá-lo da tela em poucos segundos.

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As fases de veículos ainda são as mais legais da campanha.

O mais chato é que isso não é fixo, mas aleatório. Não tem pontos de interrogação que sempre dão vida ou sempre dão morte. Vai de sorte. E isso é um saco. Outra coisa que vai de sorte são os chefes, que envolvem um melhor de três no eterno jogo de pedra, papel e tesoura.

PEDRA, PAPEL E TESOURA

Cada chefe sempre faz as mesmas jogadas na mesma ordem. Então se você sabe de cabeça, vencer é fácil. Porém, se está jogando pela primeira vez, vai amargar derrotas e empates que parecem muito injustos. Curiosamente, há um upgrade que permite “ler pensamentos”. Na minha memória, uma vez que você o coletava, era permanente. Porém, na minha campanha só serviu para o chefe da fase onde eu peguei o item, e sumiu do inventário depois. Talvez minha memória esteja me traindo e eu esteja pensando no jogo de Mega Drive.

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A única batalha em que eu consegui ler os pensamentos do chefe.

Na segunda vez que você encontra os “comandantes”, além do jan-ken-pon, tem uma batalha propriamente dita. E, se não estiver jogando com vidas infinitas, perder as três vidas envolve voltar do início da fase, ter que vencer a partida de novo, e só então poder tentar a batalha de novo. Mas sabe o mais curioso? O jan-ken-pon original tinha Alex dançando uma dancinha super simpática, mas nesse remake ele não dança, apenas se movimenta da mesma forma que o faz sempre que você larga o controle.

ANÁLISE ALEX KIDD IN MIRACLE WORLD DX E O GOSTINHO DE INFÂNCIA

Alex Kidd in Miracle World talvez seja um jogo que viveria melhor apenas nas nossas memórias. Ele é muito velho, e muito primário. Na época, quando eu tinha seis anos, ele me parecia super complexo, com itens e segredos. E ele ainda tem isso. Mas o principal é que seu level design não é muito bom. Ele não dá absolutamente nenhum espaço para erro e há um monte de mortes totalmente injustas.

Por exemplo, o ataque padrão, o soco do Alex, sempre pareceu curto demais. Isso foi mexido em todos jogos do personagem que vieram posteriormente. Aqui parecia batata que seria mexido também, mas mantiveram a mesma distância. Como encostar em qualquer inimigo mata imediatamente, atacar qualquer meliante é mais perigoso do que simplesmente desviar dele.

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Eu fiz essa fase dúzias de vezes. Quando combinei comigo mesmo que seria minha última tentativa e ativaria vidas infinitas, consegui passar.

O PREÇO DA NOSTALGIA

O jogo também é um tanto caro demais para o que apresenta. Ele custa cerca de 100 reais nos consoles. Nos PCs, está saindo por volta de 60, uma quantia bem mais justa para o que ele é. A campanha pode ser completada em cerca de uma hora (é um jogo de Master System, afinal de contas). Depois de vencer, tem um boss rush e um modo clássico, que diz ser uma recriação do jogo original.

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O modo clássico roda assim.

Eu não fui longe o suficiente no modo clássico para ver as diferenças do modo padrão, além do óbvio (rodar em janela, usar itens através de menus, etc). Porém, me parece que se o padrão realmente tiver fases novas, a diferença é que elas não estarão no modo clássico.

Acredito que a campanha seria bem mais proveitosa para qualquer pessoa hoje se tivesse vidas infinitas por padrão. Como o jogo trava conquistas caso você ative o cheat, várias pessoas, como eu, vão se esforçar em jogar com apenas três vidas, e assim sabotar sua experiência. Então não caia nessa. Se for jogar Alex Kidd in Miracle World DX, ative vidas infinitas desde o começo e seja feliz.

Quanto a mim, eu gostava mais do jogo quando ele estava apenas na minha memória. Pelo menos sempre terei o Alex Kidd in Shinobi World, que era meu preferido na infância e dificilmente ganhará um remake.