Alan Moore quer experimentar com quadrinhos digitais

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Se tem uma coisa com que todo mundo que curte quadrinhos tem de concordar é que Alan Moore é um verdadeiro artista. Enquanto Frank Miller parece determinado em destruir qualquer respeito que nós já tivemos por ele, e Neil Gaiman volta sua atenção para a literatura pura, praticamente esquecendo os quadrinhos, sempre poderemos contar com Moore. Tá certo que ele é louco, mas a genialidade tem seu preço.

De qualquer forma, quando Alan Moore fala, você ouve. E desta vez ele falou sobre quadrinhos digitais em uma entrevista ao The Guardian.

Além de apresentar seu novo volume de A Liga Extraordinária, desta vez com a psicodelia dos anos 60, ele falou coisas bem interessantes sobre seus próximos projetos:

Acredito que a maneira que as editoras de quadrinhos estão produzindo quadrinhos online são os velhos quadrinhos colocados na rede e disponíveis para visualização. E eu não acho que esta seja a maneira de fazer isso, porque a narrativa dos quadrinhos é totalmente fundamentada nas tecnologias de imprensa de 1930. Nós temos seis painéis por página em média porque essa era a melhor maneira de colocar os quadrinhos em um periódico com mais ou menos 32 páginas. Foi isso que moldou a própria linguagem dos quadrinhos. O fato de que você tem de virar páginas. E você pode sincronizar isso de forma que o virar de uma página traz uma grande revelação. Uma que você não gostaria que seu leitor tivesse avistado na página 24 porque a página anterior é a 23. E coisas mais sutis que poderiam ter afetado a maneira que uma história em quadrinhos é contada. Então, o que eu quero dizer é que eu não acho que estes dispositivos estejam perto de atingir seu potencial, mas eles têm algumas possibilidades interessantes. Mas antes de pensar em colocar algo como A Liga neste formato, eu gostaria de pensar muito e em detalhes sobre as possíveis vantagens deste novo meio e as maneiras pelas quais teria de adaptar a minha narrativa para obter o melhor deste formato. É semelhante a quando os quadrinhos eram uma coisa de 24 páginas que você desenhava em pedaços de papel. Eu sempre tentei descobrir do que a mídia era capaz e explorá-la o máximo possível. Como disse, eu andei pensando nisso. As pessoas não deveriam se surpreender se ouvissem que eu estou trabalhando nessa área“.

Quadrinhos digitais por Allan fuckin’ Moore? Podem cobrar até um fígado que eu estou dentro!