Vou admitir uma coisa: esse gênero de fantasia medieval, com cavaleiros, magia e dragões nunca figurou entre meus prediletos. Bem longe disso, na verdade. Porém, de vez em quando surge uma exceção que cai em minhas graças. A série As Crônicas de Gelo e Fogo é uma delas.
Assisti à primeira temporada de Game of Thrones mais para conferir qual o motivo de tanto falatório e também porque não tinha mais nada para ver. E chapei. Tanto que fui atrás dos livros. E se já tinha gostado dos dois primeiros, essa terceira parte conseguiu superar todas as minhas expectativas mais otimistas. Até aqui (no momento em que escrevo esta resenha, ainda não li os romances posteriores), A Tormenta de Espadas é o melhor livro da saga.
“Surpresa” é a palavra que melhor define este romance, pois ele está cheio delas. E, como toda boa surpresa que se preze, elas acontecem do nada, no momento em que você menos espera, pegando-o completamente desprevenido. Impossível não soltar vários WTF?! durante toda a leitura.
A história principal não sofre grandes mudanças do livro anterior para este. Westeros ainda está tomada pela guerra entre os vários pretendentes a rei que pipocaram desde o primeiro tomo. Do outro lado do mar, Daenerys Targarien continua reunindo seu exército para cruzar o oceano e enfim reclamar seu reino de direito. E a eficácia da Muralha para repelir ataques do que há para além dela enfim será testada com mais uma grande batalha.
Se esta breve sinopse pode passar a impressão de que a trama não progride, fique seguro de que se trata de uma impressão errônea. Muitas coisas acontecem nas quase 900 páginas do volume e numa velocidade muito maior que a de seus predecessores. A história aqui dá passadas largas e te deixa sempre com aquela vontade de querer ler mais quando chega a hora de interromper a leitura. E, como eu já disse antes, há as surpresas. São abundantes, e a maioria delas causa grandes reviravoltas na trama.
Uma sensação que sempre me percorre quando leio um livro da série e que se intensificou ainda mais neste aqui é que essas crônicas ainda vão acabar por W.O. Quando chegar o final desta longa história, simplesmente não terá sobrado ninguém para reclamar o trono de ferro.
A estrutura narrativa e as qualidades de George R. R. Martin como escritor já foram comentadas e analisadas nas resenhas anteriores, e continuam valendo também para este livro.
Contudo, se eu disse que no livro anterior Tyrion Lannister era o grande personagem, aqui ele perde algum espaço, embora continue tendo seus grandes momentos. Mas eu diria que em A Tormenta de Espadas, são outros dois personagens que roubam a cena e merecem o destaque.
O primeiro é justamente o irmão de Tyrion, Jaime Lannister. Pela primeira vez, sua personalidade é bem desenvolvida e suas motivações explicadas. Se antes ele era apenas um idiota pomposo e com excesso de autoconfiança, aqui você não só vai entender porque ele age assim, como vai gostar dele e se pegar torcendo por ele em vários momentos.
O outro é Jon Snow, que passa a dominar as atenções já mais para a segunda metade e aqui finalmente prova que merece o título de Cavaleiro Jedi… Quer dizer, de Irmão Juramentado da Patrulha da Noite em mais uma virada na trama que parecia improvável num primeiro momento, mas que acaba por fazer todo sentido.
Este é o livro mais emocionante e surpreendente da série (até aqui, pelo menos), levando a história para caminhos inusitados e abrindo novas possibilidades para os próximos. Sem dúvida, quando a saga acabar, será um dos volumes lembrados com mais carinho pelos fãs, se não o mais. E será merecido, afinal, sua qualidade é incontestável.
NÃO DEIXE DE LER TAMBÉM:
– A Guerra dos Tronos: As Crônicas de Gelo e Fogo – Livro Um
– A Fúria dos Reis: As Crônicas de Gelo e Fogo – Livro Dois