A Perseguição

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O amigo delfonauta com certeza sabe o que é survival horror: aquele gênero de games tradicionalmente associado a Resident Evil, no qual o jogador tem que administrar muito bem seus recursos para sobreviver. Eu nunca vi esse gênero ser usado para definir algo de qualquer outra mídia, mas não tem jeito, A Perseguição é um survival horror.

Liam Neeson e sua turminha do barulho estão em um avião que cai no meio do nada. Eu disse nada? Na verdade o troço cai é bem no meio do território dos lobos. E é um lugar hostil, e não apenas por causa dos canis lupus ali presentes. São montanhas geladas, ricas em neve e pobres em quaisquer outros recursos. Agora Liam e sua patota vão ter que agir com estratégia para não serem comidos pelos lobos ou destruídos pela própria força da natureza. É ou não é um survival horror? Lembra até o recente jogo I Am Alive!

A Perseguição faz parte de um gênero bastante representado no cinema, e que já rendeu muitas coisas boas, como o tremendão Abismo do Medo e o extremamente tenso (apesar do título nacional tosco) Pânico na Neve. Ou seja, são filmes em que a própria localidade já é bastante hostil e, para piorar, nossos amigos sobreviventes ainda têm que lidar com a fauna local, que não está a fim de fazer amizade.

Ao contrário dos exemplos acima, no entanto, este é um bocado mais lento e menos tenso. Isso se deve às próprias opções do diretor, que filma quase tudo em planos escuros e desfocados, deixando bem difícil de entender o que está rolando nos melhores momentos.

Além disso, os lobos praticamente não são mostrados e, quando são, é de forma cartunesca, como olhinhos brilhando no escuro. Ou então segue pelo caminho oposto, mostrando um lobo enorme e que mais parece um monstro do que um lobo. Da mesma forma, isso também não deixa o filme mais assustador, pois apenas tira o expectador da realidade. Afinal, eles estão fugindo de uma alcateia de lobos protegendo seu território ou de lobos mutantes alienígenas assassinos que vieram à Terra para escravizar os homens e estuprar nossas mulheres? Ambos podem render um filme legal, mas você precisa escolher qual caminho seguir antes de começar a filmar, não dá para ficar no meio termo.

Apesar da indecisão e da falta de punho firme do diretor, temos aqui alguns bons momentos. A parte em que eles cruzam o abismo, por exemplo, é deveras emocionante, e a cena do soco inglês improvisado é desde já a coisa mais macha de 2012.

Eu estava bastante ansioso para este filme, pois adoro o gênero (mais até no cinema do que nos games). Infelizmente, ele não está à altura de obras como Abismo do Medo. Não é ruim e pode valer o ingresso para quem se interessar pelo tema, mas tem coisas mais legais por aí.